Como ampliar a eficiência e reduzir custos nas redes de atenção à Saúde

Gestão profissional de instituições é a chave para promover a transformação da Saúde Pública, adotando novas metodologias e tecnologias para levar a assistência universal ao futuro

Como ampliar a eficiência e reduzir custos nas redes de atenção à Saúde

A proposta do Sistema Único de Saúde (SUS), quando criado em 1988, era garantir e solidificar a  premissa de que "A saúde é direito de todos e dever do Estado". Com mais de 30 anos de existência, o modelo funciona atualmente em redes de atenção à Saúde, sendo a única alternativa da maior parte da população brasileira (75%). 

As redes de atenção do SUS já nascem com foco em manter a saúde dos cidadãos, e não somente em tratá-los quando já estão doentes — caso em que, consequentemente, tende-se a precisar de procedimentos mais caros, como exames e cirurgias. Contudo, é evidente a complexidade necessária para lidar com uma infraestrutura suficiente para atender uma população que já passa de 200 milhões de pessoas, e que envelhece rapidamente.

Em 2050, a expectativa de vida nos países em desenvolvimento, como o Brasil, será de 82 anos para homens e 86 para mulheres. Nesse cenário, o sistema público enfrenta inúmeros desafios. Conheça alguns: 

  • Fila de espera: Segundo pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e realizada pelo DataFolha em 2018, a demora é considerada o maior gargalo das redes do SUS para 82% dos entrevistados que buscam consulta, para 80% dos que precisam de um exame de imagem e para 79% dos que aguardam cirurgia. Ainda, estima-se que o sistema único tenha 900 mil cirurgias em fila de espera.
  • Remuneração: A tabela de procedimentos do SUS está defasada cerca de 15 anos. A falta de atualização nos valores prejudica o caixa das instituições públicas, impedindo investimentos em pontos fundamentais, como infraestrutura. A baixa remuneração dos profissionais também acaba gerando descontentamento e criando mais uma barreira para um atendimento de qualidade. 
  • Sucateamento: A complexidade das licitações e a falta de recursos para investimento em inovações dificulta a modernização. As licitações são importantes para proteger o dinheiro público, porém, tornam-se um entrave por ser, na maioria das vezes, extremamente burocráticas; 
  • Integração: Falta de comunicação integrada e compartilhamento de dados efetivo e em tempo real entre a atenção primária e as de média e alta complexidades gera ineficiências graves. A ausência de processos definidos contribui diretamente para esse cenário. Uma causa direta é a baixa informatização das instituições de Saúde, que dificulta a atuação em rede no SUS; 
  • Gestão: A falta de profissionalização nas instituições impacta diretamente na assistência porque não há definição e acompanhamento dos processos, tampouco estratégias para alcançar a eficiência e reduzir os custos. 

 

Caminho da eficiência

O trajeto para superar esses e outros desafios das redes de atenção à Saúde passa pela adoção de metodologias e tecnologias que promovam eficiência tanto na parte operacional quanto na assistencial, reduzindo custos e otimizando a qualidade dos serviços. A transformação digital traz mudanças significativas.

Para hospitais, o surgimento de tecnologias que auxiliam no cuidado é uma revolução. A criação do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) foi apenas o primeiro passo, abrindo espaço para a inserção de outras tecnologias no setor público, como o Registro Eletrônico de Saúde (RES), por exemplo. 

Mas essas tecnologias precisam ser precedidas por medidas de profissionalização da gestão. Uma metodologia inovadora no setor de Saúde que pode ser aplicada nas instituições públicas é a Lean, importada da indústria e institui o uso de nada além do que os recursos necessários para a realização de um determinado trabalho, etapa ou processo, evitando desperdícios.

O levantamento de gastos desnecessários é essencial para uma gestão eficiente, e o modelo auxilia nesse enxugamento e otimização dos custos. Na metodologia, o gestor faz um balanço e identifica todos os processos que podem ser enxugados e funcionar de maneira mais simples e assertiva, diminuindo custos operacionais e também de insumos, se for o caso

Ter um planejamento estratégico que antecipe possíveis percalços também é um método eficiente de gestão, além da adoção de indicadores de desempenho e a  busca por uma integração das redes de atenção à Saúde. 

Em um cenário onde a TI evolui exponencialmente, é possível imaginar situações como um médico recebendo informações de seus pacientes em tempo real e sendo avisado caso haja alguma alteração. Ou, ainda, a possibilidade de traçar um panorama de longo prazo para manter a população saudável — e isso tudo é possível se combinarmos, por exemplo, os wearables, ou dispositivos vestíveis, com big data e BI. 

A partir daí é possível vislumbrar um futuro onde a Saúde Pública será, de fato, universal, integrada e equitária, com o cidadão como foco principal do sistema. 

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