Erros comuns na administração de medicamentos à beira do leito: como prevenir?

Um estudo realizado há alguns anos pelo Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP Brasil) revelou que erros de medicação são responsáveis por pelo menos 8 mil mortes no Brasil.

Erros comuns na administração de medicamentos à beira do leito: como prevenir?

Mas por mais que esse número assuste, ainda é inferior aos dados divulgados por outros países. Nos Estados Unidos, pesquisas da Harvard Medical Practice Study mostraram que ao menos 98 mil norte-americanos morrem anualmente por falhas na administração de medicamentos. No Canadá, os óbitos pelo mesmo motivo chegam a 70 mil ao ano.

Independente da nação, a conclusão é única: os dados são simplesmente assustadores e costumam resultar em longos processos judiciais e indenizações milionárias, além da destruição completa da credibilidade da instituição.

Porém, como efetivamente mudar processos internos e reduzir a possibilidade de que seu hospital seja responsável pelo aumento dessas estatísticas? Pois existem, sim, algumas ações que podem reduzir significativamente as chances de ocorrência de erros médicos na implementação de terapia medicamentosa. Pronto para conhecer alguns deles a partir de agora?

 

Pontos frágeis

O sistema de medicação envolve diversos processos, que vão de prescrição, passando pelo preparo e pela dispensação até chegar ao acompanhamento. Como as falhas podem acontecer em qualquer fase, é preciso investir em modernização dos processos de trabalho, com a inserção de monitoramento automatizado por meio de sistemas de informação.

Seja no início ou no fim do processo, os erros mais comuns praticados nas instituições de saúde são:

  • Troca de medicamentos;
  • Desconhecimento do quadro global do paciente, resultando em interações medicamentosas;
  • Aplicação de doses incorretas;
  • Uso de remédios não autorizados;
  • Administração de fármacos em horários errados.

Quer entender melhor a divisão dos equívocos? Um levantamento da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo feito há alguns anos mostrou que 77,3% dos erros na terapia medicamentosa são relativos ao horário de administração dos fármacos.

Os erros de dosagem respondem por 14,4% das falhas e as trocas na via de administração ocorrem em 6,1% dos erros dessa natureza. Por fim, medicamentos não autorizados (1,7%) e troca de paciente (0,5%) completam o rol de erros na assistência a quem procura os hospitais e prontos-socorros do país.

Analisando atentamente esses dados e conhecendo as altas cargas de trabalho semanais a que estão sujeitos técnicos em enfermagem, enfermeiros e médicos, não é difícil concluir que o imenso volume semanal de pacientes atendidos simultaneamente, além da rotina estressante e da imensa responsabilidade assistencial inerente ao cargo explicam boa parte dos erros listados acima.

O grande problema é que poucos hospitais no Brasil são efetivamente informatizados, o que significa que muitos procedimentos de controle administrativo que deveriam ser feitos por sistemas de informação são de fato executados manualmente por esses especialistas. Isso aumenta as chances de erros.

 

Mudanças estruturais

Um diretor administrativo hospitalar que quer reduzir as chances de erros de medicações em sua instituição deve, inicialmente, enxugar processos manuais com o auxílio do prontuário eletrônico e de sistemas de gestão de alta performance.

Tais recursos podem ser facilmente adquiridos via Software como Serviço (SaaS), uma nova forma de oferta de serviços de TI em que software, hardware e infraestrutura são contratados mediante assinatura mensal. Com isso, paga-se um valor proporcional à quantidade de módulos adquiridos (custos personalizáveis), viabilizando a aquisição dos serviços até por hospitais de médio porte, sem grande ônus financeiro.

Um prontuário eletrônico:

  • Possui recursos de disparo de alertas para a administração de cada medicamento, permitindo que, desde que o sistema esteja instalado, esses alertas sejam enviados para o dispositivo móvel do técnico em enfermagem;
  • Mapeia e controla eletronicamente e em tempo real todo o processo de administração de medicamentos, da prescrição à dispensação à beira do leito, com supervisores e enfermeiros-chefe podendo acompanhar tudo o que a equipe faz, fortalecendo controles e aprimorando processos de revisão;
  • Provê sistema automatizado de conferência de dados, reduzindo as chances de troca entre medicamentos e pacientes;
  • Assegura bloqueio em caso de acesso não autorizado;
  • Diminui o percentual de erros na administração de medicamentos e reduz o desperdício de fármacos.

Como você pode ver, a implementação do prontuário eletrônico do paciente busca justamente a melhora nos cuidados assistenciais e a redução de erros em tratamentos. No Brasil, as instituições de saúde só perceberam recentemente o altíssimo retorno sobre o investimento que a informatização pode trazer em processos internos, acelerando atendimento, dando mais dinamismo ao giro de leitos, reduzindo erros médicos, fortalecendo a credibilidade do hospital e, é claro, melhorando a margem de lucro com o enxugamento de rotinas e a maior eficiência nas atividades administrativas.

Além disso, ter sistemas de gestão que proporcionem o agendamento eletrônico, o controle automatizado de estoques, o gerenciamento da ocupação de salas e equipamentos e uma classificação automatizada de riscos encurta o caminho dos hospitais que almejam alcançar acreditações como ONA e HIMSS, ligadas ao uso de recursos tecnológicos no aprimoramento da assistência ao paciente.

 

Case de sucesso

A diretoria do Hospital Unimed Recife III decidiu modernizar seus procedimentos, informatizando sua rede e trazendo para dentro de suas rotinas administrativas a digitalização completa das informações. Com o prontuário eletrônico, os detalhes das prescrições são disponibilizados pelo médico no consultório e, em tempo real, podem ser visualizados pelo setor de enfermagem.

Assim, os enfermeiros têm maior tranquilidade para separar os medicamentos e administrá-los com segurança, sem os altos custos com papel, sem os riscos da ilegibilidade das anotações médicas manuais e municiados com todo o histórico do paciente, já que as informações estão ao alcance das mãos de cada profissional.

Segundo a então supervisora da equipe de enfermagem da instituição, Ana Paula de Farias:

“O PEP da MV é uma ferramenta de trabalho que ajuda muito a enfermagem no dia a dia da assistência. Passadas as barreiras culturais, torna-se um instrumento rico e facilitador. As checagens de medicação ocorrem em tempo hábil, impedindo que o funcionário tente burlar o horário em que administrou a medicação prescrita”.

A supervisora ainda aponta outros benefícios práticos desse tipo de ferramenta, como o registro do balanço hídrico, onde o enfermeiro não precisa perder tempo usando a calculadora para fazer cálculos, ainda arriscando errar na conta. Isso se traduz em aumento da produtividade de cada profissional e no aprimoramento no tratamento dos pacientes. Tudo isso contribui para uma mudança completa na assertividade da administração de medicamentos e, por consequência, na eficiência hospitalar.

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