Glosa hospitalar no setor público: o que é e como evitá-la
Com boas práticas, instituições públicas de saúde podem alcançar um fluxo de faturamento sem interrupções e com menos índice de glosa hospitalar, permitindo que mais recursos estejam disponíveis para investir em melhorias no atendimento.
A glosa hospitalar — o não pagamento, por parte da operadora, de procedimentos, valores, materiais, medicamentos, diárias e demais serviços — é uma preocupação recorrente na Saúde Suplementar.
A rejeição ou redução de pagamentos pelas operadoras, devido a falhas ou inconformidades no processo de faturamento, impacta diretamente as finanças dos hospitais e a continuidade dos serviços oferecidos. No setor público, onde os recursos já são limitados, minimizar as glosas é essencial para garantir a qualidade e a acessibilidade do atendimento.
Se a glosa hospitalar é um desafio na sua instituição, esse artigo pode ajudar a identificar a origem desse problema, além de apresentar algumas sugestões para auxiliar sua gestão a solucionar esse obstáculo.
O que é glosa hospitalar e como ela afeta o setor público?
A glosa hospitalar ocorre quando o pagamento dos serviços prestados é negado ou reduzido pela operadora de saúde devido a erros no faturamento, como documentos incompletos, códigos incorretos de procedimentos ou falta de conformidade com as exigências regulamentares.
No contexto do setor público, onde os orçamentos são rigorosamente controlados, essas falhas podem comprometer o financiamento de equipamentos, medicamentos e até a contratação de profissionais. As glosas dificultam ainda o planejamento financeiro dos hospitais, uma vez que a receita esperada não se concretiza.
Principais causas de glosas hospitalares
“Na rede privada, o principal motivador da glosa hospitalar é a força financeira, e trata-se de uma queda de braços entre operadora e hospital. Na área pública, o fator principal é a falta de treinamento do que se cobra”, na visão de Rogério Medeiros, professor da pós-graduação da Universidade São Camilo.
“O número de eventos que os hospitais deixam de cobrar do SUS é maior do que de eventos que o Sistema Único de Saúde (SUS) glosa. Isso porque a mão de obra do setor não sabe como faturar”, defende.
Dessa forma, existem várias causas para a ocorrência de glosas no setor público. Entre elas, destacam-se erros de codificação, preenchimento incorreto de formulários, inconsistências em prontuários médicos, falhas de comunicação entre o hospital e a operadora de saúde e falta de conformidade com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além disso, a falta de treinamento adequado dos profissionais envolvidos no processo de faturamento contribui para erros que poderiam ser evitados com capacitação específica.
O especialista lembra ainda outro fator relacionado, como as perdas de materiais em contextos específicos, como aulas práticas.
“Por exemplo, um professor que vai utilizar fios cirúrgicos que acabam estragando e sendo inutilizados durante o curso. A área faturista e a auditoria interna discutem com o profissional, mas, por mais que o hospital tente lançar a perda como glosa, acaba entrando como desperdício”, lembra.
Impactos financeiros da glosa hospitalar nas instituições de saúde
As glosas hospitalares geram uma série de impactos financeiros negativos nas instituições, afetando diretamente o orçamento e, consequentemente, a qualidade do atendimento prestado.
Em muitos casos, as instituições têm que arcar com os custos de procedimentos não pagos, o que compromete recursos que poderiam ser destinados à melhoria da infraestrutura e ao desenvolvimento de novos serviços. O tempo e os esforços necessários para corrigir glosas e enviar novas solicitações de pagamento também representam custos operacionais que poderiam ser evitados.
Estratégias para prevenir glosas hospitalares
A prevenção de glosas hospitalares passa pela implementação de processos rigorosos de conferência e padronização. Medeiros avalia que, no curto prazo, a resposta está no treinamento e capacitação dos profissionais das áreas pública e privada que consigam sanar a má formação sobre faturamento.
Esse movimento deveria ser acompanhado da criação de grupos, fóruns e outros órgãos que discutissem a melhoria do processo, fomentando uma cultura mais esclarecida sobre o assunto.
“Poderíamos ter câmaras técnicas discutindo a cobrança de materiais, colocando na mesa prestador e operadora para conversar, mas não de lados opostos. Isso acontece de forma pontual apenas”, lamenta Rogério.
A tecnologia como aliada na prevenção da glosa hospitalar
Investir em tecnologias de gestão hospitalar, como sistemas de prontuário eletrônico e softwares de faturamento, facilita o controle de dados e a conformidade com as regulamentações de saúde pública.
Esses sistemas automatizam tarefas como preenchimento de formulários, checagem de codificações e conferência de informações, reduzindo significativamente os riscos de erro humano. A análise de dados permite identificar padrões de glosa hospitalar e agir de forma preventiva, evitando que os mesmos erros se repitam.
A importância da conformidade com as regulamentações de saúde pública
A conformidade com as regulamentações de saúde pública é indispensável para evitar glosas hospitalares. Cada procedimento deve estar em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelo SUS e pelos órgãos reguladores, e as instituições precisam manter-se atualizadas em relação às novas normativas.
Para isso, é importante que o setor de faturamento e auditoria trabalhe em conjunto, monitorando as atualizações das normas e adequando os processos internos para atender a todos os requisitos exigidos.
Garantindo um processo de faturamento eficiente e sem erros
A prevenção de glosas hospitalares no setor público é essencial para garantir que os hospitais possam manter a qualidade e a continuidade dos serviços prestados. Adotar práticas eficazes, investir em tecnologia, promover a educação continuada e manter-se em conformidade com as regulamentações são passos fundamentais para alcançar um processo de faturamento eficiente e sem erros.
Softwares especializados auxiliam no preenchimento preciso de formulários, na codificação correta de procedimentos e no envio de informações completas e organizadas, reduzindo o risco de inconsistências e inconformidades que levam a glosas.
Equipes bem treinadas conseguem identificar possíveis erros de forma rápida e agir preventivamente, evitando retrabalho e perdas financeiras. Uma comunicação aberta e clara entre os setores de atendimento, auditoria e faturamento também é fundamental para que todas as informações sejam devidamente integradas e validadas antes do envio aos pagadores.
Com essas práticas, os hospitais públicos podem alcançar um fluxo de faturamento sem interrupções e com menos glosas, permitindo que mais recursos estejam disponíveis para investir em melhorias no atendimento, aquisição de novos equipamentos e ampliação dos serviços.