Preparando seu hospital para o processo de certificação HIMSS
No longínquo ano de 1997, 70% dos hospitais norte-americanos com mais de 100 leitos já haviam iniciado a implantação do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP).
No Brasil, até 2012, o percentual de hospitais com sistema eletrônico de registro sequer ultrapassava os 5%. Esse diferencial competitivo no setor, bem como a busca pela melhoria na qualidade de atendimento decorrentes do PEP que fizeram com que o reconhecimento da Health Information and Management Systems Society (HIMSS) e a adoção do Electronic Medical Record Adoption Model (EMRAM) se tornassem prioridade para todo gestor hospitalar. Ainda não conhece bem esses termos ou não sabe como alcançar a certificação? Então veio ao post certo! Entenda agora mesmo como tudo isso funciona:
HIMSS
A Health Information and Management Systems Society (HIMSS) é uma associação internacional de extremo prestígio perante o setor da saúde. Fundada na década de 1960, em Chicago, a HIMSS hoje já atua em todos os pontos do mundo e, entre suas atividades, vale a pena citar o congresso anual realizado nos Estados Unidos intitulado HIMSS Conference, o programa de desenvolvimento e a certificação profissional para TI na saúde (CPHIMS), além, é claro, do Electronic Medical Record Adoption Model (EMRAM) ou modelo de adoção do registro médico eletrônico, um modelo elaborado pela HIMSS para ser seguido pelas instituições de saúde, a fim de que se creditem para receber a chancela de excelência em desenvolvimento tecnológico hospitalar. Essa iniciativa evidencia o objetivo máximo da HIMSS: estimular o uso da Tecnologia da Informação pelo setor de saúde.
Quando o assunto é TI em saúde, essa é a certificação mais desejada. Para que você tenha uma ideia do nível dificuldade na obtenção desse reconhecimento, o número de instituições brasileiras que alcançaram seu penúltimo nível (nível 6) não passam de uma dezena.
Estágios
- Estágio 0: Ausência completa de informatização. Não há LIS (sistema para laboratórios), RIS (radiologia), tampouco PHIS (farmácia).
- Estágio 1: LIS, RIS e PHIS já instalados ou resultados de exames disponíveis na web a partir de prestadores de serviços externos.
- Estágio 2: Repositório de dados clínicos (CDR) instalado e centralizado. Pode ter um Vocabulário Médico Controlado (CMV), um sistema de apoio à decisão clínica ainda rudimentar, voltado à conferência básica de interações. Já há alguma capacidade de intercâmbio de informação clínica-assistencial. A partir dessa etapa, as implementações passam a ser mais trabalhosas.
- Estágio 3: Documentação de enfermagem presente no prontuário eletrônico. Sistema de suporte à decisão clínica (CDSS) para verificação de erros durante a prescrição e pedidos de exames. PACS disponível fora da radiologia.
Estágio 4: Sistema de prescrição e pedidos de exames instalado em ao menos uma área assistencial. Sistema de apoio à tomada de decisão baseado em protocolos clínicos. - Estágio 5: PACS completo com a substituição dos filmes radiográficos em favor da flexibilidade e extrema qualidade das imagens digitais. Essa etapa merece maiores investimentos, ao ser a inserção desse tipo de sistema garantirá melhorias significativas no fluxo de trabalho da instituição.
- Estágio 6: Sistema completo de suporte à decisão, circuito fechado de gerenciamento de medicação. Há a possibilidade de tratar dados clínicos por meio de análises estatísticas.
- Estágio 7: PEP completo e integração máxima em todos os departamentos do hospital. Data Warehousing abastece relatórios complexos, contendo resultados clínico-assistenciais trabalhados por soluções em Business Intelligence (BI). O nível 7 do EMRAM é tão excepcional que, no Brasil, nenhum hospital conseguiu alcançá-lo (ainda).
EMRAM
Até o final de 2014, a HIMSS já havia avaliado cerca de 8 mil hospitais em todo o mundo. Na Europa, existem mais de 1.500 instituições contempladas com um dos níveis mais elevados do EMRAM, sendo 2 hospitais em estágio 7. Há ainda 46 centros de saúde condecorados com o nível 6. Lembrando que o EMRAM subdivide os níveis de maturidade digital hospitalar em uma escala de 0 a 7. Já nos Estados Unidos, em torno de 3% dos hospitais já atingiram o estágio 7.
Esses dados mostram o quanto o Brasil ainda está desalinhado em relação aos padrões internacionais de informatização, uma vez que até o final do mesmo ano, apenas 9 instituições foram classificadas segundo o EMRAM, com apenas 2 hospitais reconhecidos oficialmente como estágio 6: o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e o Hospital da Unimed de Recife.
O modelo EMRAM, base para a certificação da HIMSS, teve sua primeira versão lançada em 2005. É composto por 8 níveis crescentes de digitalização dos serviços de saúde, sendo o primeiro estágio 0 e o último, de número 7. Tratam-se, portanto, de estágios progressivos, com requisitos mínimos para enquadramento em cada patamar.
Avaliação
A avaliação da HIMSS é composta, basicamente, por 3 fases. Na primeira, o hospital deve responder a um questionário subjetivo, cujas respostas são processadas eletronicamente para, ao final, indicar em que estágio o hospital possivelmente está. Caso a instituição seja classificada nos estágios 6, parte-se para a segunda etapa, um processo específico para validar se o hospital detém e está realmente usando os recursos tecnológicos como deveria. Essa segunda fase se dá por meio de 2 avaliações: o preenchimento de outro questionário subjetivo (de 60 questões e muito mais aprofundado), que será avaliado pela equipe HIMSS Analytics, e uma web conferência.
Confirmando-se a legitimidade do hospital nos estágios 6 ou 7, chega a hora de partir para a terceira e última etapa: uma vista in loco à instituição por auditores da HIMSS, que percorrerão todo o hospital, conversando com enfermeiros, médicos, recepcionistas e pacientes para, só então, decidir pela certificação e em qual nível chancelá-lo.
Importância
Inovações tecnológicas geram melhorias claras na assistência e na segurança do paciente. O PEP, por exemplo, redimensiona o poder de atendimento da rede, uma vez que o sistema agora congrega, em uma única plataforma, anamneses, guias de internação, relatórios médicos, histórico de atendimento e demais documentos emitidos eletronicamente e relacionados ao mesmo paciente, ainda que tenham sido gerados por setores diversos.
Aumenta-se a produtividade com a eliminação do tempo gasto por funcionários na procura por fichas, além de ainda reduzir a ocorrência de erros médicos por pura ilegibilidade. O mais importante, promove uma significativa redução de custos de forma geral.
Em pouco tempo, milhares de folhas deixam de ser consumidas, não só cortando gastos como liberando espaço de arquivamento. Aí se tem uma brecha e tanto para ampliar a capacidade de leitos do hospital, por exemplo. O atendimento passa a ser mais rápido porque a busca é acelerada.
Os dados se tornam mais completos, facilitando o diagnóstico assertivo. O controle de estoques também é fortalecido, já que, cada vez que um paciente é medicado, um alerta eletrônico pode ser disparado, avisando à farmácia sobre a necessidade de reposição, bem como ao setor de compras, que deve ficar atento ao estoque mínimo e ao ponto de pedido.
Para proporcionar todas essas vantagens é que a HIMSS foi criada, difundindo pelo mundo a importância de aliar tecnologia aos cuidados médicos. O objetivo do modelo EMRAM é estimular a excelência na prestação de serviços de saúde, ápice que só pode ser alcançado pelos hospitais que têm nas soluções de TI seu mais poderoso parceiro.
Aliás, que tal conhecer agora quem é o cliente MV que recebeu a certificação inédita da HIMSS no Brasil e descobrir como ele conseguiu essa façanha?