Gestão da Saúde Pública: passo a passo para usar tecnologias de monitoramento epidemiológico

De acompanhamento de indicadores a mapeamento de enfermidades e alertas, tecnologia é essencial à gestão, ganhando ainda mais destaque em tempos de pandemia

Gestão da Saúde Pública: passo a passo para usar tecnologias de monitoramento epidemiológico

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O monitoramento epidemiológico é essencial para a gestão da Saúde Pública no que tange a evolução de doenças infectocontagiosas. Seja para prevenir ou imunizar e, especialmente, para rastrear a evolução e o agravo de enfermidades, esse acompanhamento se faz necessário sendo potencializado com a utilização da tecnologia.

De acordo com Thiago Uchôa, gerente comercial de produto da MV, a tecnologia é facilitadora desse monitoramento em diversas frentes, auxiliando não apenas quando a doença já está evoluída e atingindo uma parcela significativa da população, mas também logo nos primeiros sinais.

"Muitas vezes, se inicia o processo de atendimento com foco na prevenção", salienta.

"A tecnologia possibilita não apenas registrar os passos do atendimento, como também enviar informações relevantes — não apenas o CID, mas todos os dados que correspondem ao paciente."

Uchôa explica que em todas as frentes da gestão da Saúde Pública, é possível endereçar pontos de interesse para análise. O executivo cita como um dos primeiros itens abraçados pelo adoção da tecnologia a definição de padrões de eficiência — ponto especialmente relevante em casos mais graves como pandemias, tal como a mais recente causada em 2020 pelo coronavírus.

 "No caso da Covid-19, por exemplo, é possível disponibilizar uma página que reúne indicadores dentro do próprio sistema de gestão da Saúde Pública. Esse modelo pode ser replicado para outras enfermidades que necessitam de monitoramento epidemiológico", exemplifica Uchôa.

Ela fala também que o acompanhamento de grupos de risco, como idosos, diabéticos e hipertensos (importante indicador no caso do coronavírus) — é otimizado com o uso de ferramentas direcionadas para tal finalidade. Nesse sentido, a tecnologia deve prover campos para que a equipe de Saúde registre esses dados de relevância no sistema.

"Dessa forma, é possível ter um olhar especial dentro desse mapeamento e implementar, assim que possível, políticas estratégicas diferenciadas para esses grupos", diz.

Além de acompanhamento de indicadores, a configuração de alertas entra no ranking de possibilidades, permitindo, por exemplo, identificar o nível de ocupação de leitos ou áreas geográficas com maior incidência de casos de uma determinada patologia. Assim, a gestão da Saúde Pública pode tomar as providências necessárias para aquele momento específico, analisando a situação de uma forma mais holística, dando insumos para que as ações tomadas sejam melhor embasadas e mais assertivas.

 

Tratamento a distância

A telemedicina está há anos sendo debatida no âmbito da Saúde, encontrando entraves para ser amplamente utilizada, especialmente no que diz respeito à teleconsulta. Com o coronavírus e a obrigatoriedade do distanciamento social, a tecnologia ganhou uma força de aplicação sem precedentes e, nesse sentido, a tecnologia contribui para o monitoramento da doença, controle e melhor acompanhamento do paciente.

 "Existe o que chamamos de teleorientação, por meio da qual é possível que o próprio paciente preencha algumas perguntas pré-estabelecidas. Essa análise inicial permite que o sistema remeta uma indicação no caso de ele ser um paciente que precisa buscar ajuda no serviço de Saúde", explica Uchôa.

O executivo explica que esse tipo de sistema, além do preenchimento inicial de sintomas feito pelo próprio paciente, pode ser configurado para indicar os próximos passos e refinar a análise de forma automática — como no caso de apontar se os sintomas se mantém por um determinado período ou se o paciente em questão teve contato com um terceiro com suspeita da doença.

"Dependendo das respostas, o próprio sistema pode indicar ao paciente o atendimento no serviço de Saúde ou até abrir um atendimento que o leva para uma fila virtual, criando uma conexão com um médico que pode realizar uma teleconsulta.”

Todas essas informações, da identificação dos sintomas ao prosseguimento da assistência, tratamento indicado e quaisquer outros desdobramentos podem ser adicionados ao prontuário eletrônico, dando prosseguimento ao monitoramento mesmo que a distância.

"Independentemente de onde esteja o cidadão, a tecnologia pode prestar serviço sem ter necessidade de contato direto. Para monitoramentos em caso de isolamento social, é possível, ainda, avaliar a evolução ou regressão do quadro clínico do paciente que já está em isolamento domiciliar", aponta Uchôa.

 

Pilares fundamentais

Toda tecnologia adotada pela gestão da Saúde Pública com foco no monitoramento epidemiológico precisa estar atrelada a dois pilares-chave para o sucesso de seu funcionamento, mudança na cultura e treinamento. No primeiro ponto, Uchôa salienta que a mudança cultural é o primeiro entrave, especialmente em instituições mais tradicionais.

"Nos deparamos, por exemplo, com instituições que não fazem uso de tecnologia e se mantém reféns daquilo que conseguiram definir por meio de fluxos e processos", conta.

Ele também exemplifica com quadros onde o cruzamento de informações é feito por meio de grupos em aplicativos de troca de mensagens, além de planilhas — cenários comuns em diversos municípios brasileiros. O treinamento de profissionais envolvidos no processo também é de extrema importância, como salienta o especialista da MV. Dessa forma, pode-se padronizar informações e assegurar o preenchimento adequado de registros, o que permite extrair indicadores e relatórios correspondentes por meio do sistema.

“Caso contrário, não se consegue a estatística e, consequentemente, não se alcança o monitoramento adequado", destaca Uchôa.

Em cenários como o imposto pela Covid-19, por exemplo, há a possibilidade, inclusive, de se realizar treinamentos a distância. Por fim, é preciso garantir também que haja infraestrutura adequada para a implantação da tecnologia em si. Essa é uma exigência que precisa ser considerada pela instituição que irá adotar sistemas de monitoramento, assegurando que todos os envolvidos tenham os equipamentos necessários para o atendimento adequado, como computador, internet e tablets. Além disso, no caso da gestão Pública da Saúde, há também questões administrativas a serem consideradas.

"É preciso ter vontade política do gestor e capacidade financeira, encontrando meios de driblar o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS)”, garante o especialista

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