Revolução digital: da Saúde 4.0 à Saúde 5.0

A nova era da Saúde Digital deixa de ser encarada como uma inovação disruptiva de algumas healthtechs para ser uma necessidade cada vez mais real e urgente

Revolução digital: da Saúde 4.0 à Saúde 5.0

Nem bem nos acostumamos com a Saúde 4.0 — na qual a digitalização dos processos ampliou o acesso, facilitou a gestão e garantiu maior personalização do atendimento — e já estamos caminhando rumo à Saúde 5.0, onde o aumento da conectividade, o uso de sensores para coletar dados individualizados e as tecnologias de alta capacidade de processamento de dados vão, finalmente, permitir uma Saúde Digital individualizada, tecnológica e, acredite, ainda mais humana 

A evolução da qualidade assistencial oferecida é o ponto-chave dessa mudança de mentalidade que estamos vivendo, explica Ana Cláudia Soares,  gestora em saúde digital na Secretaria de Saúde de São José da Tapera (AL) : “A Saúde 5.0 traz mais segurança durante o atendimento, seja no tratamento de doença ou na promoção de saúde, graças a uma mudança de foco importante no desenvolvimento de tecnologias: agora ela passa a ser centrada no paciente e não mais na doença.”  

Na Saúde 4.0, o desenvolvimento tecnológico está voltado para o diagnóstico e o tratamento de determinadas doenças, sempre em busca de maior robustez, praticidade, agilidade e segurança. Só que a chegada da Saúde 5.0 faz com que a tecnologia evolua para estar centralizada no atendimento ao paciente, inclusive acompanhando seus passos a partir de wearables devices que monitoram e captam seus dados. “Por isso, no mercado da Saúde há diversos softwares sendo desenvolvidos para sistematizar, ou seja, captar, reunir e analisar, todos os dados de Saúde obtidos durante a jornada do paciente. E é essa tecnologia que proporcionará uma conectividade entre as diferentes instituições de Saúde, para que as informações possam ser compartilhadas tanto com os profissionais de Saúde relevantes ao tratamento, quanto com o próprio paciente”, descreve Ana Cláudia.  

“Talvez o principal ganho da Saúde 5.0 é que estamos dando de volta ao paciente o poder de participar da tomada de decisão sobre o seu processo de saúde e doença. E ele fará isso a partir do entendimento de seus próprios dados de Saúde, que agora estão disponíveis para ele”, Ana Cláudia Soares,  gestora em saúde digital 

Só que a Saúde Digital vai além de promover a conectividade de dados e compartilhar informações relevantes entre profissionais de Saúde e pacientes. Ela também ajuda até na acessibilidade dos serviços oferecidos. “A telemedicina e a telessaúde são exemplos disso por serem ferramentas muito utilizadas durante a pandemia. Agora, na Saúde 5.0, vão permanecer garantindo mais acesso à Saúde em áreas remotas e afastadas de grandes centros”, enfatiza a especialista.  

Outro efeito prático do uso dessas tecnologias é trazer mais segurança aos pacientes no uso de processos, ferramentas e dispositivos para resultados de exames e armazenamento de dados, além de programas para trazer mais atenção primária aos pacientes. “Um exemplo é a categoria de Enfermagem realizando atendimento remoto para o acompanhamento de sinais e sintomas que possam determinar o agravo de condições crônicas em certos pacientes”, exemplifica Ana Cláudia.  

Um novo momento de mercado 

Para Ana Cláudia Soares, a Saúde Digital, especialmente a Saúde 5.0, chega em um momento em que o modelo de mercado de Saúde estava prestes a colapsar por conta de conflitos em sua sustentabilidade econômico-financeira: “Essas instituições necessitavam de ferramentas e informações para uma tomada de decisão assertiva, que trouxesse qualidade e segurança assistencial, mas que pudesse gerar também redução de custos. E foi isso o que a tecnologia trouxe.” 

Claro que a nova adequação exige investimento financeiro e na capacitação profissional, além de revisão de certos processos e reestruturação. “Uma boa saída para quem quer começar a adotar a Saúde 5.0 é avaliar quem são os benchmarks do setor para se inspirar, além de buscar conhecer mais sobre as tecnologias disponíveis no mercado e o que elas proporcionam para a cultura tecnológica da sua própria empresa”, recomenda a gestora. Afinal, toda inovação não se limita apenas à tecnologia: é preciso que as pessoas estejam engajadas e capacitadas a usá-las cada vez mais.  

 

 

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