Os limites da medicina preventiva no cuidado à saúde

A medicina preventiva é amplamente reconhecida como uma das ferramentas mais efetivas para melhorar a qualidade de vida e reduzir os custos relacionados a doenças.

Os limites da medicina preventiva no cuidado à saúde

A medicina preventiva é um campo que vem sendo amplamente reconhecido, seja pelo crescimento no uso de aplicativos, dispositivos vestíveis e outros gadgets que monitoram a saúde e fornecem dados importantes, ou pelo avanço tecnológico conquistado pela medicina diagnóstica e genômica, que permite identificar, cada vez mais cedo, a chance de uma doença aparecer. Em comum, essas iniciativas têm o foco no empoderamento do indivíduo para o autocuidado.

No entanto, apesar de sua importância, existem limites em seu alcance. Dessa forma, preparamos um artigo que explora os benefícios, desafios e o papel da tecnologia no cuidado preventivo, além de discutir a relevância da orientação médica.

 

O que é a medicina preventiva e seu papel na saúde atual

“A medicina preventiva hoje é voltada para a atenção primária de saúde, o que significa que todas as medidas tomadas são para que a doença, a condição ou o mal não ocorram”, explica Fernando Teles de Arruda, médico e coordenador do curso de medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), com passagens como gestor pelas Santas Casas de Araraquara e Ribeirão Preto.

Podemos classificar a medicina preventiva como uma abordagem focada em evitar doenças antes que elas ocorram, promovendo a saúde por meio de estratégias como vacinação, rastreamento de condições de saúde e intervenções no estilo de vida. Seu papel na saúde atual é indispensável, especialmente em um contexto em que doenças crônicas representam grande parte das causas de mortalidade e morbidade global.

Por meio da identificação precoce de fatores de risco, a medicina preventiva atua para minimizar complicações futuras, promovendo bem-estar e longevidade. Mas, existe também a chamada prevenção secundária, cujo foco é evitar que surjam complicações de uma doença já instalada. 

Seja para não deixar a doença acontecer ou para evitar que complicações se desenvolvam, a medicina preventiva tem também a vantagem de impedir o aumento de gastos com a instalação da patologia.

“A gestão da operadora e a gestão da saúde pública já sabem que é muito mais barato trabalhar a prevenção do que o tratamento e a terapêutica de reabilitação”, constata Arruda.

Entretanto, mesmo com todos os avanços, existem desafios que limitam sua eficácia plena.

 

Benefícios e limitações do cuidado preventivo

Benefícios:

 

  • Redução de custos: a prevenção é mais econômica do que o tratamento de doenças avançadas.
  • Qualidade de vida: intervenções preventivas ajudam a manter o bem-estar físico e mental.
  • Maior longevidade: ações preventivas reduzem a probabilidade de complicações severas e mortes prematuras.

 

Limitações:

 

  • Acesso desigual: nem todas as populações têm acesso a programas preventivos de qualidade.
  • Conscientização limitada: muitas pessoas não priorizam exames ou mudanças no estilo de vida até apresentarem sintomas.
  • Complexidade dos fatores de risco: genética, ambiente e estilo de vida interagem de maneiras que nem sempre são previsíveis.

 

Para que tudo funcione de forma harmoniosa na medicina preventiva, algumas ações são necessárias. A primeira delas é o paciente estar empoderado do cuidado com a própria saúde e participar das decisões junto aos médicos. Depois, é preciso refletir mais sobre o controle desses dados de saúde que fornecem tantas informações importantes para uma assistência prévia eficaz.

“Um dos grandes problemas que temos hoje é justamente sobre como usar os dados de saúde disponíveis e estabelecer quem deve ter acesso a eles, autorizando seu uso, ou não. Esta será uma grande discussão ética que teremos nos próximos anos”, acredita Arruda, lembrando que os dados já estão em nuvem e as fontes de abastecimento são crescentes.   

 

Como dispositivos tecnológicos auxiliam no contexto moderno

Os avanços tecnológicos têm transformado a medicina preventiva, especialmente com o uso de dispositivos como wearables, aplicativos de saúde e plataformas de telemedicina. Esses recursos oferecem:

 

  • Monitoramento contínuo: esses dispositivos permitem a detecção precoce de alterações no organismo, muitas vezes antes que sintomas se manifestem, possibilitando intervenções preventivas mais eficazes;
  • Personalização do cuidado: com base em dados capturados, profissionais de saúde podem criar planos preventivos adaptados às necessidades individuais;
  • Engajamento do paciente: a tecnologia estimula os usuários a se envolverem mais com sua saúde, oferecendo feedback em tempo real e recompensas por bons hábitos.

 

Integração com inteligência artificial e análise preditiva

Alguns dispositivos utilizam algoritmos de inteligência artificial para analisar grandes volumes de dados, ajudando a identificar padrões que indicam risco de doenças, permitindo uma abordagem proativa ao cuidado. Por exemplo:

 

  • Sistemas baseados em IA podem prever a probabilidade de crises hipertensivas ou eventos cardíacos.
  • Aplicativos de saúde mental analisam padrões de humor e sono para identificar sinais de depressão ou ansiedade.

 

Embora a tecnologia seja uma aliada valiosa, seu uso deve ser complementado pela orientação de profissionais de saúde, garantindo que os dados sejam corretamente interpretados e utilizados de forma ética e eficaz.

 

A importância da orientação médica no uso de dispositivos

Embora os dispositivos tecnológicos sejam ferramentas valiosas, seu uso isolado pode levar a interpretações errôneas e decisões inadequadas.

 

O papel dos profissionais de saúde na interpretação de dados

Profissionais de saúde desempenham um papel essencial ao traduzir os dados gerados pelos dispositivos em orientações práticas e seguras. Eles avaliam informações no contexto clínico, considerando histórico médico, genética e outros fatores que o paciente pode desconhecer.

“Sempre pensamos a formação médica como assistencialista, ou seja, um profissional que atende e dá receitas. Hoje, é certo que precisamos formar médicos que dominem a assistência, mas que também tenham domínio do papel da educação e da gestão da saúde”, diz o coordenador, enfatizando que:

“Não existe prática médica sem um processo educativo associado.”

Sendo assim, o médico é um educador por 24 horas e, para isso, precisa ter uma boa comunicação, que seja clara, sem termos técnicos e contextualizada. 

 

Impactos da interpretação equivocada no sistema de saúde

A má interpretação de dados gerados por dispositivos pode levar a consequências negativas, como:

 

  • Autodiagnósticos equivocados: pacientes podem assumir diagnósticos errados com base em dados isolados.
  • Sobrecarga do sistema de saúde: alarmes falsos ou consultas desnecessárias geram custos adicionais.
  • Ansiedade desnecessária: a interpretação errada de métricas pode causar preocupação excessiva.

Arruda responde que: “A tecnologia tem grande potencial de ser um facilitador de todo esse processo da medicina preventiva primária ou secundária, desde que consiga integrar quem cuida e quem é cuidado com informações claras, objetivas, precisas e contextualizadas.”

 

A medicina preventiva como pilar fundamental

A medicina preventiva é um pilar fundamental para um sistema de saúde mais eficiente e humanizado. No entanto, seus limites mostram que a tecnologia, por mais avançada que seja, não substitui o olhar especializado e a orientação dos profissionais de saúde.

Na MV, acreditamos que a saúde é construída com base em uma visão integrada e multidisciplinar, onde prevenção, tecnologia e cuidado humano caminham juntos. Conheça nossas soluções e como podemos apoiar você ou sua organização a alcançar melhores resultados em saúde!

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