4 maneiras de a gestão em Saúde usar BI durante e após a crise

Controle de insumos, identificação de fraudes, dimensionamento e demanda são algumas das formas de promover mais eficiência em organizações do setor utilizando a inteligência de dados

4 maneiras de a gestão em Saúde usar BI durante e após a crise

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A gestão em Saúde deve sempre buscar ferramentas e estratégias que tragam mais eficiência à operação do negócio, seja para o controle de qualidade dos serviços, seja para o acompanhamento e melhoria das finanças. Durante períodos de crise, essa máxima se torna ainda mais crucial.

O Business Intelligence (BI) surge nesse cenário como uma ferramenta que traz mais transparência à gestão ao consolidar as informações disponíveis sobre a instituição. Dessa forma, é possível identificar gargalos de ineficiência da operação e obter novas visões de negócios, servindo de apoio na tomada de decisão. Para Alessandra Montini, diretora do Labdata, laboratório de big data da Fundação Instituto de Administração (FIA), a ferramenta entra como a primeira fase de qualquer projeto de inteligência de negócios.

"A quantidade de informação gerada atualmente [nas organizações] é enorme. Nesse sentido, o BI é utilizado para analisar esses dados e alertar para o que está fora do padrão."

A especialista aponta quatro maneiras de a gestão em Saúde utilizar o BI durante e após um cenário de crise, como o vivenciado agora pelo setor diante da pandemia da Covid-19. Conheça:

 

 

1. Identificação de fraudes e auditoria

Segundo Alessandra, uma das principais aplicações de BI na gestão da Saúde é para identificação de fraudes, infelizmente comuns e danosas para o setor.

"Às vezes, fraudes não saltam aos olhos, porque pode ser algo pequeno. Mas, mesmo se o valor é mínimo, se o desvio for praticado repetidas vezes, o BI é capaz de identificar", explica.

Para se ter uma ideia do valor que o BI gera nesse sentido, o prejuízo ocasionado pelas fraudes na Saúde chega a R$ 14,5 bilhões anualmente, o equivalente a 2,3% do orçamento total destinado ao setor público e privado. O número é de levantamento realizado pelo Instituto Ética Saúde (IES), que reúne a indústria de produtos médico-hospitalares, hospitais, laboratórios, entidades médicas, planos de Saúde e indústria farmacêutica, com o apoio de órgãos reguladores do governo.

 

2. Demanda e segmentação

Ao utilizar o BI para segmentação, a gestão em Saúde identifica as áreas que mais necessitam de uma ação para direcionamento de demandas específicas.

"Assim, é possível alocar medicamentos, recursos, médicos onde eles são mais necessários. O BI permite olhar do macro até o micro. Posso segmentar toda a população por tipo de doença e necessidade, apontar, por exemplo, municípios com mais idosos e aumentar a demanda para um determinado tipo de atendimento", explica a especialista.

Assim, é possível direcionar melhor os investimentos como um todo, otimizando os resultados da instituição. Segundo Alessandra, também é possível realizar projeções: quantos nascimentos, mortes, casos de câncer, etc.

"Posso associar o BI ao big data e processar tudo o que está no sistema em tempo real", afirma.

 

3. Monitoramento assistencial e do backoffice

Na gestão hospitalar, especificamente, o BI pode ser aplicado de diversas formas. Alessandra destaca o dimensionamento de filas, tempo de atendimento médico e de espera, quantidade de insumos utilizados, quantas pessoas foram encaminhadas para atendimento com o clínico geral, com ortopedista, ou quantas fizeram tomografias em determinado dia, entre outros pontos cruciais para a assistência e o backoffice.

Alessandra argumenta que o BI é uma ferramenta de alerta que pode ser associada a outros elementos para tornar a gestão de Saúde ainda mais eficiente, como câmeras e inteligência artificial, por exemplo.

"A ferramenta traz resultados para praticamente todos os pontos da jornada de dados do paciente", garante.

 

4. Eficiência no atendimento

O big data, combinado com câmeras e IA, pode identificar, por exemplo, se um paciente em estado grave teve seu atendimento negligenciado.

"Se o paciente está reclamando de dor há um determinado tempo, é possível alertar o operador. Se nada for feito, ele escala a notificação para a chefia, seguido do gerente, até chegar à direção", explica Alessandra.

Combinando essas ferramentas ao BI, é possível analisar essas e outras informações, possibilitando mais assertividade na tomada de decisão também na assistência e, assim, trazendo resultados para todo o negócio.

 

Três passos para um bom projeto de BI

Para implementar um projeto que se adéque às necessidades do negócio e que traga resultados efetivos, Alessandra recomenda três itens essenciais:

 

Processos e viabilidade

É preciso se atentar, em primeiro lugar, à viabilidade da implementação. Para a especialista, é preciso dimensionar prazos para não sabotar a iniciativa.

"Se você nunca teve nada de BI na organização e precisa instalar daqui uma semana, não é um projeto viável", esclarece.

 

Envolver o negócio

O BI é feito para atender necessidades de negócio e, assim, precisa de pessoal capacitado para ajudar em sua configuração. Se o objetivo é incluir dados da área financeira, é preciso um especialista em finanças; se é de radiologia, um radiologista e assim por diante.

"É importante ter o especialista de cada área envolvido no projeto para parametrizar corretamente", salienta.

 

Contar com especialistas

A especialista indica ainda que a construção e operação do projeto deve contar com especialistas em ciências de dados. "Uma pessoa que não é da área pode até conseguir fazer um projeto, mas dificilmente irá performar bem", explica. Há, portanto, dois caminhos para a gestão em Saúde: optar pela contratação direta do profissional ou adquirir uma solução do mercado.

 

Começar onde mais precisa

Se o orçamento direcionado ao projeto de BI é limitado, a recomendação de Alessandra ao gestor de Saúde é investir para solucionar a maior dor da organização.

"Onde está o maior problema a ser resolvido? É contaminação? Mortalidade? Gastos desnecessários de materiais? Onde está a maior dor é onde precisamos trabalhar", resume.

"Endereçou o primeiro problema, segue para o próximo e vai ampliando o projeto até que todas as áreas estejam conectadas."

O segredo do sucesso, segundo Alessandra, é "começar com calma e direito", diz. Somente assim se pode garantir que o investimento é inteligente e terá o retorno esperado.

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