Gestão em Saúde: como reduzir o desperdício e investir de modo mais inteligente
Num tempo de dinheiro escasso, a OMS aconselha as melhores práticas para aumentar eficiência dos serviços de Saúde antes de optar pelo corte das despesas
“Antes de cortar nas despesas em Saúde, procurem primeiro as oportunidades para aumentar a eficiência”. O conselho, que é da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi dado inicialmente em 2010, em uma tentativa de ajudar países pobres e ricos a financiar os cuidados em Saúde de maneira a melhorar o acesso a uma assistência de qualidade. Não poderia ser mais atual.
"A OMS estima que entre 20 e 40% de todas as despesas em Saúde são desperdiçadas devido à ineficiência da gestão."
Hoje, além da alta dos custos, resultado direto de fatores como o envelhecimento da população e do aumento das doenças crônicas não-transmissíveis.
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Outras variantes como o valor dos novos tratamentos e a crise socioeconômica mundial, acentuada pela pandemia de coronavírus e conflitos armados, desafiam a Gestão estratégica em saúde a fazer melhor uso dos seus recursos, seja por melhores práticas de aprovisionamento, um maior uso de produtos genéricos, incentivos certeiros aos prestadores de serviços ou mecanismos financeiros e administrativos mais fluidos.
Acompanhe agora as boas práticas preconizadas pela OMS antes e agora.
Utilize os recursos racionalmente
O conselho parece óbvio, a princípio, mas estudos conduzidos por consultorias independentes, como a PwC, calculam que, nos EUA, metade dos gastos anuais com Saúde sejam desperdiçados. Entre os fatores que impactam diretamente a capacidade de administrar bem os recursos disponíveis, a OMS lista os processos de aquisição mal-executados, o uso irracional de medicamentos, as falhas na gestão de recursos humanos e de tecnologias, além de sistemas financeiros e administrativos fragmentados.
Priorize a gestão inteligente de medicamentos
Remédios somam entre 20 a 30% das despesas globais de saúde, calcula a OMS. Os preços aplicados para as compras internacionais de medicamentos consideram cálculos medianos que invariavelmente resultam na falta de um preço justo a regiões mais carentes. Uma solução que a OMS recomenda é o uso de medicamentos genéricos, sempre que possível:
“Um estudo sobre 18 medicamentos em 17 países de rendimento médio revelou que os custos para os doentes poderiam ser reduzidos em 60%, em média, trocando as marcas originais por equivalentes genéricos com preço mais baixo”, enfatiza o relatório da organização.
Obtenha o máximo da tecnologia como aliada
A chamada tecnologia médica tem o potencial de melhorar os serviços de saúde oferecidos, desde que seja usada adequadamente, baseada em evidências científicas e em boas práticas. Mas tal premissa é verdadeira quando acompanhada de treinamento e capacitação das equipes de saúde para o uso correto de equipamentos e sistemas — do contrário, a adoção de tecnologia acumula apenas mais gastos a um sistema sobrecarregado.
Melhore a eficiência na gestão hospitalar
Os cuidados hospitalares são responsáveis por metade dos custos do sistema de saúde — chegando até em dois terços, em alguns casos. A alta duração das internações é destacada pela OMS como uma das despesas mais significativas, segundo o relatório:
“Uma revisão de mais de 300 estudos sobre produtividade da prestação de cuidados de saúde determinou que a eficiência hospitalar, em média, era cerca de 85%. Isso significa que os hospitais poderiam fazer 15% mais do que já fazem atualmente com os mesmos custos. Ou então atingir o mesmo nível de serviços reduzindo em 15% os gastos.”
Mantenha as pessoas motivadas
Profissionais de saúde são essenciais e centrais a todo o sistema, e os gastos com eles chegam a somar metade de todas as despesas. No entanto, a escassez de recursos humanos e a falta de capacitação constante podem minar a eficiência da gestão em Saúde para impactar até mesmo no desfecho clínico. Para melhorar esse desempenho, o relatório destaca a importância de remunerações adequadas e melhor adequação das competências às tarefas executadas.