Transformação digital na Saúde: mudança do perfil do médico e do profissional de TI

O avanço da tecnologia pede constante evolução da sociedade e, nesse contexto, aqueles que atuam no setor de Saúde devem adequar o perfil profissional ao novo cenário a fim de alcançar a melhoria do atendimento ao paciente

Transformação digital na Saúde: mudança do perfil do médico e do profissional de TI

O avanço da transformação digital nas organizações de Saúde pede mudanças no perfil dos médicos e dos profissionais de tecnologia da informação (TI). Com a informatização do hospital, tanto a assistência quanto o departamento de backoffice precisam estar alinhados para que a evolução ocorra e sejam alcançados os resultados esperados - o principal deles, a melhoria do atendimento ao paciente. Nesse especial voltado a médicos e profissionais de TI, abordaremos o perfil do profissional que atua em Saúde digital.

No caso dos médicos, é necessário que eles se atualizem e saibam lidar com as inovações tecnológicas. Para entender a importância da digitalização de processos, pode-se usar um exemplo simples: a dificuldade dos pacientes em compreender a grafia das receitas escritas à mão. O uso da tecnologia na prescrição pode ajudar a solucionar esse problema. Com esse exemplo, Fernando Vicenzo, consultor de carreira da Produtive Carreira e Conexões com o Mercado, explica que a transformação digital está muito ligada à capacidade que a organização médica tem de informatizar seus processos — mesmo aqueles que são mais simples. Para que essa transformação aconteça, é necessária uma mudança de comportamento e visão.

“O setor vê o médico como aquele que tem o poder da cadeia de Saúde, porque a partir de sua atuação é que vão se abrindo todos os outros segmentos. Esse profissional precisa se colocar como um prestador de serviço, que deve fazer uso de todas as ferramentas possíveis para garantir o melhor atendimento ao seu cliente”, frisa Vincenzo.

Enxergar a tecnologia como aliada é essencial, mas, quando o assunto é o cuidado com a vida, torna-se compreensível que os avanços sejam gradativos — afinal, é preciso avaliar de que forma a tecnologia pode auxiliar na melhoria da assistência ao paciente, sem deixar de lado o olho no olho e o toque. Vincenzo explica ser necessário apoio das lideranças dos hospitais, do CEO aos gestores das áreas, pois são eles que devem engajar os funcionários e mostrar para as equipes como a digitalização otimiza rotinas e melhora processos de trabalho.

Fernando Teles de Arruda, coordenador adjunto do curso de Medicina do campus Bela Vista da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), compara a tecnologia com disciplinas como anatomia e histologia e diz que a primeira deveria ser tão importante quanto as demais.

“A transformação digital permite que a informação chegue de uma forma mais rápida, mais organizada e, a partir dela, a conduta, as atitudes e as medidas sejam tomadas de uma maneira mais ágil e assertiva.”

Segundo Arruda, o que mais muda em relação ao perfil do médico com o avanço da tecnologia é a necessidade de entender que a informação dentro de um sistema organizado é a base para a gestão do cuidado.

“Não se consegue fazer uma gestão do cuidado ou da clínica sem fazer primeiro a gestão da informação.”

Nesse sentido, a tecnologia serve de apoio para organizar os dados sobre cada pessoa atendida pela organização de Saúde, hierarquizá-los e transformá-los em informações que podem fazer a diferença para a estratégia do negócio — e, claro, para o atendimento ao paciente.

 

Estratégia

O médico não é o único que precisa se adequar ao avanço da transformação digital. A mudança no perfil do profissional de TI também se faz necessária. Arruda exemplifica:

“Fiz a gestão de uma instituição médica que tinha um gerente de TI. Era uma gerência especializada, assim como a da gestão clínica. Essa pessoa tinha um papel essencial, que era o de integrar o hospital por meio do uso de sistemas inteligentes. Isso é raro no mercado. O que vemos são técnicos que migram de outras áreas para a Saúde, mas é preciso lembrar que, em um hospital, há peculiaridades bem distintas.”

Para Arruda, especializar-se reflete diretamente em um melhor rendimento desse profissional.

“O acesso à informação tem que ser imediato e falhas no sistema precisam ser resolvidas tão imediatamente quanto aparecem. Imagine que um sistema que entrega a prescrição médica à farmácia apresenta um problema. Ele tem de ser resolvido rapidamente, pois toda a sequência de cuidado com o paciente depende disso. Uma das características da TI em Saúde é que é necessário alguém in loco, com disponibilidade imediata e alta capacidade de resolução, pois há uma vida em jogo.”

O profissional de TI precisa considerar-se parte desse processo de cuidado do paciente.

“As novas competências de um técnico de TI giram em torno da transdisciplinaridade. Ter pessoas diferentes, em disciplinas diferentes, com expertises diferentes, onde cada um, com a sua dedicação e conhecimento, integre o cuidado com o paciente”, comenta Arruda.

Além da parte técnica, a TI também ganha destaque no hospital ao se tornar estratégica. É ela quem será responsável por trabalhar os dados gerados por sistemas digitalizados a fim de transformá-los em insights de negócios. Assim a atuação conjunta entre médicos e profissionais de tecnologia na transformação digital proporciona o resultado mais esperado pelas organizações de Saúde: a melhoria da qualidade no atendimento aos pacientes.

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