Saúde digital: os aprendizados dos CIOS na complexa missão de coletar e analisar dados

Com a maturidade digital das instituições de Saúde e uma melhor governança das informações, a tomada de decisão a partir de informações estruturadas viabiliza maior eficiência operacional e qualidade no atendimento

Saúde digital: os aprendizados dos CIOS na complexa missão de coletar e analisar dados

A digitalização e o uso estratégico de dados são elementos centrais para que todas as instituições possam evoluir rumo à Saúde Digital e usufruir de todas as possibilidades e benefícios de sua dinâmica. Afinal, cada informação extraída dos dados é de suma importância para corrigir rotas e planejar o futuro da assistência e do negócio com mais assertividade, sempre em busca de ter uma operação mais acessível, segura, com menos desperdícios e com maior qualidade.

Embora a ciência de dados na Saúde tenha evoluído bastante nos últimos tempos, ainda há muito aprendizado para ser analisado e incorporado pelas instituições que querem ter uma atuação centrada no correto uso da informação, sem deslizar na escolha da estratégia adequada. Para Alexandre Dias Freitas de Jesus, Superintendente de TI da Dasa, a área de dados na gestão em Saúde, que inclui todas as informações assistenciais, tem sido uma das mais desafiadoras do ponto de vista tecnológico, justamente pela dificuldade em analisar um volume gigantesco de informação para poder extrair inteligência.

“Nesse sentido, uma solução possível é apostar em equipes que mesclam profissionais da área de TI com outros da Saúde efetivamente, para que o envolvimento de todos colabore para a construção de valor desses dados”, sugere Alexandre, lembrando que informações dos setores médicos, de enfermagem e de outras áreas assistenciais é de enorme importância para que seja possível evoluir na estratégia de dados na Saúde Digital.

“Enquanto já temos inúmeros indicadores movidos por dados no backoffice, na área assistencial ainda há pouca elaboração de conteúdo que gere valor em Saúde”, Alexandre Dias Freitas de Jesus, Superintendente de TI da Dasa

Marcello Lazzarini, CIO do Hospital Mater Dei (MG), lembra ainda que é preciso observar o nível de maturidade digital de cada instituição antes de definir a melhor estratégia de dados: “O que acontece, normalmente, é que a área de análise de dados nasce a partir da confecção de relatórios, o que torna a governança do dado em si um ponto crítico que precisa ser discutido.”

Uma vez discutidos melhor pontos de importância dessa agenda, como as tecnologias que devem ser usadas para coleta e análise de dados, a grande pergunta que deve ser feita por cada instituição é: em que ponto queremos chegar com essa informação?

“Aqui no Mater Dei, por exemplo, essa estruturação ocorreu a partir da vontade de ter uma área de administração de dados, que começasse mapeando o local onde o dado nasce, o padrão adotado e seu formato, para trazer uma certa governança e organizar a estrutura de BI. Somente depois dessa primeira etapa, passamos a discutir o uso de data science ou analytics, rumo a uma assistência mais eficiente”, descreve Lazzarini.

Mas há também quem fez diferente e primeiro conquistou a certificação do HIMSS 7 para ganhar mais força para a estratégia de dados, como foi o caso da Unimed Sorocaba (SP), segundo seu CIO, Luis Terciani: “A certificação nos deu o requisito daquilo que precisávamos para conquistar a maturidade de dados que temos hoje”, resume.

“A maturidade para a estratégia de dados acontece quando a instituição começa a ter a ideia de pertencimento das informações e até mostrá-las para o próprio paciente”, Luis Terciani, CIO da Unimed Sorocaba

Dados na saúde

A LGPD tem impulsionado a estratégia de dados para entender melhor os motivos por trás de cada informação apurada: “Começamos a fazer perguntas-chave, como “por que eu preciso dessa informação restrita e não devo divulgá-la sem consentimento?”, conta Luis Terciani. Isso ajudou a definir quais dados eram importantes de serem analisados dentro do volume existente.

Marcello Lazzarini complementa que essa maturidade para coletar apenas dados relevantes é importante até para que a assistência prestada tenha mais qualidade: “A redundância de dados, ou informações irrelevantes no contexto clínico, podem até atrapalhar uma tomada de decisão ou até virar um indicador sem a devida importância”, finaliza.

*Conteúdo apurado no HIS 2022.

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