5 perguntas para Danilo Zimmermann sobre os benefícios do Open Innovation para o futuro da Saúde Digital

O conceito de inovação aberta muito se desenvolverá nos próximos anos, potencializando as já aceleradas inovações tecnológicas. Mas, o que esse princípio pode fazer pela Saúde e o que já está sendo realizado na prática?

5 perguntas para Danilo Zimmermann sobre os benefícios do Open Innovation para o futuro da Saúde Digital

De forma cada vez mais estruturada, empresas e setores produtivos estão, literalmente, mais abertos em unir esforços e conhecimentos para buscar soluções inovadoras para antigos e persistentes desafios. Dessa dinâmica, nasceu o conceito de Open Innovation, ou inovação aberta em português, modelo que usa a colaboração entre empresas e mercado. 

Na Saúde, área vital para qualquer sociedade e campo fértil para inovação, esse princípio já está presente. Um bom exemplo vem da rede Dasa, que em 2018 começou a se aproximar de startups. 

“Nessa época, foi lançado o Cubo Health, do qual somos parceiros desde então”, relembra o diretor-geral de Tecnologia e Transformação Digital da companhia, Danilo Zimmermann 

“O desejo era criar um hub de empreendedorismo para fomentar o ecossistema de inovação em saúde e apoiar os empreendedores. Em junho de 2022, fomos além: lançamos a área exclusiva de Engajamento com Startups, visando oportunidades que pudessem entregar eficiência operacional e que melhorassem a experiência dos profissionais da saúde e dos pacientes. Hoje, a Dasa tem startups envolvidas em toda a cadeia de cuidado”, pontuou o executivo.

Nessa entrevista, Zimmermann detalhou sua visão sobre o conceito de inovação aberta e de como ela pode ser aplicada à saúde digital.

“Temos nos empenhado nestes últimos anos para levar o nosso setor a outro patamar. Com isso, a Dasa pretende ajudar o País a reduzir a inflação do segmento da saúde, hoje na casa dos 23%, uma das mais altas do mundo."

 

Qual é a sua definição pessoal de Open Innovation?

Para mim, a inovação aberta possibilita que as empresas de diferentes mercados lancem um novo olhar sobre o futuro, discutindo ideias e pensamentos que podem ser aprimorados colaborativamente e, no nosso caso, entre healthtechs e a Dasa.

A open innovation corrobora para o crescimento das empresas constantemente, acompanhando tendências, melhorando produtos e serviços, entregando mais eficiência e reduzindo custos, tudo isso somado à rapidez no desenvolvimento dos projetos. Assim, inovamos de maneira mais ágil e efetiva, endereçando muitas dores até hoje sentidas pelo mercado e promovendo mais eficiência e acesso ao setor, com mais sustentabilidade.

 

Como esse conceito pode melhorar a jornada do paciente no sistema de saúde? 

A próxima era da saúde está sendo construída agora e, necessariamente, contará com a valiosa contribuição das healthtechs. As soluções tecnológicas desenvolvidas com recursos compartilhados entre grandes e pequenas empresas otimizam aspectos importantes do modelo de saúde tradicional, trazendo rapidez e assertividade nos atendimentos e contribuindo para uma medicina mais preventiva, preditiva e personalizada, tornando o modelo de saúde mais sustentável.

A partir do momento que você tem uma rede integrada que guarda todo o histórico médico de cada paciente e une as etapas de cuidado, você reduz a repetição desnecessária de exames, acelera o início de tratamentos e torna a experiência em saúde mais fluida. Isso tem impacto direto não somente nos custos da operação, mas no que é mais importante: a saúde das pessoas.

 

O que a criação de um ecossistema colaborativo pode proporcionar para o setor brasileiro de Saúde? Quais tipos de desafios e gargalos poderiam ser resolvidos?

Para o usuário, a inovação se reflete em uma jornada de saúde mais humanizada e com menos atritos. Se um paciente realiza um exame em um dos nossos laboratórios, ele não terá que repeti-lo daqui a alguns meses em um hospital da rede. Se alguma anomalia aparecer em determinado exame, acionamos o profissional responsável e o paciente para iniciar uma investigação mais profunda, antecipando um eventual tratamento.

Isso gera economia ao sistema e, principalmente, menor impacto na vida do usuário. Isso é adotar a prática value based, na qual o objetivo é manter as pessoas saudáveis e não apenas começar a tratar quando os sintomas surgem. Trabalhando assim, é possível mudar a lógica assistencial do setor e trazer sustentabilidade. É por isso que focamos em desenvolver tecnologias capazes de mensurar o risco de doenças futuras, agilizar o atendimento, encurtar o tempo de espera de resultados e trazer mais qualidade, melhoria da experiência do cliente, assertividade e predição.

 

Você avalia que as instituições de saúde, de modo geral, estão preparadas para explorar essa abordagem de negócios? O que é preciso para inovar colaborativamente? 

Cada vez mais as grandes corporações têm se aproximado das healthtechs buscando a cocriação de ferramentas, aplicativos e outros recursos. É uma tendência que vem se consolidando não só na saúde, mas em diferentes setores.

O avanço da inovação aberta traz mais agilidade para agregar soluções e melhorar a performance, desejo de qualquer empresa. Mas, para colocar em prática esse modelo, é necessário que a instituição esteja aberta e preparada para compartilhar experiências, processos e ideias, além de ter como objetivo a busca por parceiros, que estejam alinhados aos seus propósitos.

O principal para iniciar o processo de implementação da inovação aberta é a empresa ter flexibilidade para aderir a novas culturas, ser ousada e pensar além do que já faz no dia a dia. Para isso, é essencial que haja disponibilidade para trabalhar conjuntamente e sempre de olho nas tendências.

 

O que o princípio de inovação aberta já proporcionou à Dasa? Quais transformações e projetos foram criados a partir desse conceito? 

Investimos em tecnologia e em parcerias estratégicas para a criação e oferecimento de serviços guiados por algoritmos, Inteligência Artificial e Big Data, com o propósito principal de melhorar o setor por meio da tecnologia e da inovação, tornando a saúde mais eficiente, acessível, sustentável e personalizada. Como exemplo próprio, posso destacar os ganhos em eficiência que resultaram da primeira parceria que fizemos, com a Upflux.

Com uma tecnologia chamada Process Mining, identificamos, monitoramos e otimizamos processos com o uso de Inteligência Artificial, otimizando o tempo de entrega de laudos diagnósticos, aumentando a produtividade das equipes e minimizando o tempo total de atendimentos. Iniciamos essa jornada na área de Anatomia Patológica, o que trouxe visibilidade e identificação de pontos de melhoria de cada etapa do processo, desde o recebimento da amostra até a passagem médica, reduzindo a variabilidade no processo. 

Temos diversos outros exemplos de benefícios desenvolvidos no DasAInova, o laboratório de Inteligência Artificial da Dasa, em parceria com outras healthtechs. Um deles é a redução, com o uso de um algoritmo, do tempo de realização de tomografias para vinte minutos, com a mesma precisão do fluxo tradicional. Além de maior conforto para o paciente, mais horários ficaram disponíveis e, com isso, mais pacientes podem agendar a utilização do equipamento.

A inteligência artificial também é usada para fazer a leitura de centenas de exames de imagem e pode identificar, por meio da aprendizagem de determinados padrões, se o laudo precisa ser priorizado por indicar um possível tumor. Desta forma, o diagnóstico será realizado precocemente, possibilitando iniciar o tratamento mais rapidamente, o que aumenta a chance de um melhor desfecho.  

;