Novas tecnologias: os médicos estão preparados?
Descubra como médicos estão se adaptando às novas tecnologias na saúde, os desafios culturais e a importância da inovação no dia a dia clínico.

As novas tecnologias têm transformado diversos setores, incluindo a área da saúde. No entanto, enquanto algumas ferramentas avançadas já revolucionam práticas médicas, um questionamento permanece: os médicos estão realmente prontos para acompanhar essa evolução?
Este artigo explora o tema com base em um rico debate sobre os desafios e oportunidades que a tecnologia traz à medicina.
O presente conteúdo foi desenvolvido a partir da conversa interessantíssima desenvolvida entre Newton Nunes Filho, presidente do Sistema Unimed Teresina, e Carlos Eurico Pereira, médico especialista em inovação, no quinto episódio do MV Cast.
O cenário atual da tecnologia na saúde
A tecnologia na saúde está em um momento de transição. Entre os avanços mais notáveis estão a inteligência artificial, a telemedicina e dispositivos vestíveis, como relógios que monitoram sinais vitais. Apesar disso, ainda existem lacunas significativas em sua implementação.
Por exemplo, enquanto hospitais em grandes centros urbanos já adotam prontuários eletrônicos e sistemas digitais para diagnósticos, muitas unidades de saúde no Brasil ainda operam com métodos tradicionais, como papel.
Essa disparidade reflete um desafio maior: adaptar médicos de diferentes gerações a novas ferramentas. Médicos mais experientes, que começaram suas carreiras em uma época de registros manuais, enfrentam dificuldades para adotar práticas digitais.
Por outro lado, os jovens médicos, familiarizados com a tecnologia, podem não estar preparados para lidar com os aspectos práticos e éticos que vêm com sua utilização.
A evolução incremental versus a inovação disruptiva
Quando se fala em inovação, muitas vezes o foco recai sobre tecnologias disruptivas, como cirurgias assistidas por robôs ou inteligência artificial na análise de dados médicos. No entanto, os especialistas destacam a importância de avanços incrementais.
Ferramentas básicas, como prontuários eletrônicos, prescrição digital e softwares de gestão hospitalar, já trazem grandes melhorias na eficiência e segurança do atendimento médico.
O ponto é claro: antes de investir em tecnologias altamente avançadas, é crucial implementar soluções mais acessíveis e eficazes que atendam às necessidades do dia a dia, o que inclui digitalizar processos, melhorar a integração de sistemas e oferecer treinamento adequado para que os médicos utilizem essas ferramentas.
Resistência cultural e as barreiras à adoção
Uma das maiores barreiras à adoção tecnológica é a resistência cultural. Muitos médicos relutam em abandonar práticas que dominam há décadas, especialmente quando a introdução de novas tecnologias implica em mudanças na rotina. Ademais, a sobrecarga burocrática de aprender a usar ferramentas digitais pode parecer um fardo adicional.
Exemplos práticos ilustram esse cenário. Em um caso discutido, um hospital precisou retirar completamente os formulários de papel para forçar os médicos a utilizarem o sistema eletrônico de solicitações. A transição foi difícil, mas mostrou que, com persistência e suporte, é possível superar a resistência inicial.
A importância da transformação cultural
Mais do que uma mudança técnica, a adoção de novas tecnologias exige uma transformação cultural. Isso inclui:
- Treinamento contínuo: médicos precisam de capacitação prática e teórica sobre as novas ferramentas e suas aplicações no dia a dia.
- Engajamento da liderança: o suporte da gestão hospitalar é essencial para criar um ambiente que valorize a inovação.
- Foco no benefício: mostrar como a tecnologia melhora o trabalho dos médicos, reduz erros e proporciona um atendimento mais eficiente aos pacientes é crucial para incentivar a adesão.
A tecnologia como aliada, não substituta
Um medo comum entre médicos é o de que a tecnologia possa substituir suas funções. No entanto, os especialistas ressaltam que o objetivo das inovações é auxiliar, e não substituir, os profissionais.
Ferramentas como a inteligência artificial podem acelerar diagnósticos e oferecer informações mais precisas, mas a decisão final e a interação humana continuarão sendo prerrogativas exclusivas do médico.
Como exemplo, destaca-se o uso de sistemas que transcrevem automaticamente informações médicas durante consultas, liberando os médicos para se concentrarem no paciente. Essa integração entre tecnologia e prática médica visa humanizar o atendimento, e não mecanizá-lo.
O papel das faculdades de medicina
Outro ponto crítico é a formação dos futuros médicos. Atualmente, poucas faculdades no Brasil oferecem disciplinas voltadas para inovação tecnológica, gestão hospitalar ou empreendedorismo. Essas áreas são fundamentais para preparar os médicos para a realidade do mercado.
Ademais, é necessário educar os estudantes sobre questões éticas e práticas, como o uso da telemedicina e os limites de ferramentas digitais. Uma formação mais completa ajudará os novos profissionais a abraçarem a tecnologia de forma confiante e responsável.
Inovação como um processo contínuo
A inovação na saúde não é apenas sobre adotar a última tecnologia, mas sim sobre construir uma cultura que valorize a melhoria contínua. Para isso, é necessário um esforço conjunto entre médicos, instituições de saúde e governos.
A transformação digital é inevitável e traz benefícios inquestionáveis, desde diagnósticos mais precisos até um atendimento mais eficiente. No entanto, sua implementação requer planejamento, paciência e um compromisso com a formação e bem-estar dos profissionais de saúde.
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