Saúde digital: O caminho para a saúde do futuro
Sempre que a tecnologia for vista como um meio para a prestação do melhor cuidado ao paciente, estaremos mais próximos de oferecer uma assistência de mais qualidade e segurança para todos
Por Alceu Alves, vice-presidente da MV
Durante os mais de 40 anos em que atuei diretamente na gestão hospitalar, somados aos cinco anos em que estou na vice-presidência da MV, meu foco maior sempre esteve no uso que podemos fazer de toda essa inovação que é criada (quase) diariamente.
Sei que a tecnologia é por vezes glamorosa e atrativa com suas soluções inéditas. Mas é importante que a gente não deixe que ela ganhe um destaque excessivo porque, repito, ela não é o mais importante. O uso que fazemos dela é que é.
É por isso que, em vez de uma solução específica, devemos falar cada vez mais sobre a Saúde Digital. Porque é dessa forma que as instituições de Saúde vão conseguir de fato encontrar respostas tecnológicas que resultarão em ações mais concretas, inovadoras e competitivas na prestação de uma assistência de qualidade à sociedade e tendo em mente a preocupação de um desempenho econômico eficiente.
“A Saúde Digital não é um fim, mas um meio para beneficiar a Saúde como um todo, em sua gestão, qualidade e rapidez da assistência”
Evidentemente que a tecnologia de ponta é benéfica aos profissionais de Saúde e às instituições que dela se utilizam e, por isso, merece ser exibida. Mas seu maior trunfo não é este e, sim, o ganho de tempo, e tempo em saúde é vida, que ela proporciona a todos os envolvidos no cuidado, justamente por estabelecer processos mais seguros, priorizando o uso de recursos da melhor forma possível - até mesmo dos recursos humanos.
Processos mais ágeis logo se transformam em uma jornada de mais qualidade ao paciente, feita no tempo certo, de forma correta e com toda a segurança necessária. Sem esse ganho, eu digo que não há sentido em adquirir novas tecnologias.
Já do ponto de vista da gestão hospitalar administrativa, o potencial da tecnologia é ainda maior na redução de desperdícios.Vou dar um exemplo claro de como isso já é possível. Com o maior controle da jornada do paciente, o tempo de internação pode ser reduzido, já que todos os processos podem ser mais rápidos ( exames, consultorias, serviços assistenciais, coordenação dos cuidados, etc. ) e ainda teremos um índice de desperdício menor. Na continuidade o acompanhamento após a alta pode ser mais preciso com a telemedicina. E isso é bom para todos.
Isso sem contar no aumento da eficiência do ciclo da receita. Hoje, um hospital que atende 100 convênios com operadoras precisa lidar com sistemas diferentes, tabelas diferentes, regras comerciais diferentes e prazos múltiplos para poder receber pelos serviços prestados. Não tem como isso ser feito de forma manual. Embora as mazelas das contas hospitalares ainda permaneçam, é inegável que a tecnologia ajudou a melhorar também essa área e vai auxiliar muito mais no futuro.
“Empresas de tecnologia que oferecem soluções à Saúde precisam se preocupar mais com o processo de educação de quem faz uso de toda essa novidade ofertada. Sem o aprendizado para o uso da ferramenta, há tecnologia mas não há inovação”.
Aos poucos, a área médico-assistencial vai integrando o mundo da tecnologia e fazendo (bom) uso de soluções que antes pareciam tão distantes da Saúde, como a impressão 3D, a inteligência artificial, a realidade virtual e aumentada, a telemedicina e a genômica e seus efeitos precisam estar alinhados com a melhoria na prestação de cuidados ao paciente - o objetivo maior de toda essa cadeia de Saúde.
E para quem ainda pensa que a tecnologia vai “roubar” seu posto de trabalho, mando um alerta. As máquinas e a robótica irão emponderar todos os profissionais dispostos a aprender e usar as novas soluções e nunca o contrário. Com o tempo e o nível de segurança que estão atingindo, é certo que o paradigma logo se altere e o próprio paciente passe a não confiar daqueles profissionais que se recusarem a usar mais tecnologia para o seu cuidado.
O futuro que requer uma maior confiança na atenção à Saúde é o mesmo que chamará as organizações para o uso ostensivo da tecnologia, conectando ecossistemas fisicamente distintos em um mesmo ambiente digital de cuidado para que os recursos disponíveis sejam melhor usados.
Nós estamos só começando esse processo e, durante o MEF 2022, vamos discutir ainda mais a fundo suas inúmeras possibilidades. Ouso dizer que a Saúde que conhecemos hoje vai se modificar enormemente nos próximos anos e podemos até mesmo questionar processos que antes eram tão largamente usados e conhecidos por nós - como a prevenção e a recuperação dos pacientes cada vez mais próxima das suas casas. Quem sabe?
Nós já vivemos isso antes, em outros tempos e com outros progressos em mente, e cá estamos, discutindo a Saúde Digital. E por já ter passado por isso, posso dizer sem medo que quanto mais tecnologia tivermos, mais humanos seremos. E quanto mais humanos formos, mais tecnologia usaremos. Esse é o círculo virtuoso que a Saúde merece. Agora e sempre.
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