Como e por que integrar sistemas de imagens médicas
Integração com prontuário eletrônico facilita acesso aos exames e auxilia em um diagnóstico mais rápido para um tratamento mais eficaz
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Quando se popularizaram, por volta dos anos 2000, os sistemas de imagens médicas eram, em geral, independentes entre si. Muitos vinham inseridos em equipamentos de coleta das imagens, tornando a integração a outras tecnologias um grande desafio pela diversidade de leituras e formatos de arquivos. Ao longo do tempo, eles evoluíram para modelos mais complexos, que envolvem também o arquivamento e compartilhamento das imagens. Hoje o sistema PACS (Picture Archiving and Communication System) é cada vez mais comum nos ambientes que envolvem serviços de radiologia em geral, tanto nos centros de medicina diagnóstica quanto em clínicas e hospitais.
Fernando Arruda, professor e coordenador adjunto do curso de medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), explica que os exames de medicina diagnóstica são divididos em três fases:
- Pré-analítico: Realiza o cadastro do cliente, registra quem solicitou o exame e inclui dados pessoais como endereço, cartão de Saúde, entre outros;
- Execução/Analítico: Realiza a coleta da imagem e registra no sistema, deixando-a apta para a elaboração do laudo;
- Pós-analítico: Elabora o laudo e faz o compartilhamento do exame em rede ou em nuvem.
Segundo o especialista, a integração visa manter essas três etapas dentro da mesma plataforma, facilitando o dia a dia dos profissionais.
"A melhor forma de integração é um sistema que torna essa operação de cadastrar a pessoa, executar o serviço, laudar e compartilhar unificada, permitindo, inclusive, que os dados gerados sejam interligados a outras tecnologias presentes na organização."
Além do fator interoperabilidade, os processos operacionais devem estar bem claros para que a integração seja bem sucedida. Para o professor, processos isolados ocasionam uma espécie de isolamento tecnológico na instituição.
"É preciso olhar para a organização como um todo, e não para o serviço. A radiologia sempre trabalhou com tecnologia, era comum que esse serviço tivesse sistemas instalados e articulados, mas desintegrados do restante da instituição, já que a implementação foi feita olhando o serviço e não a instituição."
Arruda detalha o passo a passo para uma implantação e integração bem feita dos sistemas de imagens médicas:
- 1° passo: Definir a meta da integração no planejamento estratégico da organização para não acontecer em formato de ilha, ou seja, somente um setor se informatize e fique isolado dos demais.
- 2° passo: Clareza do parque tecnológico da instituição. O compartilhamento das imagens depende de um meio de transmissão adequado, seja via cabo, fibra ou nuvem. As máquinas que podem acessá-las também dependem de certas configurações, que precisam estar definidas e em pleno funcionamento, já que esses sistemas usam alta densidade de dados;
- 3° passo: Após analisar o que já existe, a instituição deve avaliar o que ainda precisa para promover a integração. A escolha do software tem que considerar o que já existe na instituição, tanto em termos de processos quanto de tecnologias. Além de integrar os sistemas de imagens médicas entre si, é preciso uma interface com o prontuário eletrônico da instituição, a fim de otimizar o apoio ao diagnóstico. Esse modelo só é possível se ele também conversa com os sistemas de gestão, sejam eles o Sistema de Informação em Radiologia (Radiology Information System - RIS) ou o software do hospital.
- 4° passo: Treinamento das equipes. Os profissionais devem ser capacitados e engajados para o pleno uso das ferramentas, de forma a gerar dados de qualidade que vão impactar na melhoria da assistência e também da gestão.
Para o especialista, o sistema PACS organiza as informações eficientemente, otimizando o trabalho dos profissionais envolvidos no diagnóstico e também da gestão.
"Com ele a medicina diagnóstica ganha processos mais lógicos, claros, enxutos e concentrados no mesmo software. Essa opção facilita o compartilhamento e promove ganho de tempo."
Arruda esclarece ainda que o ganho de tempo é aliado da assistência.
“O acesso ao laudo e à imagem é facilitado pelo PACS, o que otimiza a tomada de decisão e o posterior tratamento. Em alguns casos, essa pode ser a diferença entre a vida e a morte.”
Além disso, com a nova legislação brasileira de proteção de dados, a LGPD, que obriga que o paciente autorize o uso de seus dados, reunir todas as informações na mesma plataforma facilita o trabalho de gestão. Integrar os sistemas de imagens médicas, portanto, torna-se um caminho natural para as instituições que planejam ingressar na era da Saúde digital.
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