5 perguntas para Dario A. Ferreira Neto sobre a gestão estratégica de custos

O diretor geral do Hospital Edmundo Vasconcelos (SP) fala sobre o planejamento financeiro da instituição para evitar o descompasso entre receita e fluxo de pagamento

5 perguntas para Dario A. Ferreira Neto sobre a gestão estratégica de custos

A atual disparidade entre a data de prestação de um serviço hospitalar e o recebimento por ele desafia a eficiência da gestão financeira. Segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados - Anahp, essa espera pelo pagamento se prolonga por mais de dois meses [68,6 dias], impactando, diretamente, o fluxo de caixa da instituição e fazendo com que o gestor precise buscar novas formas de controlar suas contas.  

Para Dario A. Ferreira Neto, CEO do Hospital Edmundo Vasconcelos — HEV (SP), o desafio  da gestão financeira, contempla todas as  instituições, especialmente, as de grande porte, pois mesmo atendendo muitas Operadoras de Saúde com formatos diferentes de faturamento e resultantes em fluxos diários de recebimentos, aguardar entre 60 e 70 dias até a liquidação da fatura é prejudicial a qualquer operação, a qual terá que ser financiada para suportar o descasamento entre o Recebimento e o Pagamento.  

Nesta entrevista exclusiva, ele detalha como a instituição que dirige tem conseguido praticar uma boa gestão financeira para encontrar um melhor balanço nesse descompasso entre os prazos médios de recebimento e de pagamento. Acompanhe a seguir.  


Seja por meio do SUS ou pelas Operadoras de Saúde, o tempo de espera pelo pagamento dos serviços hospitalares prestados é bastante elevado aqui no Brasil.
Qual é o impacto dessa espera na sua experiência? 

Nós atendemos no Hospital Edmundo Vasconcelos uma quantidade razoável de Operadoras de Saúde com formatos de faturamento e fluxos de liquidação distintos e, por isso, no nosso caso é um pouco diferente das Instituições que centralizam os atendimentos em poucas Operadoras, por conta de particularidades regional e social.  Claro que, o fato de o prazo médio de pagamento das operadoras ser longo, prejudica qualquer serviço, sobretudo, em razão dos custos fixos mensais recorrentes, bem como das despesas com liquidação imediata, mas aqui, essa situação é minimizada justamente pelo fluxo constante de faturamento e de recebimento, cuja tempestividade é inferior ao indicador (PMR) da ANAHP. Para melhorar a gestão financeira, é indispensável o uso de tecnologias que auxiliam na celeridade e na produtividade acerca da apresentação das contas médico-hospitalares. Aliado a isso, é importante conciliar e aprazar os compromissos perante aos fornecedores de insumos, intitulados custos variáveis e que respondem por uma parcela significativa do custo total, de tal sorte a equiparar o fluxo de caixa.

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Essa estratégia alivia bastante o fluxo de caixa?

Sim, porque quando o fluxo de pagamento é inferior ao de recebimento, a empresa terá que ser financiada para cobrir tal descasamento e, por consequência, incorrer em custos financeiros onerosos. No nosso caso, os eventuais períodos de descasamentos do fluxo de caixa são cobertos por recursos próprios, no entanto, quando isso acontece por atraso no recebimento, deixamos de auferir receita financeira sobre o capital destinado para corrigir o fluxo de caixa.  


Caso o hospital não tivesse tantas operadoras entre as fontes pagadoras, sentiria mais esse
descompasso entre receita e fluxo de pagamento 

Certamente. Por termos uma quantia razoável de fontes pagadoras com prazos de recebimento diversos, conseguimos ter uma tempestividade de recebimento menor do que aqueles 68,6 dias que aparecem na última pesquisa da Anahp. Nosso prazo de recebimento flutua entre 40 e 45 dias. Mas, claro, esse número é uma média, considerando todas as operadoras e seguradoras que atendemos, desde aquelas com baixa representatividade no montante total do faturamento e que faz pagamentos mais rápidos, até as outras que são mais relevantes, mas que demoram mais a pagar.  

“Ao realizar diversos faturamentos ao longo do mês, para diferentes operadoras de Saúde, nós garantimos os recebimentos em períodos alternados, o que acaba compensando uma ou outra fonte pagadora que prorroga um pouco mais o efetivo pagamento”,  

Dario A. Ferreira Neto, CEO do Hospital Edmundo Vasconcelos (SP)

 

 
Qual é o descasamento efetivo entre recebimento e pagamento, ou seja, naquele que resulta na necessidade de fluxo de caixa? 

Volto a reafirmar que é preciso ter ciência de que o prazo de 60 a 70 dias para receber pelos serviços prestados é muito prejudicial a operação, razão pela qual é primordial adotar um planejamento estratégico de custos, com vista a equilibrar os efeitos decorrentes da imprevisibilidade do sistema de saúde. 


Como é a relação de pagamento com os médicos e outros profissionais da Saúde? Há, em alguns casos, adiantamento de recebíveis?
 

As equipes médicas que prestam serviços no HEV, na grande maioria, detêm credenciamento com as Operadoras de Saúde, ou seja, todos os atendimentos são faturados diretamente por elas. Há também equipes que atendem exclusivamente as unidades de Pronto Socorro, UTI, CDI, entre outras, cuja remuneração é provida pelo Hospital, bem como há equipes em que transferem o serviço de cobrança ao Hospital, mediante repasse dos honorários médicos lastreado ao faturamento produzido. Em caráter emergencial provemos pontualmente o adiantamento de recebível às equipes médicas de Pronto Socorro e de UTI, à época mais grave da pandemia “covid-19”, para aumentar o número de médicos ao combate da doença. Ainda assim, essa antecipação pontual foi feita por um curto período de seis meses, cuja devolução, sem remuneração financeira, se deu por meio da dedução dos pagamentos contratuais subsequentes.  

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