O que é preciso para o open health se destacar na saúde brasileira

Regulamentação, tecnologia padronizada e uma cultura de interoperabilidade estão entre os principais desafios do open health.

O que é preciso para o open health decolar na Saúde brasileira?

Nos últimos anos, a tecnologia vem se transformado com o movimento “open”, que segue crescendo e se expandindo para diferentes setores, como por exemplo, na área de TI e mais recentemente, com maior destaque, no mercado financeiro através do "open banking" e o "open finance". 

Já na saúde, o "open health" foi criado como um projeto para que seja possível o livre compartilhamento de dados no setor entre os prestadores de serviços, sejam eles operadoras, hospitais, centros diagnósticos e outras instituições. Mas a grande pergunta que todos se fazem é: afinal, essa filosofia é mesmo capaz de conseguir trazer mais acesso para a população? 

O conceito de "open health" surgiu como uma abordagem inovadora, no entanto, para que a tecnologia realmente se destaque e ofereça seus benefícios ao sistema de saúde brasileiro, é necessário enfrentar diversos desafios e implementar estratégias que sejam eficientes. Neste artigo, vamos explorar o que é open health, os desafios da infraestrutura digital na saúde brasileira, a importância da interoperabilidade e como realizar a padronização e integração de sistemas.

 

Entenda o conceito de open health

A ideia central do open health é que a transparência e a acessibilidade dos dados de saúde possam levar a um sistema mais eficiente e colaborativo. Por exemplo, com dados de saúde facilmente disponíveis, os médicos podem tomar decisões mais informadas, evitar tratamentos redundantes e identificar tendências de saúde pública com maior rapidez. Neste modelo, os pacientes têm um papel mais ativo no gerenciamento de sua própria saúde, acessando e compartilhando suas informações com diferentes provedores conforme necessário.

Para que o open health funcione, é essencial que existam padrões e protocolos que garantam a interoperabilidade entre sistemas diferentes. Isso inclui a adoção de normas internacionais e a criação de interfaces que permitam a troca de informações de maneira fluida e segura. A segurança dos dados é um aspecto crítico, exigindo mecanismos robustos de proteção para garantir que as informações sensíveis dos pacientes sejam preservadas contra acessos não autorizados e ciberataques.

Além dos benefícios clínicos, o open health pode impulsionar a inovação no setor de saúde. Com acesso a grandes volumes de dados de saúde, pesquisadores e desenvolvedores podem criar novas tecnologias, aplicativos e tratamentos baseados em evidências sólidas. Isso não só melhora os resultados dos pacientes, mas também pode levar a uma redução de custos e à otimização dos recursos disponíveis.

 

Os principais desafios da infraestrutura digital na saúde brasileira

A infraestrutura digital é um dos pilares fundamentais para o sucesso do open health, mas no Brasil, ainda existem diversos obstáculos a serem superados. A falta de investimentos adequados em tecnologia, a desigualdade no acesso a recursos digitais entre diferentes regiões e a carência de profissionais qualificados são alguns dos principais desafios. Além disso, a segurança dos dados é uma preocupação constante, exigindo a implementação de fortes medidas de proteção contra ataques cibernéticos e vazamentos de informações sensíveis.

Para Vitor Ferreira, CIO do Hospital Moinho de Ventos (RS) e presidente da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS), o open health é mais do que apenas um projeto, “Trata-se de uma adequação contemporânea à dinâmica atual dos negócios e dos serviços, para que a nossa vida aconteça com as ferramentas digitais que já existem. No caso da saúde, a discussão deve ser sobre como fazer isso de forma assertiva nesse setor”, diz.

O open health é também uma das alavancas mais promissoras para chegar a um serviço de saúde mais sustentável do ponto de vista econômico. Só que, para funcionar como promete, é preciso que haja um investimento mais robusto em tecnologia, como lembra Marcelo Maylinch, CIO da Dasa: 

“O último relatório da FGV sobre tecnologia para hospitais privados, que analisa a relação entre budget de TI sobre a receita, aponta para uma média de 6,5% sobre o faturamento das instituições; enquanto esse número na área financeira fica em 12% e chega até a 18%. Portanto, a modernização da tecnologia é fundamental para o open health funcionar.”  

“O grande desafio do open health no Brasil é conseguir vencer o status quo estabelecido, com as soluções tecnológicas já existentes abrindo a porta para essa discussão para que seja possível a adoção de padrões inerentes ao trabalho de uma plataforma aberta”,Vitor Ferreira, presidente da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS)

Embora o open health tenha sido acelerado no contexto da Saúde Digital, a verdade é que o tema não é novo na Saúde: “Quando nos referimos ao open health estamos falando muito sobre uma jornada do paciente ”, resume Ferreira.  

 

Interoperabilidade: como realizar a padronização e integração de sistemas

Para que o open health seja viável, é crucial que os sistemas de saúde sejam interoperáveis, ou seja, que possam se comunicar e compartilhar dados de forma padronizada. A padronização dos dados de saúde e a integração de sistemas são passos essenciais para garantir que as informações possam ser acessadas e utilizadas de maneira eficaz, independentemente da plataforma ou do fornecedor.

 “Os dados na gestão da Saúde ainda são menosprezados em sua complexidade, enquanto, na verdade, a dificuldade em operar com eles é muito maior do que em outros segmentos”, afirma Ferreira.  

Para o CIO, avanços na cultura das empresas e na gestão dos dados podem oferecer ao usuário o poder de escolha que o movimento “open” prega.

Em complemento, Maylinch lembra, ainda, que antigos desafios no universo da TI tornam-se mais complexos quando o assunto é o exercício do compartilhamento de dados. “No open health, o impacto de uma vulnerabilidade na cibersegurança da rede, por exemplo, é ainda maior. Por isso, temos que educar e capacitar a todos pelo bom uso da tecnologia.” 

*Conteúdo apurado no HIS 2022 e otimizado em 2024.  




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