4 passos para usar telerradiologia nos centros de medicina diagnóstica

Exames de imagem a distância ganharam força com regulamentação da telemedicina e isolamento social; para implementar modelo, no entanto, é preciso seguir algumas premissas básicas

4 passos para usar telerradiologia nos centros de medicina diagnóstica

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A Covid-19 foi o estopim para que a regulamentação da telemedicina ocorresse no Brasil — ao menos enquanto durar a pandemia. A autorização para a prática da modalidade mesmo entre médico e paciente ocorreu em abril de 2020, impulsionada pela necessidade do isolamento social como forma de prevenção à doença. Um dos braços beneficiados pela mudança foi a telerradiologia. Mas, para que o paciente e a gestão em Saúde mantenham os ganhos alcançados com o modelo, é fundamental pensar em estratégias para mantê-lo mesmo no pós-pandemia.

Para Felipe Teles, radioncologista do Hospital Imaculada Conceição de Curvelo (MG) e membro titular da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), sendo a Covid-19 uma doença que atinge especialmente os pulmões, foi natural que a demanda já extensa de realização de exames de medicina diagnóstica se tornasse ainda maior durante a pandemia.

"Hospitais e clínicas em todo o Brasil possuem, de maneira geral, uma alta demanda de laudos de exames radiológicos. Em tempos de quarentena e isolamento social, essa demanda se enfatizou pela maior necessidade de exames de imagem, especialmente tomografia computadorizada", argumenta.

O especialista explica que, com a regulamentação, a telerradiologia ganhou mais relevância, especialmente porque permitiu a assistência à Saúde em locais que anteriormente não possuíam especialistas da área disponíveis para a realização de laudos, ou mesmo "onde médicos não disponham de uma base de dados para sanarem dúvidas sobre imagens ambíguas”, exemplifica. "Tais modificações impactaram diretamente na ampliação da qualidade do atendimento", afirma Teles, complementando que, entre os benefícios trazidos pela modalidade também estão a ampliação da segurança dos profissionais envolvidos na assistência direta ao paciente e a redução do tempo de entrega dos laudos de rotina e urgência.

Para que a gestão em saúde possa trazer máxima eficiência à telerradiologia, no entanto, é preciso ter uma infraestrutura preparada, seja em termos de recursos humanos ou tecnologias propriamente ditas. Teles cita quatro passos básicos para uma implementação bem-sucedida:

 

1. Treinamento e atendimento

A base de tudo é a preparação eficiente de profissionais que irão lidar com a telerradiologia.

"Os profissionais devem ser treinados no uso dos equipamentos e tecnologias envolvidas no processo que, de maneira geral, são individualizados para cada serviço", afirma.

Para Teles, a metodologia de trabalho por meio, por exemplo, de processos bem-definidos, permite ampliar a qualidade e assertividade do atendimento. Mas, para isso, é essencial treinar ou reciclar colaboradores.

"De forma que eles compreendam a importância de servir bem seus clientes e possam fazer valer as melhorias que a organização está implantando".

 

2. Comunicação

A comunicação engloba toda a infraestrutura necessária para que o atendimento seja possível, desde internet de banda larga à rede integrada com hardware e software que se adaptam à necessidade de cada tipo de exame.

A integração de sistemas também é essencial para trazer agilidade e fluidez à modalidade.

"Atualmente, já é comum o uso de sistemas de gestão como o Picture Archiving and Communication System (PACS) e o Radiology Information System (RIS), porém, de forma isolada", diz Teles.

"No entanto, as mais recentes tendências em radiologia apontam para a necessidade do uso integrado dessas e outras ferramentas, com objetivo de simplificar tarefas e conferir mais agilidade aos processos."

 

3. Armazenamento

Uma das principais características da telerradiologia é permitir que haja troca de informações entre especialistas, a fim de apoiar a tomada de decisão sobre o diagnóstico.

"A telemedicina fornece a possibilidade da troca de informações em tempo real com uma equipe integral para melhor assistência aos laudos, especialmente os que necessitam de urgência", pontua o radioterapeuta.

Além disso, é possível facilitar o acesso aos laudos pelos próprios pacientes. Mas, para que isso seja possível, é preciso investir em sistemas de armazenamento de dados não apenas para facilitar o acesso, mas também para manter informações sensíveis protegidas.

"O armazenamento de dados em nuvem e a consequente mobilidade que vem com ele agiliza tarefas e promove mais segurança não apenas para a prática em radiologia, mas também para as demais especialidades médicas", diz Teles.

"Com acesso remoto às imagens, radiologistas podem emitir laudos mesmo quando não estiverem presentes na clínica ou no hospital, tornando a liberação dos resultados mais rápida."

 

4. Acompanhamento

Para garantir que todo o projeto de implementação desse modelo de atendimento tenha o retorno esperado, é preciso criar métricas, acompanhá-las e mensurá-las. Para isso, a sugestão de Teles é estabelecer padrões de eficiência em medicina diagnóstica.

"Aqui, a dica é atentar-se à relação custo/laudo, uma vez que ela deve melhorar consideravelmente com o uso da telerradiologia", afirma.

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Pós-pandemia

As possibilidades trazidas pela telerradiologia são muitas, mas Teles ressalta: é preciso lembrar que a regulamentação foi feita em caráter emergencial, trazendo posteriormente o desafio de implementação de medidas que tornem os benefícios permanentes.

"A telerradiologia após a pandemia irá exigir uma nova legislação, assim como um novo parecer do próprio Conselho Federal de Medicina [CFM] e entidades da área da saúde", diz.

Mas seu uso no período pode trazer um valoroso impulso para que a modalidade se torne uma opção definitiva.

"Durante a epidemia, a telerradiologia está sendo grande aliada na detecção de alterações proporcionadas pelo coronavírus", aponta Teles.

"A redução da exposição de profissionais a possíveis focos de contaminação é fator de grande impacto a se considerar nas perspectivas futuras de manutenção desta forma de atuação e o aprimoramento na segurança das informações é essencial para manutenção do modelo — mesmo quando o distanciamento social não for mais exigido."

O médico ressalta, também, que a telerradiologia, da mesma forma que outras modalidades que compõem a telemedicina, não substitui as formas tradicionais de atendimento.

"Trata-se apenas de outro formato de atuação, que deve ser utilizado para somar na assistência ao paciente, principalmente quando relacionado à acessibilidade aos serviços de Saúde."

Pensando em formas de ampliar o uso no futuro, a inteligência artificial surge como aliada, com potencial de impacto direto na qualidade do atendimento à Saúde e na eficiência e eficácia de laudos radiológicos.

“Não é exagero dizer que essa tecnologia disruptiva deve trazer uma verdadeira revolução nos processos de diagnóstico e tratamento, gerando imensuráveis benefícios aos profissionais e pacientes", destaca o especialista.

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