Um dia para não esquecer: a poderosa vocação do prontuário eletrônico na arte de salvar vidas
Quando o usuário desta solução entende que a informação em Saúde gera um resultado melhor para o paciente, ele percebe a diferença que ele mesmo faz na hora de preencher os dados
O meu envolvimento com prontuário eletrônico é de longa data. Estou há 23 anos no Hospital Moinhos de Vento, aqui em Porto Alegre (RS), e atuo diretamente com o sistema desde 2007. Portanto, faz tempo que venho acompanhando de perto as vidas salvas pela tecnologia.
Nos últimos cinco anos, porém, me aproximei ainda mais do prontuário eletrônico, participando da equipe que coordenou o projeto de migração para o novo PEP da MV. Foi aí, como representante da área assistencial do hospital, que eu realmente me envolvi diretamente na construção dos dados de Saúde, como uma garantidora de que o nosso prontuário tivesse todas as informações necessárias para as certificações e acreditações hospitalares.
Trabalhar neste projeto foi bastante desafiador, mas, ao mesmo tempo, nos permitiu construir uma ferramenta que vai ao encontro daquilo que é melhor para a instituição e para o usuário, seja ele o paciente, o médico ou qualquer outro profissional da equipe assistencial. Afinal, é só quando as pessoas entendem o potencial da tecnologia em gerar coisas boas para elas próprias e um resultado melhor para o paciente, que elas percebem que o prontuário eletrônico não é simplesmente um formulário que está sendo preenchido ou pedido todo dia, mas que realmente tem o potencial de fazer a diferença e ter um impacto na saúde de alguém.
“O meu envolvimento com o prontuário começou como um projeto, mas, hoje ele é bem mais do que isso, porque a verdade é que a gente nunca termina de fazer um prontuário. Desde sua implantação, sempre trabalhamos em melhorias, buscando outras formas de utilizar a ferramenta no melhor que ela pode trazer”
Em anos de uso do prontuário eletrônico, presenciei histórias que demonstram como o sistema pode apoiar os profissionais de Saúde e melhorar situações de risco hospitalar. A gente teve uma situação, há algum tempo, relacionada à prescrição de medicamentos, que quero compartilhar.
Nossa farmácia clínica dentro da instituição é que faz a validação de todas as prescrições de medicamentos, mas, é claro, há momentos de urgência em que uma prescrição mais rápida de medicamentos é necessária, e foi nesse momento, na UTI, que quase aconteceu um erro grave, que poderia ter custado a vida do paciente.
Por dificuldade no momento da digitação, o médico em questão prescreveu uma dose dez vezes maior do que imaginava. Mas, diante de uma situação como essa, ter o sistema de prontuário eletrônico possibilitou que o paciente não recebesse a dose errada, o que poderia ser fatal. Graças ao sistema, o hospital definiu as doses máximas de prescrição de medicamentos e, com isso, consegue fazer o monitoramento de forma adequada, evitando erros no hospital.
Já dá para dizer que aqui, no Moinhos de Ventos, nós construímos uma assistência melhor a partir dessa ferramenta tecnológica disponível e, hoje, temos um o prontuário eletrônico mais acessível, com a informação mais disponível, no tempo e da forma que precisamos para que, realmente, nós consigamos fazer aquilo que a gente se propõe a fazer: cuidar do paciente da melhor forma.
Tudo com a segurança de que as informações estarão disponíveis. Porque as informações do prontuário eletrônico são, na verdade, dados para o futuro. O que está sendo adicionado agora será importante para os próximos meses de cuidado e assim por diante. É por isso que eu insisto na tecla de que essa é uma construção conjunta entre paciente e usuário, para que todas essas informações inseridas no PEP sejam úteis e gerem os resultados esperados.
Aline Brenner é enfermeira responsável pela área de qualidade e segurança do paciente no Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre (RS).