Qual a diferença entre Prontuário Eletrônico e Prontuário Digital?

Pode parecer a mesma coisa, mas não é. Entre um perfil e outro de solução, está em jogo a qualidade e a segurança no cuidado com o paciente.

Qual a diferença entre Prontuário Eletrônico e Prontuário Digital?

A saúde brasileira, que trilha uma bem-vinda e promissora jornada de digitalização de processos, deve celebrar um importante passo: nos últimos anos, um maior percentual de estabelecimentos de saúde vem adotando algum tipo de sistema eletrônico para registro das informações dos pacientes. Até o ano de 2021, 88% possuíam um sistema dessa natureza, fatia seis pontos percentuais maior do que em 2019, de acordo com a mais recente pesquisa TIC Saúde, elaborada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil. 

Tal notícia, sem dúvidas, é positiva, afinal, todo passo no campo do digital é um progresso. Ao mesmo tempo, o levantamento também evidencia janelas de oportunidades nessa agenda, seja ampliando a presença dos sistemas eletrônicos ou, especialmente, aprimorando os que já existem.

Com vistas ao pleno exercício da integração das informações dos pacientes e sua pronta visualização por toda a instituição de saúde em tempo real — funcionalidade que é proporcionada, por exemplo, pela solução de Prontuário Eletrônico do Paciente, o PEP.  

Os espaços para avanço da digitalização podem ser notados em outro dado da pesquisa: embora tenham ganho participação, funções voltadas ao suporte de decisões estão presentes em apenas 34% dos estabelecimentos de saúde.

A disponibilização das informações de cada paciente para todas as áreas de um hospital amplia a qualidade e segurança do atendimento e melhora as experiências dos pacientes e dos profissionais. Por isso, todo o setor de saúde precisa ter clareza sobre as diferenças entre o prontuário eletrônico e o chamado prontuário digital - observa a diretora de Produtos da MV, Daennye de Andrade Oliveira.

Introdução ao prontuário eletrônico e prontuário digital

Um prontuário de saúde é uma ferramenta fundamental no contexto médico, uma vez que registra informações essenciais sobre a saúde de um paciente, incluindo seu histórico clínico, diagnósticos, tratamentos e acompanhamento médico. Com o avanço da tecnologia, surgiram duas formas importantes de manter esses registros de forma mais eficiente: o prontuário digital e o prontuário eletrônico.

O prontuário digital e o prontuário eletrônico são conceitos que se destacam por sua relevância no gerenciamento das informações médicas. Ambos representam uma transição significativa da abordagem tradicional de registro em papel para o ambiente digital. A importância desses registros digitais é multifacetada:

  • Facilitação do Acesso e Compartilhamento de Informações: Tanto o prontuário digital quanto o eletrônico permitem um acesso mais rápido e fácil às informações do paciente, facilitando a comunicação entre os profissionais de saúde envolvidos em seu atendimento. Isso é crucial para tomadas de decisão mais rápidas e precisas.
  • Redução de Erros: A digitalização dos registros minimiza a probabilidade de erros de leitura ou de interpretação de informações manuscritas, aumentando a segurança do paciente.
  • Armazenamento Eficiente: Prontuários digitais e eletrônicos possibilitam o armazenamento centralizado e organizado de informações médicas, economizando espaço físico e recursos.
  • Melhor Gerenciamento de Dados: A capacidade de pesquisar e analisar dados de forma eletrônica torna mais fácil identificar tendências e padrões que podem levar a diagnósticos mais precisos e aprimorar os tratamentos.
  • Segurança das Informações: Ambas as formas de prontuário digital oferecem recursos de segurança para proteger as informações do paciente contra acesso não autorizado, garantindo o sigilo médico.

A evolução do prontuário tradicional para o digital e eletrônico é impulsionada por avanços tecnológicos que visam melhorar a qualidade do atendimento médico, tornando-o mais eficiente e seguro.

No entanto, é importante ressaltar que, embora compartilhem muitos benefícios em comum, existem diferenças específicas entre prontuário digital e prontuário eletrônico, que podem ser exploradas em detalhes em outro contexto, vamos entendê-las agora.

Prontuário eletrônico X prontuário digital: qual a diferença? 

Apesar de soarem quase como sinônimos, esses dois perfis de soluções apresentam abrangência muito distintas. A diretora da MV explica que o Prontuário Eletrônico do Paciente é uma solução que consiste em dados estruturados e interligados.

Na realidade, os termos "prontuário digital" e "prontuário eletrônico" são frequentemente usados de forma intercambiável, e suas diferenças são sutis ou inexistentes, dependendo do contexto e das definições específicas utilizadas em diferentes sistemas de saúde.

No entanto, para esclarecer possíveis distinções, aqui estão algumas diferenças que podem ser encontradas entre prontuários digitais e eletrônicos:


Amplitude da Digitalização

O Prontuário Digital pode referir-se a qualquer forma de registro de informações médicas em formato digital. Isso pode incluir documentos digitalizados, imagens médicas e até mesmo registros digitais em planilhas ou documentos de texto.

Já o Prontuário Eletrônico normalmente, refere-se a um sistema mais abrangente e integrado que não apenas armazena informações médicas em formato digital, mas também permite a entrada, atualização e recuperação de dados de forma eletrônica. Geralmente, envolve sistemas específicos de software projetados para essa finalidade.

Integração e acessibilidade nos prontuários

Prontuário Digital: Pode ser um termo mais genérico e pode não implicar necessariamente que as informações sejam facilmente acessíveis ou integradas com outros sistemas de saúde.

Prontuário Eletrônico: Normalmente, envolve a criação de sistemas mais avançados que permitem a integração com outros sistemas de saúde, facilitando o compartilhamento de informações entre diferentes instituições e profissionais de saúde.


Funcionalidades avançadas

Prontuário Digital: Pode ser usado para se referir a simples documentos digitalizados, que podem não conter recursos avançados, como a capacidade de fazer anotações eletrônicas ou alertas de interações medicamentosas.

Prontuário Eletrônico: Normalmente, é associado a sistemas que oferecem funcionalidades mais avançadas, como registros eletrônicos de saúde, histórico médico completo do paciente, alertas médicos, e capacidade de prescrição eletrônica.

Ou seja, a diferença entre prontuários digitais e eletrônicos pode depender da terminologia usada em um determinado contexto ou sistema de saúde. 

No PEP, estamos falando da integração e do compartilhamento, em tempo real, das informações do paciente entre todas as áreas do hospital, como recepção, assistência, farmácia, faturamento, hotelaria e limpeza, por exemplo. Todos sabem o que está acontecendo, justamente, porque a informação está sendo trocada de forma permanente - esclarece Daennye de Andrade Oliveira. 


Quais as vantagens e desafios de cada um?


Vantagens do Prontuário Digital

  • Acesso rápido e fácil: As informações dos pacientes estão disponíveis de forma imediata, permitindo que os profissionais de saúde acessem os dados necessários com rapidez.
  • Armazenamento eficiente: Não requer espaço físico significativo para armazenamento, ao contrário dos prontuários em papel, que podem ocupar muito espaço.
  • Legibilidade aprimorada: Elimina erros de leitura associados à caligrafia ilegível, garantindo registros mais legíveis.
  • Facilidade de pesquisa: Os dados podem ser pesquisados e filtrados com facilidade, permitindo análise e identificação de tendências.
  • Integração com outros sistemas: Pode ser facilmente integrado com outros sistemas de saúde, laboratórios e farmácias, melhorando a coordenação do atendimento.

 

Desafios do Prontuário Digital

  • Custos iniciais elevados: A implementação de sistemas de prontuário eletrônico pode ser dispendiosa em termos de hardware, software e treinamento.
  • Riscos de segurança: Requer medidas de segurança robustas para proteger as informações de pacientes contra acessos não autorizados.
  • Treinamento necessário: Os profissionais de saúde precisam ser treinados para usar efetivamente sistemas de prontuário eletrônico, o que pode levar tempo.

 

Ou seja, no chamado prontuário digital, por mais que haja informações armazenadas no ambiente online, elas não estão integradas, ou seja, são tratadas de forma isolada, exigindo processos, pessoas e tempo para que elas circulem entre as áreas.

Neste caso, por exemplo, o médico prescreve o medicamento para o paciente, mas a informação não aparece para a farmácia de forma automática para que seja gerada a dispensação. Ou seja, o médico precisa imprimir ou digitalizar o pedido para que ele seja enviado até a farmácia, processo que consome tempo e que pode gerar falhas na administração do medicamento - observa a especialista.
  

Em complemento, a executiva da MV ilustra outro cenário em que o conceito de prontuário digital pode ser prejudicial ao paciente e ao hospital.

Se o paciente chega na recepção num cenário de urgência e ele relata para a enfermeira que é alérgico a algum medicamento, mas não existe a integração dessa informação com as áreas subsequentes pelas quais ele tende a passar, o médico pode ficar vulnerável a prescrever o medicamento tido como inadequado para aquele paciente. Outra possibilidade de falha pode ocorrer na farmácia, onde o profissional — sem contar com um sistema que emita um alerta em caso de inconsistência de informação — pode ter um erro de leitura e administrar outro medicamento, com nome semelhante ao prescrito, expondo o paciente a vários tipos de intercorrência. A principal consequência no uso da prescrição digital — e não eletrônica — é a perda da segurança do cuidado com o paciente, exemplifica Daennye.   

Vantagens do Prontuário Eletrônico

  • Integração completa: Oferece integração total com registros de saúde, prescrições eletrônicas, laboratórios, farmácias e outros sistemas, facilitando o acompanhamento abrangente do paciente.
  • Alertas e lembretes: Pode fornecer alertas automáticos para interações medicamentosas, lembretes de exames e acompanhamento de tratamento.
  • Acesso remoto: Permite o acesso a informações médicas de qualquer lugar com conexão à internet, melhorando a flexibilidade e a continuidade do atendimento.

 

Por exemplo, se o médico solicita uma prescrição de medicamento no PEP, essa demanda cai, automaticamente, na farmácia e na área de faturamento para cobrança, porque tudo está interligado. E se houver alguma inconsistência ao longo da cadeia, o sistema alerta os envolvidos. complementa Daennye. 


Desafios do Prontuário Eletrônico:


  • Custos elevados de implementação e manutenção: A implantação e manutenção de sistemas de prontuário eletrônico são caras, exigindo investimentos significativos.
  • Problemas técnicos: Pode haver interrupções no sistema devido a falhas técnicas, que podem afetar o atendimento ao paciente.
  • Preocupações com a privacidade: Preocupações com a privacidade dos pacientes podem surgir, especialmente com a crescente quantidade de dados de saúde eletrônicos armazenados.
  • Curva de aprendizado: Profissionais de saúde podem levar um tempo para se adaptar e se familiarizar totalmente com o sistema.

Em resumo, tanto os prontuários digitais quanto os eletrônicos oferecem benefícios significativos em relação aos prontuários em papel, incluindo acesso rápido, legibilidade melhorada e eficiência no armazenamento. E apesar de apresentarem desafios, seu uso é recompensado garantindo mais segurança e economia. 

A escolha entre eles depende das necessidades específicas de uma instituição de saúde e de sua capacidade de lidar com os aspectos técnicos e financeiros envolvidos na implementação desses sistemas.

 

PEP: qualidade e segurança das informações

O Prontuário Eletrônico do Paciente, vinculado diretamente à segurança da assistência, garante que as informações cheguem às pessoas corretas e no momento adequado, tudo em tempo real. Se essas informações não são repassadas de forma automática entre uma área e outra, obrigando que os profissionais tenham que procurá-las, está aí a causa de muitas falhas que podem gerar sérios danos ao paciente, inclusive o expondo ao risco de óbito. 

O PEP é um meio eletrônico de registro de informações de forma estruturada, com avisos, lembretes e apoio à decisão clínica.

 

Quando falamos em hospital digital, entramos no chamado circuito fechado da administração do medicamento. Ele contempla o processo da prescrição eletrônica (com alertas e lembretes), passa pela dispensação eletrônica e culmina com a checagem ‘beira leito’, ou seja, eu vou bipar o medicamento e, se houver alguma inconsistência, o profissional da saúde será alertado. Com isso, evita-se a administração de medicamentos com nomes parecidos, como dopamina e dobutamina, por exemplo, ou falhas no horário. Para ser um hospital digital, é preciso ter o prontuário eletrônico integrado em todas as áreas - acrescenta a diretora da MV.  


Por que as instituições ainda não estão avançando com o PEP?

Considerando a sensibilidade que existe no atendimento dos pacientes e a contribuição que o Prontuário Eletrônico concede nos campos da eficiência, qualidade e segurança, por que muitas instituições ainda estão fora desse jogo? 

Para Daennye, um dos principais entraves é olhar o desembolso com o PEP como um custo, algo que ainda ocorre em  muitas empresas.

Os hospitais não podem enxergar essa solução como um gasto, mas como um investimento. Quem a possui está investindo na segurança do cuidado e obtém muito mais eficiência em seus processos. Isso traz retorno e blinda o hospital de falhas graves, que podem se traduzir em onerosos passivos - observa.  


A diretora da MV também lista o fator cultural como outro empecilho a ser vencido, juntamente com a falta de conhecimento sobre os benefícios que o PEP pode proporcionar ao hospital.

Outro fator, dependendo da instituição, é a falta de profissionais preparados para o uso da tecnologia. Por isso é tão importante o investimento em capacitação.  

Tendências futuras dos prontuários

As tendências futuras dos prontuários eletrônicos (PE) estão em constante evolução, impulsionadas por avanços tecnológicos e pela necessidade de melhorar ainda mais a qualidade do atendimento ao paciente, a eficiência e a acessibilidade das informações de saúde. Aqui estão algumas das tendências emergentes:

Inteligência Artificial (IA) e aprendizado de máquina (ML)

A IA e o ML serão usados para analisar grandes volumes de dados de pacientes e fornecer insights valiosos para apoiar diagnósticos, tratamentos e prevenção de doenças.

+ Leia mais em: Uso de inteligência artificial e machine learning no prontuário eletrônico para suporte à decisão clínica

 

Segurança cibernética reforçada

Com a crescente digitalização das informações de saúde, haverá um foco maior na segurança cibernética para proteger os dados dos pacientes contra ameaças virtuais.

 

Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA)

A RV e a RA podem ser usadas para melhorar o treinamento médico, simulação de procedimentos e visualização de informações de pacientes em ambientes 3D.

 

Blockchain na saúde

A tecnologia blockchain pode ser adotada para garantir a segurança e a privacidade dos registros de saúde, bem como para rastrear a proveniência das informações de forma confiável.

+ Leia mais em: A Transformação dos Registros de Saúde com blockchain

Padrões de dados e interoperabilidade global

O estabelecimento de padrões de dados globais e a interoperabilidade entre países facilitarão a troca de informações de saúde entre sistemas em diferentes partes do mundo.


Personalização do atendimento e ênfase na experiência do usuário

Os PEPs usarão análises avançadas para personalizar o atendimento com base em dados genéticos, histórico médico e preferências do paciente. Haverá também um foco crescente na usabilidade e na experiência do usuário nos sistemas de PE, para facilitar o uso por parte dos profissionais de saúde.

Essas tendências refletem a contínua evolução da tecnologia e das práticas de cuidado da saúde, visando melhorar a qualidade, a eficiência e a acessibilidade dos registros de saúde eletrônicos. Elas têm o potencial de transformar a forma como os profissionais de saúde trabalham e como os pacientes interagem com seu próprio atendimento médico.

Em conclusão, os prontuários eletrônicos e digitais representam uma transformação fundamental no campo da saúde, trazendo benefícios significativos para o atendimento ao paciente, eficiência operacional e pesquisa médica. 

À medida que a tecnologia continua a evoluir, podemos esperar ver tendências futuras. Essas tendências promissoras têm o potencial de melhorar ainda mais a qualidade dos cuidados de saúde e impulsionar avanços na medicina, tornando os prontuários eletrônicos e digitais uma parte indispensável do cenário de saúde moderno. Conte com a MV para fazer parte do futuro!

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