Gestão da Saúde Pública: conheça Votuporanga, a primeira cidade brasileira 100% conectada

Como o município do interior de São Paulo tem reduzido desperdícios e aumentando a escala de atendimentos a partir da implantação de um sistema único de gestão de saúde pública

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A Saúde Digital já é uma realidade para a gestão da Saúde Pública no Brasil e a cidade de Votuporanga, no interior de São Paulo, é o mais recente exemplo de como é possível adotar a tecnologia para ampliar o acesso ao Sistema SUS de forma mais humanizada, evitando filas e esperas desnecessárias aos pacientes.

O case de Votuporanga, que foi apresentado durante o MV Experience Forum 2022, é o primeiro a adotar duas soluções importantes para a integração dos dados pela gestão da Saúde Pública: o Global Health e o Personal Health. E juntas, elas oferecem aos cidadãos e profissionais de Saúde toda a informação necessária para um cuidado médico seguro e de qualidade em qualquer unidade de Saúde do município.

Por que Votuporanga?

“O projeto Global Health teve início em 2021, a partir da criação  e da padronização de um protocolo de comunicação que já vinha sendo usado na Unimed de Belo Horizonte”, explica Emerson Zarour, diretor de inovação da MV. A ideia era permitir que todo paciente atendido no sistema de Saúde pública da cidade tivesse acesso aos dados, na palma da mão, continua Zarour: “E, para isso, foi preciso criar uma nova padronização de visualização dos sistemas, com uma nova interface que fosse de conhecimento de qualquer médico, independentemente do local onde ele estivesse atendendo, seja na Santa Casa ou no AME.”

 A escolha da cidade para um projeto como esse foi igualmente importante. Votuporanga tem 96 mil habitantes e pertence a uma regional de Saúde formada por 17 municípios próximos a São José do Rio Preto que, juntos, atendem cerca de 200 mil pessoas. Tem sido, portanto, um projeto robusto e desafiador planejar a transição da gestão para a Saúde Digital. “A cidade possui uma atenção primária já bem consolidada, embora a gente permaneça buscando mais acesso e oportunidades”, diz Ivonete Félix do Nascimento, secretária de Saúde do município, contando que são 22 equipes de Estratégia de Saúde de Família já atuantes, com outras dez sendo registradas, além de três equipes no formato de Atenção Primária. Além disso, a cidade possui uma unidade do Samu, uma UPA, um Centro de Especialidade Odontológica (CEO), um Serviço de Atenção às doenças Infectocontagiosas (SAI), dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), um ambulatório de saúde mental e um banco de leite humano. E tudo agora está conectado em um único sistema de gestão da saúde pública.

A tecnologia na prática

Em Votuporanga, qualquer profissional de Saúde que acessar o prontuário de um paciente, entrará no mesmo sistema. E nessa folha de rosto única do PEP, tem sido possível incluir dados relevantes ao histórico de Saúde, como as características físicas do paciente, suas comorbidades, uma lista de medicamentos que estão em uso, bem como alergias e sinais vitais. A ideia é que tanto o paciente quanto o médico possam acompanhar de perto qualquer progressão.

 “Qualquer que seja a unidade de Saúde que o paciente consultar em Votuporanga, ele terá acesso a seus dados médicos atualizados”

Emerson Zarour, diretor de inovação da MV

Mas, além de todos esses novos inputs no sistema, outro desafio foi necessário à tecnologia: trazer todo o legado dos últimos anos para ser consultado no sistema atual. “Com isso, chegamos a marca de 2,6 milhões de documentos clínicos; 1,6 milhão de exames homologados em sistema, além de 211 mil usuários únicos do Personal Health, reunindo informações que certamente vão se refletir em maior acesso”, explica Zarour.

O Personal Health, aliás, é o aplicativo que todo morador da cidade pode baixar para ter acesso a seu histórico e certamente é  o maior benefício de um projeto como este: “Nele, dá para acompanhar graficamente os exames laboratoriais, além do histórico de consultas”, conta Zarour.

 

Com tanta informação útil acessível, a cidade já pode até pensar em criar linhas de cuidado a pacientes e distribuir mensagens através do aplicativo, facilitando a comunicação com o cidadão e trabalhando em seu comportamento de saúde. “Dessa forma, o tratamento não se encerra quando o paciente cruza a porta de entrada do hospital, ele continua”, comemora Zarour.

Histórias de quem usa

Para o Dr. Roberto Biazi, diretor da Santa Casa de Votuporanga, o pioneirismo na iniciativa de ter um sistema de gestão de saúde pública 100% integrado é motivo de orgulho e garante a oportunidade de já praticar aquilo que se vislumbra como a Saúde do futuro: uma assistência apoiada em evidências e dados. “A Santa Casa é um hospital filantrópico e que utiliza recursos do SUS. Saber que já estamos praticando uma Saúde Digital nos faz imaginar em todos os resultados em desfechos clínicos que vamos poder oferecer a população”, diz Biazi. 

Já Daniel Martinez, gerente de TI da Santa Casa, conta que a falta de interoperabilidade entre os sistemas na instituição fez com que não pudesse precisar a conclusão do projeto, no início: “O desafio de conectar sistemas distintos era gigante e hoje estamos com o projeto concluído e com os aplicativos disponíveis aos cidadãos na Apple Store e na PlayStore. Quem baixar, verá todos os dados de Saúde em um único local”, comemora.

Embora o acesso facilitado aos dados seja um ganho imensurável, é preciso ter em mente que o risco de vazamento dos dados existe, e medidas protetivas precisam ser tomadas a contento, especialmente pela LGPD e sua classificação de dados sensíveis. “Nesse sentido, o Global Health oferece  uma segurança à privacidade pois está hospedado em um data center onde os dados são criptografados”, conta o gerente de TI. Além disso, o município adotou um programa de compliance à proteção de dados baseado nas ISOs da família 27.000 e todos os cidadãos assinaram consentimentos para o uso da informação.

 

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