Como a tecnologia auxilia a organizar dados de gestão da Saúde Pública

Informações estruturadas e com acesso facilitado fazem a diferença na busca pelo melhor atendimento ao cidadão

Como a tecnologia auxilia a organizar dados de gestão da Saúde Pública

Indicadores, estatísticas epidemiológicas, referências assistenciais e de produtividade. Contar com esses e outros dados é essencial para a gestão da Saúde Pública. Sem informações precisas, confiáveis, estruturadas e ágeis, qualquer tipo de administração pode ser prejudicada.

O tratamento e a análise dos dados são necessários para realizar o planejamento de ações de prevenção e terapêuticas, bem como para definir as prioridades de investimentos em busca do melhor atendimento ao cidadão.

Sistemas informatizados visam organizar o volume de informações na Saúde Pública. O uso do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) se tornou obrigatório nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) brasileiras em 2017, mas há dificuldades para sua implantação em todo o território nacional. Entre elas se pode citar ausência de infraestrutura tecnológica, tais como equipamentos e conectividade, ou não adesão dos profissionais que trabalham diretamente com a ferramenta.

Para mudar esse cenário, a gerontóloga e fisioterapeuta Neusa Pellizzer, gerente de Promoção à Saúde da  Associação Brasileira dos Empregados em Telecomunicações (Abet), destaca que o avanço da tecnologia é fundamental — é preciso, mais que informatizar, saber como utilizar os dados obtidos por meio desses sistemas.

“O registro estruturado dos dados só pode ser obtido por meio da tecnologia, visando à elaboração de relatórios gerenciais adequados. Isso porque não basta ter o registro, é preciso organizá-los para que tragam informações de valor, com potencial para mudar a gestão da Saúde Pública.” 

Na prática, o uso de sistemas informatizados de gestão da Saúde Pública permite analisar qualquer tipo de informação digital em tempo real, fundamental para a tomada de decisões.

“Informação é poder e patrimônio. Os gestores de Saúde Pública precisam perceber isso e investir em formas de melhorar a coleta e gerenciamento de informações nas unidades de Saúde”, garante a especialista.

 

Prontuário eletrônico do SUS

Para Neusa, a implantação do prontuário eletrônico do SUS — como o PEC também é conhecido — é o primeiro passo para garantir mudanças.

“É fundamental como fonte de dados para a geração dos relatórios gerenciais, bem como para o adequado acompanhamento dos casos, mitigando desperdícios e aumentando a qualidade da assistência e eficiência do setor.” No entanto, a especialista julga ser preciso ir além da mera coleta de dados que o PEC possibilita.

“A ferramenta não pode ser vista somente como uma forma de armazenar informações, deixando o papel de lado para fazer os registros no computador. É preciso uma mudança cultural para garantir o uso desses dados para gerar valor para a gestão da Saúde Pública.”

A qualidade dos dados gerados pelos sistemas informatizados é decisiva para a gestão da saúde populacional, desde a estratificação de risco da população até a tomada de decisões e investimentos, seja em saneamento básico (diretamente ligado à Saúde Pública), prevenção, implantação de medidas terapêuticas, estruturação de unidades e equipes, entre outras.

Nesse sentido, o uso do big data, conforme Neusa, pode ser aliado na melhoria da qualidade das informações coletadas pelos gestores. A combinação volume com velocidade, variedade e veracidade dos dados, além de todo e qualquer outro aspecto que caracteriza uma solução de big data, se mostra inviável, entretanto, se o resultado não trouxer benefícios significativos e que compensem o investimento.

A especialista acredita que a tendência é evoluir o PEC conforme o avanço da tecnologia, visando se aproximar do modelo já existente na iniciativa privada, o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Enquanto a solução voltada aos cidadãos representa a eletronização de um processo que já existe, o PEP permite mais funcionalidades, como inserir recursos personalizados na coleta de dados durante a consulta médica, prescrição e visualização de exames, histórico de atendimentos nos demais serviços de Saúde (hospital, centros especializados etc.) e encaminhamentos para outras especialidades destacando inclusive o grau de urgência daquela solicitação.

Com informações de qualidade disponíveis para a tomada de decisões, a gestão da Saúde Pública tem mais chance de encontrar o equilíbrio entre a disponibilidade de recursos e a qualidade do atendimento ao cidadão.

 

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