Como a tecnologia pode salvar vidas no controle da infecção hospitalar

Higienizar as mãos da forma correta é fundamental para prevenir uma série de doenças, mas existem soluções tecnológicas igualmente importantes para controle de processos que podem evitar até mortes por sepse.

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Os números apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) são alarmantes: A cada cinco óbitos no mundo, um é resultado de sepse, uma condição de infecção generalizada frequentemente originada em ambientes hospitalares. 

Anualmente, 11 milhões de indivíduos perdem suas vidas - incluindo muitas crianças - devido à propagação de vírus, fungos e bactérias, uma tragédia que poderia ser prevenida por meio da implementação de medidas protetivas e preventivas nas instituições de saúde.

Certas medidas já reconhecidas desempenham um papel indispensável na diminuição dos riscos ligados ao surgimento da doença, sendo a lavagem adequada das mãos possivelmente a mais destacada entre elas. Contudo, outro elemento significativo no gerenciamento da contaminação também vem sendo incorporado nessa batalha: a tecnologia.

 

É preciso saber controlar

A cada 100 hospitalizações em cuidados intensivos, sete pacientes provenientes de países desenvolvidos e 15 de nações em desenvolvimento podem contrair pelo menos uma infecção hospitalar. 

Em cenários de UTI, esse percentual pode atingir até 30% dos pacientes internados, conforme indicado pela Organização Mundial da Saúde . Assim, é determinante implementar um controle eficaz dos pontos de infecção para garantir uma gestão de qualidade na área da saúde.

Nesse contexto, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) tem divulgado uma diminuição nos indicadores das instituições privadas no Brasil. Comparando o primeiro semestre de 2021 com o mesmo período em 2022, observa-se uma redução na densidade de incidência de infecção do trato urinário associada ao cateter na UTI, que passou de 1,43% para 0,86%. 

Da mesma forma, a densidade de incidência de pneumonia causada por ventilação mecânica diminuiu de 7,71% para 4,57%. Apenas a taxa de infecção em sítio cirúrgico apresentou um leve aumento, passando de 0,33% para 0,37%, possivelmente devido ao aumento de cirurgias eletivas no período pós-pandemia.

A própria OMS recomenda diversos elementos para o controle de infecções hospitalares, que vão além da higienização das mãos e abrangem práticas como a implementação de checklists para cirurgias seguras, além da realização de mudanças na posição do paciente no leito, entre outras medidas de segurança. 

A responsabilidade por conduzir esse trabalho nos hospitais recai sobre a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, conhecida como CCIH. Essa comissão monitora de perto e previne todos os potenciais focos de infecção, incluindo aqueles que se originam no próprio corpo do paciente, como acessos e cateteres.

E é justamente nesse ponto que a tecnologia pode ajudar a gestão da qualidade em saúde, com recursos disponíveis no próprio PEP (Prontuário Único do Paciente), que facilita a coleta de dados de pacientes transformando o modelo de cuidado direto de quem está internado ou em tratamento.

 

Controle de troca de dispositivos médicos invasivos

Cada instituição possui um protocolo específico da CCIH para estabelecer a periodicidade da substituição de cada dispositivo, bem como os procedimentos de limpeza padronizados. 

A tecnologia, ao permitir a programação de alertas conforme esses protocolos, possibilita que todas as informações registradas no Prontuário Eletrônico do Paciente  sejam monitoradas de perto por toda a equipe assistencial, recebendo lembretes diários no sistema ou por meio de dispositivos como celulares e tablets.

 

Acompanhamento das funções vitais dos pacientes

Também por meio do prontuário eletrônico, o sistema consegue avisar aos profissionais de Saúde sobre os pacientes que estão com febre por determinado período ou com sinais de flebite, situações que podem indicar precocemente uma infecção hospitalar, permitindo que as equipes hajam preventivamente. Esse alerta de possível entrada do paciente em foco infeccioso também é encaminhado para que a CCIH possa fazer as auditorias e o monitoramento adequado.  

 

Monitoramento de antibióticos

Por meio dos alertas recebidos pela CCIH em relação aos pacientes em tratamento com antibióticos, torna-se viável aprimorar a comunicação entre os profissionais envolvidos no contato diário com os pacientes e aqueles responsáveis pelo controle. 

Adicionalmente, a ferramenta permite realizar uma busca ativa por focos infecciosos, identificando de maneira precoce pacientes infectados e prevenindo agravamentos no quadro clínico.

 

Informações em tempo real

Outro benefício da tecnologia é a eficiência temporal. A CCIH pode acessar todas as informações registradas no PEP em tempo real, agilizando a tomada de decisões importantes para o manejo de quadros infecciosos e contribuindo para a preservação de vidas. 

Este processo é mais eficaz quando os registros no Prontuário Eletrônico do Paciente estão completos e são feitos de maneira integrada, evitando ações independentes.

 

Outros benefícios trazidos pelo PEP são:

 

  • Acesso rápido e abrangente: o PEP permite um acesso rápido e abrangente ao histórico médico do paciente, possibilitando que os profissionais de saúde obtenham informações sobre condições anteriores, tratamentos realizados, medicamentos prescritos e resultados de exames;
  • Comunicação eficiente: a tecnologia facilita a comunicação entre diferentes membros da equipe de saúde. Todos os profissionais envolvidos no cuidado do paciente podem compartilhar informações de forma instantânea e coordenada, promovendo uma abordagem integrada;
  • Tomada de decisão embasada em dados: o prontuário eletrônico fornece dados atualizados e precisos, o que contribui para uma tomada de decisão mais embasada. Os profissionais podem analisar informações detalhadas para determinar o curso mais adequado de tratamento;
  • Alertas e notificações: a capacidade do PEP de gerar alertas e notificações, como indicadores de infecções, alergias a medicamentos e outras condições relevantes, ajuda na prevenção e intervenção precoce em situações críticas;
  • Coordenação do cuidado: o mesmo contribui para a coordenação eficiente do cuidado ao longo de diferentes fases do tratamento, desde a admissão até a alta hospitalar, garantindo uma transição de tratamento suave e consistente;
  • Histórico atualizado: mantém um histórico de saúde atualizado, auxiliando os profissionais a compreenderem melhor a evolução da condição do paciente e a ajustarem os planos de tratamento conforme necessário;
  • Eficiência operacional: Reduz o uso de papel, minimizando erros relacionados à interpretação manual de registros. Isso resulta em uma maior eficiência operacional e contribui para a sustentabilidade ambiental;
  • Segurança do paciente: promove uma maior segurança do paciente ao evitar redundâncias nos procedimentos, reduzindo erros de medicação e fornecendo uma visão holística e precisa do estado de saúde do indivíduo.

 

Em resumo, o Prontuário Eletrônico do Paciente desempenha um papel central na melhoria da qualidade da assistência hospitalar, oferecendo uma abordagem mais integrada, eficiente e segura para o cuidado aos pacientes.















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