Registro Eletrônico de Saúde (RES): o que é e como adotá-lo na saúde pública

O res armazena e processa dados com agilidade e facilita a gestão, otimizando processos e aumentando a interoperabilidade dos sistemas

RES: o que é e como adotá-lo na Saúde Pública

Nos últimos anos, avanços tecnológicos têm revolucionado a maneira como lidamos com informações médicas e registros de saúde. Uma dessas inovações é o Registro Eletrônico de Saúde (RES), uma ferramenta digital que visa centralizar e facilitar o acesso a dados clínicos e administrativos de pacientes. 

Dentre eles, ao centralizar e organizar informações médicas de pacientes de forma eletrônica, o RES pode facilitar a coordenação do cuidado, melhorar os resultados clínicos e promover uma maior participação dos pacientes em seu próprio cuidado de saúde.

 

O que é o Registro Eletrônico de Saúde (RES)?

O Registro Eletrônico de Saúde (RES) é um repositório de dados que compila diretrizes personalizadas de conduta em saúde, desenvolvido de maneira inteligente e integrada. Essa tecnologia facilita o acompanhamento da qualidade de vida individual, oferecendo orientações para a manutenção da saúde e promovendo a criação de um ambiente abrangente de bem-estar e qualidade de vida nas redes de atenção à saúde.

A plataforma é ainda um sistema abrangente projetado para documentar as diversas fases do atendimento médico prestado aos cidadãos, criando um histórico completo de cada indivíduo. Quando utilizado de maneira adequada, esse registro contribui significativamente para aprimorar a qualidade da assistência ao paciente. 

Ao ser empregada de forma precisa, essa ferramenta de registro de saúde minimiza erros médicos e fortalece a segurança do paciente, especialmente em situações em que há intervenção de múltiplos profissionais de saúde. Além disso, o sistema oferece maior controle na gestão da saúde pública, simplificando as tarefas administrativas e, consequentemente, reduzindo custos.

"Os RES são intervenções complexas, cuja implementação depende de uma intensa mobilização de recursos financeiros, tecnológicos e humanos", comenta José Felipe Riani Costa, pesquisador em Saúde e especialista em regulação de saúde suplementar da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Margareth Crisóstomo Portela, professora doutora em Health Policy and Administration e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz, no artigo científico "Percepções de gestores, profissionais e usuários acerca do registro eletrônico de Saúde e de aspectos facilitadores e barreiras para a sua implementação", publicado na revista científica Cadernos de Saúde Pública (CNS), explica:

"No que se refere ao impacto do Registro Eletrônico no tempo de atendimento, houve opiniões de que, a depender das características dos registros, dos computadores e da rede de internet, a adoção pode colaborar tanto para tornar o atendimento mais rápido quanto contribuir para atrasos e aumentar a carga de trabalho dos profissionais de saúde." 

O estudo se baseou em entrevistas semiestruturadas com gestores de Saúde Pública, que comentaram sobre os benefícios do RES para a gestão hospitalar.

Um sistema eficaz de registro de saúde simplifica a padronização e a acessibilidade dos dados ao consolidá-los em um único repositório. Quando utilizado de forma adequada, aumenta-se a produtividade e se reduz a probabilidade de informações desencontradas. 

Contudo, se implementado sem processos bem definidos, pode ocasionar confusões, atrasos e sobrecarga de trabalho para os profissionais de saúde. Portanto, é essencial que haja uma compreensão clara dos processos institucionais antes da adoção do sistema, a fim de evitar tais inconvenientes.

Os especialistas também destacaram alguns desafios para a implantação do RES nas instituições, principalmente por conta da burocracia que dificulta processos.

"Essa trama de perspectivas e visões reflete a complexidade da implementação do RES, que perpassa por mudanças culturais e envolve recursos, relações de poder e interesses políticos e econômicos. [...] Os resultados evidenciam a perspectiva sociotécnica envolvida na implementação dos registros, abrangendo aspectos tecnológicos, pessoais, organizacionais e sociais."

 

A contribuição do RES na saúde pública 

De acordo com um estudo realizado pelo Gartner Group, cujos resultados foram publicados em um material do Ministério da Saúde, foi identificado que as prioridades dos cidadãos no uso da administração pública eletrônica incluem suas preferências por serviços online. Dentro das nove principais demandas, duas estão diretamente ligadas à área da saúde: a marcação de consultas médicas e o acesso aos registros de saúde.

Conheça as principais obrigações da pasta federal com o RES nacional: 

 

  • Coordenar a adoção do RES no Brasil; 
  • Adotar e disseminar os padrões de referência e terminologias; 
  • Criar diretrizes de médio e longo prazos; 
  • Prover recursos e criar incentivos para a adoção do RES nacionalmente; 
  • Prover um barramento nacional/regional de integração e interoperabilidade para a Saúde conforme os padrões adotados; 
  • Prover e manter sistemas estratégicos para o SUS. 

 

Dessa forma, o Registro Eletrônico de Saúde desempenha um papel crucial na promoção de estratégias de humanização, uma vez que oferece ao cidadão acesso a determinadas funcionalidades, como a obtenção de cópias de exames, por exemplo. 

Esse acesso direto permite uma maior participação do indivíduo em seu próprio cuidado de saúde, o que fortalece o vínculo entre paciente e prestador de serviços. Além disso, a ferramenta facilita a comunicação entre a gestão da Saúde Pública e o indivíduo, contribuindo para aumentar a satisfação com os serviços prestados.

 

Possibilidade de interoperabilidade

Pelo sistema de registro também é possível fazer a integração e intercâmbio de informações com laboratórios, farmácias e fornecedores. Dessa maneira os processos operacionais são otimizados, economizando recursos, papel e tempo. A ferramenta abre a possibilidade das instituições de Saúde Pública compartilharem os dados entre si.

Consequentemente, o atendimento ao cidadão é otimizado, permitindo diagnósticos mais precisos e uma distribuição mais rápida e eficiente de medicamentos. Também, é viável prever a reposição de insumos sem a necessidade de intervenção humana.

Essa automação não só aprimora a produtividade e reduz erros e retrabalho, mas também promove uma melhoria na qualidade da assistência prestada. Para que esses benefícios sejam totalmente realizados, é imprescindível que os sistemas de saúde priorizem a interoperabilidade e adotem políticas e práticas que promovam o uso eficaz do RES em toda a sua extensão.





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