Patologia digital: sinônimo de precisão em sistema para laboratório
A tecnologia pode, além de otimizar a rotina de fluxo de exames, facilitar a produção do médico patologista, com a garantia de mais segurança em tempo real. Saiba como isso já é uma realidade
Acompanhando o avanço da Saúde Digital, alguns centros diagnósticos brasileiros já começam a adotar a chamada patologia digital, uma nova especialidade da medicina diagnóstica que, a partir da digitalização das imagens dos estudos, propõe o melhor uso da tecnologia para ampliar e expandir o acesso a esse tipo de especialidade para um número maior de pacientes.
E isso é bastante importante, já que ainda é pequeno o número de médicos patologistas no País: dos 500 mil profissionais listados na Demografia Médica no Brasil 2020, apenas 1.597 são especialistas em patologia clínica e medicina laboratorial, um universo de apenas 0,32% do total de médicos no Brasil.
“Idealmente, nós deveríamos ter entre quatro e cinco patologistas para cada cem mil habitantes. Só que mesmo nas áreas mais densamente povoadas de patologistas, como as regiões Sul e Sudeste, esse número chega apenas a 1,8 ou 1,9 especialista/100 mil habitantes”, compara Cristovam Scapulatempo Neto, diretor do Comitê de Anatomia Patológica da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), deixando claro que o maior ganho da patologia digital é, justamente, o de otimizar a produção do patologista com o uso de um sistema para laboratório.
Três vantagens da patologia digital para a rotina do centro diagnóstico:
Implementação de especialidades dentro da anatomia patológica
Uma vez que o patologista não precisa mais estar fisicamente presente no laboratório, é possível definir cada profissional por sua especialidade para enviar demandas específicas, mesmo que sejam de diferentes lugares.
“Isso ajuda o médico patologista a ter volume para trabalhar na sua área de interesse e, assim, ficar cada vez melhor naquilo que faz, ganhando expertise e reduzindo seu tempo de redação de laudo, aumentando a produtividade final”, resume Scapulatempo Neto.
Já a instituição pode, até mesmo, reavaliar seu modelo de negócio, contratando profissionais ultraespecializados para laudar.
Troca de experiências facilitada — e em tempo real
A tecnologia do sistema para laboratório também permite que o médico consulte um colega em qualquer lugar do mundo e em tempo real, para que, juntos, possam observar a lâmina e assinar o laudo.
“Na patologia digital não será difícil ter um laudo assinado por dois profissionais que morem em cidades, e até em estados, diferentes, com a certeza de que os dois analisaram o mesmo caso e, muitas vezes, ao mesmo tempo”, afirma o médico.
Uso de algoritmos de inteligência artificial
Novamente, devido à falta de profissionais, é preciso otimizar cada vez mais o trabalho do patologista e, hoje, já existem algoritmos de inteligência artificial que ajudam o profissional, sem o risco de substituí-los em sua profissão.
“A inteligência artificial pode, por exemplo, separar os casos positivos dos negativos para que apenas os achados positivos sejam direcionados ao especialista”, comenta Scapulatempo Neto.
Outro bom uso dessa tecnologia é para o controle de qualidade: ao invés de ter dois médicos para assinar casos positivos, é possível usar a IA para tal função. Só que para tudo isso funcionar bem na Saúde Digital, algumas regras precisam ser sempre seguidas, lembra o diretor da Abramed:
“E a primeira delas é que sempre exista a presença de um médico patologista dentro do laboratório de patologia, porque é fundamental que exista um responsável técnico no local onde as lâminas são confeccionadas e escaneadas para supervisionar a qualidade de toda a cadeia de produção local.”
Tal medida deixa claro que a patologia digital não substitui por completo a necessidade da presença do médico em momentos-chave do fluxo de laudos, mas apenas otimiza a rotina para uma maior eficiência.
“Hoje, esse profissional está ‘saindo’ do microscópio para usar cada vez mais um computador e a maioria não quer voltar ao que era antes pela facilidade, praticidade e pelo conforto que a tecnologia trouxe”, resume Scapulatempo Neto.