Gestão hospitalar: as melhores práticas dos COOs na logística interna

O tempo de resposta nos cuidados com a infraestrutura da Saúde é tratado, hoje, como uma vantagem competitiva entre as instituições. E tal desempenho está a cargo da gestão de logística

Gestão hospitalar: as melhores práticas dos COOs na logística interna

A gestão de logística interna é um dos pontos mais estratégicos e sensíveis para a gestão hospitalar, uma vez que afeta, diretamente, todas as áreas de uma instituição de saúde. Uma boa administração nesse quesito pode garantir a alta qualidade no serviço prestado, impactando desde a assistência e a experiência do paciente, até a segurança do tratamento administrado. Exatamente por isso, erros de planejamento e de distribuição costumam gerar efeitos negativos em cascata por toda a operação, enquanto, ao contrário, um trabalho bem feito, tem potencial para ser um diferencial competitivo para a instituição.

Segundo COOs de logística interna, um dos principais erros de estratégia da gestão hospitalar é considerar o gerenciamento desta operação por apenas um de seus aspectos, como a gestão da cadeia de suprimentos ou a gestão de estoque, por exemplo, quando, na verdade, a área é um verdadeiro ecossistema inserido em outro ecossistema ainda maior e, por isso, requer uma abordagem mais abrangente por parte dos gestores.

Para Emanuel Salvador Toscano, Superintendente de operações da AACD, instituições que decidem priorizar os investimentos hospitalares em apenas uma área, como a médico-assistencial, estão fadadas a logo perceber que a falta de um medicamento ou de insumos médicos impactam — e muito — o bom atendimento ao paciente:

“É por isso que a área de logística hospitalar precisa logo se empoderar e buscar seu espaço de direito dentro das organizações para que a alta governança passe a enxergar essas operações como um fim em si, e não somente um meio.”

“Somente quando a área logística se empoderar de sua importância para toda a operação hospitalar será possível pleitear por mais investimentos e tecnologia para uma completa transformação digital do hospital”. Emanuel Salvador Toscano, da AACD.

 E esse cenário está próximo de chegar. Especialmente após a pandemia, a gestão da rede de suprimentos, coordenada pelo gestor de operações, tem recebido maior destaque nas instituições, já que foi fundamental para a garantia de insumos necessários para o combate ao coronavírus. Por isso, nos últimos meses tem crescido também o investimento em soluções tecnológicas e no campo da infraestrutura para melhorar, continuamente, processos hospitalares e garantir um melhor atendimento aos pacientes.  

“No Moinhos de Vento, nós já estamos trabalhando para retirar todo o nosso excesso de estoque para abrir espaço físico para áreas produtivas. A ideia é transferir o atacado para um pólo logístico terceirizado, que está conectado remotamente ao hospital e a uma distância inferior a 10 km, e abastecer a instituição diariamente em suas necessidades. A ideia éusar nosso metro quadrado de forma mais inteligente e poder até aumentar o número de leitos”, descreve Evandro Luis Moraes, Superintendente Administrativo e de Infraestrutura do Hospital Moinhos de Vento (RS).  

 

O valor dos indicadores

Atualmente, outro tópico de grande peso para as instituições de saúde diz respeito à necessidade de permanente monitoramento, em tempo real, do desempenho operacional por meio de tecnologias já acessíveis a todas as empresas. Afinal, as decisões precisam sempre ser certeiras e cada vez mais ágeis. Caso contrário, a falta de clareza do que realmente está acontecendo pode custar a eficiência de toda a operação e a execução de uma logística que não contemple, totalmente, as necessidades das instituições.  

No hospital gaúcho Moinhos do Vento, Moraes explica que o BI é uma importante ferramenta usada na tomada de decisão em tempo real, com o respaldo de uma equipe operacional que se reúne, diariamente, às 8h da manhã para passar e revisar todos os indicadores do hospital, desde entrada na emergência, até bloco cirúrgico, giro de leitos e questões financeiras e ambientais.

“O BI na Saúde serve para ajudar a gestão hospitalar a agir com mais precisão e sempre no tempo certo”, Evandro Luis Moraes, do Hospital Moinhos de Vento (RS).

A construção e o acompanhamento de indicadores é uma peça-chave para garantir o bom desempenho logístico e a eficiência da gestão hospitalar. Guilherme Birchal Collares, Diretor de Operações do Hermes Pardini, acrescenta que é impossível melhorar algo sem medir seu desempenho. Para fazer isso, existem diversos indicadores e soluções que medem o tempo, a agilidade, a qualidade no serviço prestado e, até mesmo, os resultados financeiros para avaliar a eficiência da operação.  

Na área operacional, o mais importante é ter acesso a indicadores em tempo real, através de uma central de comando, para que, de fato, a informação possa colaborar em uma mudança na tomada de decisão” , Guilherme Birchal Collares, Diretor de Operações do Hermes Pardini.

 

As inovações e suas múltiplas possibilidades

Além da inteligência de dados, o ecossistema da logística hospitalar pode ser organizado e otimizado com o auxílio das novas tecnologias que chegam ao mercado a todo o instante, bem como, por meio de soluções que já estão estabelecidas e que podem trazer muitos benefícios às operações e aos pacientes.

Como exemplo, no próprio Hermes Pardini, o uso de novas tecnologias em prol de uma logística hospitalar cada vez mais organizada e eficiente está no centro das estratégias de gestão da companhia. A começar por sua área laboratorial, a companhia está avaliando a possibilidade de usar drones para o transporte de amostras.

“Neste projeto, temos uma empresa parceira com a qual realizamos alguns voos testes”, revela Collares.

“Já na parte de rastreabilidade e insumos, adotamos o uso de etiquetas RFID que facilitam a dispensação e o inventário. E, para a integração de sistemas, graças à interoperabilidade com uma operadora de Saúde em BH, o nosso cliente hoje pode chegar ao laboratório, passar em um totem e já será chamado para coletar a amostra”, finaliza.

*Conteúdo apurado no HIS 2022.  

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