Central de laudos: tecnologia muda gestão em medicina diagnóstica
Emissão de laudos a distância permite análise de dados estratégicos, mas é necessário respeitar normas vigentes no País
A central de laudos a distância é uma tecnologia que proporciona aumento da produtividade em medicina diagnóstica, mais segurança para o paciente e redução de custos de assistência médica. Ela ainda possibilita que se levem serviços de excelência a localidades mais afastadas dos grandes centros urbanos, que muitas vezes não contam com profissionais capacitados e equipamentos adequados.
A central funciona em duas etapas. A primeira é o armazenamento dos dados, com imagens e demais informações necessárias para elaboração do laudo médico guardadas em uma data center ou na nuvem. A outra etapa é o acesso e envio de informações. Com o laudo no servidor online, é possível receber e editar registros clínicos, prescrições e demais informações que foram geradas em outro lugar. Por meio de acesso remoto, o profissional tem contato com o laudo e pode compartilhá-lo com outros especialistas de cidades distintas para uma análise completa.
Deixar o caro e poluente filme radiológico de lado e aderir aos resultados em formato digital, acessados de qualquer dispositivo e em qualquer lugar, é um avanço que muda a dinâmica de um centro de diagnóstico e exige também alterações na forma como ele é gerido. Toda a informação referente aos pacientes disponibilizada no software tem valor estratégico para a organização, possibilitando que dela se extraiam indicadores e outros insights de negócios. O modelo traz maior controle dos processos, pode auxiliar na resolução de problemas e otimizar a produtividade.
O fato de concentrar toda a equipe de radiologistas em um único local também é um facilitador da gestão, que pode determinar padrões de funcionamento e elevar os níveis de atendimento. Também há otimização de tempo e recursos dos radiologistas, que podem fazer uso de ferramentas do Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens (Picture Archiving and Communication System, PACS) que ajudam a elaborar laudos com mais agilidade e assertividade, como reconhecimento de voz, reconstrução multiplanar (MPR), projeção de intensidade máxima, mínima e média (MIP/mIP/Média) e 3D (visão tridimensional).
O modelo também garante mobilidade de atuação para o centro de diagnóstico, que pode ter sua sede física localizada em São Paulo, por exemplo, mas oferecer serviços para todo o País, o que se torna uma mudança significativa no negócio, gerando a possibilidade de ampliação do faturamento.
Normas
A criação de uma central de laudos exige o cumprimento de normas para o processo de trabalho a distância, determinadas em resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM). A primeira delas é que o paciente precisa autorizar a transmissão dos dados de seus exames e procedimentos por meio de um termo de consentimento. O centro de diagnóstico deve investir em ferramentas de segurança da informação que minimizem o risco de vazamento desses dados referentes aos beneficiários atendidos.
Além disso, o Conselho Regional de Medicina (CRM) determina que o laudo a distância só pode ser realizado por empresas, com sede no Brasil e estão inscritas no conselho correspondente à localidade onde se encontram. Em caso de prestador de serviço pessoa física, é preciso portar título de médico especialista em radiologia e diagnóstico por imagem.
Ainda conforme a resolução, protocolos de comunicação, formato dos arquivos e algoritmos de compressão deverão concordar com o padrão atual DICOM e HL7. A avaliação da taxa de compressão é de responsabilidade do médico radiologista com registro no CRM. O profissional somente pode praticar a telerradiologia se tiver um hardware e um software de PACS homologados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O CRM também veda a utilização de telerradiologia para procedimentos intervencionistas em radiologia (angioplastia, embolização, implantes de stent, entre outros) e diagnóstico por imagem e exames de ultrassom.