Gestão em Saúde na pandemia: os possíveis efeitos (e como se preparar) para uma terceira onda

Mesmo com o avanço da vacinação, a ômicron trouxe um salto inesperado de aumento dos casos e isso se refletiu na falta de testes e de profissionais. Mas dá para se planejar para esse período

Gestão em Saúde na pandemia: os possíveis efeitos (e como se preparar) para uma terceira onda

A despeito de todo otimismo vivenciado no fim de 2021 graças ao avanço da vacinação contra a Covid-19, 2022 começou com um aumento exponencial nos casos da doença, motivado pela variante ômicron. Além disso, a epidemia de Influenza voltou a ganhar força. Como resultado, milhares de pacientes impactaram novamente o sistema de Saúde como um todo.   

“Historicamente, a gestão em Saúde sempre trabalhou com uma margem de segurança para o volume de atendimentos na urgência e na emergência, afinal trata-se de um serviço essencial à vida. Mas a Covid-19 trouxe cenários e demandas nunca antes imaginados e uma elasticidade que a cadeia de suprimentos não deu conta de abastecer no tempo e na medida ideais”, enfatiza Chrystina Barros, membro do Grupo Técnico de Enfrentamento à Covid-19 da UFRJ.   

Como resultado imediato, a gestão precisou revisar padrões e analisar a inclusão de novos fornecedores, adotando as novas tecnologias essenciais desse período de pandemia, como a própria telemedicina. Isso foi verdade tanto na Saúde Pública quanto privada, já que ambas se alimentam da mesma cadeia de insumos e de pessoas. 

“Também foi preciso se reinventar para dar conta do alto volume de diagnóstico que se apresentou. Algumas capitais, como o Rio de Janeiro, montaram redes de testagem em shoppings e espaços públicos, além dos postos de Saúde, para atender a demanda. Mesmo assim, houve momentos em que foi preciso racionalizar os kits diagnósticos", conta Chrystina.   

Considerando a nova escalada de caso de Covid-19 e seus potenciais efeitos na Saúde, a especialista preparou uma lista do que é preciso considerar para garantir a sustentabilidade da gestão e da assistência: 

 

1. Controle de leitos e da internação hospitalar 

Embora a variante ômicron seja mais contagiosa que as cepas anteriores, ela provoca bem menos casos graves e óbitos entre pessoas já vacinadas. A gestão da Saúde pode, portanto, organizar os leitos disponíveis conforme a demanda se apresenta. Uma alta necessidade agora é também retomar o tratamento de patologias não atendidas durante a pandemia, como diabetes e hipertensão, bem como a agenda de procedimentos eletivos.

 

2. Gestão da equipe médica e profissionais contaminados

Médicos, enfermeiros e outros profissionais multidisciplinares também se infectaram mais com a ômicron e com a variante H3N2, tanto na saúde pública como na privada. Para suprir a demanda das escalas, tem sido cada vez mais importante trabalhar uma boa gestão de escalas, principalmente com o uso da tecnologia.

 

3. Aumento da demanda por testes

Em determinadas cidades houve até mesmo racionalização de testes diagnósticos, que chegaram a ser reservados apenas para pacientes em estados mais graves. Para evitar que isso se repita, é preciso trabalhar para que a gestão do estoque de medicamentos, insumos e materiais seja mais eficiente, com indicadores que possam alertar para o tempo correto de compra e a quantidade ideal, a partir do aumento dos atendimentos.

 

4. Não-vacinados como maioria dos pacientes graves 

A gestão em Saúde precisa ter acesso a esse tipo de informação e ter o histórico médico de cada paciente para estudar e adaptar a oferta de leitos disponíveis. Um dos grandes desafios nesse sentido são as redes de comunicação, tanto em sua infraestrutura quanto na maneira como os dados são registrados nos sistemas, para haver uma padronização na coleta, no registro e na troca das informações. Claro, sempre considerando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

 

5. Promover a saúde ao invés de cuidar da doença 

O principal mote para a gestão durante a pandemia 2022 é trabalhar em resolutividade e acesso. Com mais pessoas recebendo atenção primária em Saúde, dá para tratar as pessoas de maneira menos invasiva e menos onerosa, evitando que haja complicações que demandem serviços secundários e terciários de especialidade, sendo muito mais caros.

 

6. Impacto da vacinação

Ainda nesse aspecto da promoção da saúde e da adoção de programas preventivos, a imunização é fundamental, pois atua também na porta de entrada do sistema, ao evitar que pessoas adoeçam e consumam outros tipos de serviço e de internação.

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