Sistematização da Assistência à Enfermagem: entenda a SAE

O método SAE garante mais qualidade no atendimento individualizado, a criação de indicadores de assistência e também ajuda a diminuir custos no serviço de saúde.

Sistematização da Assistência à Enfermagem: entenda a SAE

A Sistematização da Assistência à Enfermagem, conhecida como SAE,  é uma metodologia essencial para garantir a qualidade no atendimento e a segurança dos pacientes. Sua implementação permite padronizar o cuidado, promover uma gestão eficiente e assegurar melhores resultados clínicos. 

Neste artigo, vamos entender o que é a SAE, seus principais benefícios e como o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) pode otimizar a assistência e a gestão hospitalar.

 

Contexto da SAE nos serviços de saúde

A Sistematização da Assistência à Enfermagem (SAE) é regulamentada pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e está diretamente relacionada ao Processo de Enfermagem (PE), que deve ser aplicado em todas as instituições de saúde. 

De acordo com as mudanças publicadas na Resolução 736/24, a normativa estabelece uma adequação entre a SAE e o processo de enfermagem. Além das alterações da fase de organização do PE, ela ainda atualiza as responsabilidades da equipe de enfermagem e promove alterações em aspectos relacionados à documentação, gestão da assistência, ensino e formação continuada.

Dessa forma, o objetivo da SAE é organizar e planejar as ações de enfermagem de forma sistemática, garantindo que o cuidado seja baseado em evidências, diminuindo a chance de erros entre a equipe e atendendo às necessidades individuais de cada paciente.

O Processo de Enfermagem, base da SAE, passou a ser dividido em cinco etapas fundamentais:

 

  1. Coleta de dados – Identificação das condições de saúde do paciente.
  2. Diagnóstico de enfermagem – Definição dos problemas de saúde identificados.
  3. Planejamento – Elaboração das ações necessárias para o cuidado.
  4. Implementação – Execução das ações planejadas.
  5. Avaliação – Verificação dos resultados alcançados e ajustes necessários.

Com a aplicação correta dessas etapas, a SAE assegura uma assistência mais segura e eficiente, promovendo a integração da equipe de saúde e melhorando a experiência do paciente.

 

Como o PEP auxilia na melhoria e agilidade da gestão

Com o advento da informatização da Saúde, em especial com a introdução dos prontuários eletrônicos do paciente (PEP) na rotina hospitalar, a SAE tem ganhado agilidade em guardar e organizar os dados que envolvem desde a assistência à gestão hospitalar.

“A automação de processos prevê o uso de protocolos com base em evidências científicas. Isso garante que se façam as condutas mais indicadas para o paciente e também que se registre toda essa assistência de uma forma organizada. Isso permite a segurança, porque avalia essas ações”, afirma Consuelo Garcia Correa, coordenadora do grupo de estudo sobre SAE do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP).

Dessa forma, o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) acaba se tornando uma ferramenta indispensável para potencializar os benefícios da SAE. Ele contribui para a integração das informações, garantindo um acesso mais rápido e seguro aos dados dos pacientes.

Veja como o PEP pode melhorar a gestão hospitalar:

 

  • Agilidade na tomada de decisão: com acesso em tempo real aos dados, os profissionais podem agir de forma mais rápida e precisa;
  • Redução de erros: registros eletrônicos eliminam falhas manuais comuns em documentos físicos, aumentando a segurança;
  • Integração das áreas: facilita a comunicação entre diferentes setores do hospital, promovendo um atendimento mais coordenado;
  • Monitoramento contínuo: permite acompanhar o histórico do paciente e avaliar a eficácia das intervenções realizadas;
  • Sustentabilidade: reduz o uso de papel, contribuindo para práticas mais sustentáveis na gestão hospitalar.

A especialista aponta ainda como a automação dos processos da enfermagem auxilia os hospitais nas rotinas de assistência médica e na garantia da segurança do paciente.

 

Principais benefícios da SAE

A SAE não é apenas uma exigência legal, mas também uma estratégia fundamental para a melhoria contínua nos serviços de saúde. Entre seus principais benefícios, destacam-se:

 

Maior segurança da equipe na documentação da assistência

Antes da informatização, o enfermeiro já agregava os dados da rotina em questionários descentralizados. Com o prontuário eletrônico do paciente, por sua vez, a rotina passou a ser documentada e facilmente acessada. 

Nesse contexto, qualquer risco que seja identificado para o paciente — seja um problema em relação aos cuidados de saúde ou tratamentos oferecidos — pode ser minimizado, por estar documentada em um PEP, cujas informações são integradas.

Se houver necessidade de avaliação de algum ponto de assistência que possa ser questionado (tendo isso sistematizado pelo SAE no prontuário eletrônico), esse histórico fica documentado e disponível para uma avaliação a qualquer momento, inclusive da auditoria. O registro é válido para segurança tanto do paciente quanto do profissional de enfermagem. 

 

Cuidado mais individualizado e de qualidade

Com base nos protocolos de boas práticas, a equipe de enfermagem avalia qual é a rotina mais adequada para seu ambiente de trabalho. Com o SAE, por sua vez, a rotina estabelecida é direcionada para as necessidades individuais de cada paciente.

Por exemplo, por mais que haja vários pacientes com pneumonia em determinada ala, mesmo já existindo protocolos de medicamento e atendimento padrão, a equipe de enfermagem irá focar nas necessidades de cada um. 

Isso é, alguns terão febre, outras doenças preexistentes que demandam cuidados diferenciados, ao passo que outros estarão com quadro mais leve e demandando menos remédios e cuidados. A atenção individualizada agiliza processos, altas e tempo de uso do leito.

 

Geração de indicadores de qualidade da assistência

A partir dos registros de cuidados, os profissionais têm como pontuar uma série de indicadores que, consequentemente, ajudarão a melhorar a assistência a longo prazo. 

Em posse dessas informações, os profissionais têm a possibilidade de medir: a quantidade de dias de internação; o tempo de assistência, condutas de prevenção contra lesões; quantos remédios o paciente precisa, quais ele não usa, e mais.

 

Otimização de recursos

Ao individualizar o atendimento, geralmente se consegue atender até as necessidades de prevenção, tendendo a diminuir o prazo de permanência do paciente no hospital, reduzindo, por sua vez, os custos. 

Essa otimização direciona os valores para o que é necessário, ou seja, quem precisa mais terá acesso a mais — e vice-versa. Mas essa economia só será percebida em médio ou longo prazo, por haver um custo para implementar esses controles de enfermagem. A ausência deles, inclusive, pode acarretar prejuízos ou mau direcionamento de recursos.

 

Garantindo um processo de gestão hospitalar eficiente e sem erros

Todas as vantagens abordadas,  só conseguem ser sentidas em equipes devidamente treinadas para adotar o SAE nas suas rotinas, segundo Consuelo.

“Quando você implanta o SAE na instituição, você está mexendo com uma tecnologia de processo de trabalho. Tem que adequar a equipe a usar aquilo. Os enfermeiros já aprendem isso na graduação, só que não existe uma uniformidade. Por isso, tem de haver um treinamento contínuo, já a SAE mexe com o processo de trabalho, com a tomada de decisão, e o enfermeiro tem que ter muito conhecimento para avaliar esses pacientes”, afirma a coordenadora.

A Sistematização da Assistência à Enfermagem é uma prática indispensável para garantir qualidade, segurança e eficiência no cuidado aos pacientes. Quando associada a tecnologias como o Prontuário Eletrônico do Paciente, a SAE eleva a gestão hospitalar a outro patamar, proporcionando processos mais ágeis e menos suscetíveis a erros. 

Dessa forma, investir na implementação correta da SAE e em soluções tecnológicas é o caminho para uma assistência mais organizada, segura e centrada nas necessidades do paciente.

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