Programas de Atenção à Saúde: por que eles interessam à gestão de operadora

Mais que tratar doenças, operadoras devem voltar suas estratégias para prevenção; conheça alguns passos para promover essa transformação fundamental para a sustentabilidade das organizações

Programas de Atenção à Saúde: por que eles interessam à gestão de operadora

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Os conceitos de medicina preditiva e preventiva são bastante conhecidos no mercado de saúde, mas ainda pouco aplicados. Englobam uma série de iniciativas que visa trazer um olhar voltado para o bem-estar e qualidade de vida, não mais somente para tratamento e cura de doenças. Na gestão de operadoras, parte desse esforço é executado por meio da criação de Programas de Atenção à Saúde.

A ideia por trás de ações desse tipo é monitorar a saúde dos beneficiários e entregar um cuidado que antecede à doença ou possíveis tratamentos. É um modelo que leva a prestação do serviço ao seu cerne. "A saúde passa a ser core business e é preciso trabalhá-la na sua amplitude", aponta Luciano Mantelli, fundador da consultoria Fourge e do LabSaúde, iniciativa cujo foco é colocar o cuidado e o autocuidado como propósito central do sistema de saúde.

Para o especialista, esse tipo de abordagem já era uma questão importante para a gestão de operadoras, mas hoje é fundamental tanto para garantir a sustentabilidade do negócio quanto a satisfação do beneficiário.

"Atualmente, não faz mais sentido para essas organizações e tampouco é sustentável — nem a médio prazo — focar somente na gestão de sinistralidade e custo", afirma.

Para migrar para esse modelo de atuação, porém, Mantelli ressalta a necessidade de entender que  prevenção e predição devem deixar de ser apêndices e se transformar na essência do existir de uma operadora.

"Os conceitos se tornam o próprio modelo assistencial, que passa a ser mais amplo, longitudinal. Entende-se que o formato antigo [de tratar a doença] não deixa de existir, mas se expande, englobando outros aspectos da qualidade de vida e do bem-estar humano."

Em tempos de expansão das health techs, entregar esse tipo de assistência se torna também um diferencial competitivo para a gestão de operadora. Na visão do especialista, no entanto, não há grandes embates entre os dois formatos de organização.

"Acredito que essas health techs têm surgido com boas entregas, mas elas têm um olhar muito tecnicista, do aplicativo ser mais importante que o resultado que ele proporciona. Não acho que sejam  a solução, mas com certeza irão acelerar a transformação, porque elas preenchem lacunas no mercado."

 

Apoio à gestão

Com o atendimento cada vez mais personalizado, os Programas de Atenção à Saúde proporcionam à gestão de operadora abraçar a necessidade de individualização da assistência. O primeiro passo para alcançar esse patamar, na opinião de Mantelli, é modificar o mindset da entrega de valor. "Fazer mais do mesmo não vai funcionar", sintetiza.

Nesse sentido, há também uma questão tecnológica que precisa ser endereçada: quanto maior a personalização, mais complexa se torna a realização de um acompanhamento eficiente quando baseado apenas na capacidade humana. Assim, investimentos inteligentes em Saúde Digital se tornam uma necessidade.

"Não é a tecnologia pela tecnologia, mas entender o papel dela no negócio e promover a transformação a partir dessas possibilidades", diz.

Mantelli ressalta que é importante pensar na tecnologia como um meio para a construção de um canal de conversa entre profissionais de Saúde e pessoas, com intuito de  entregar o autocuidado apoiado — conceito onde o paciente se torna corresponsável pela própria qualidade de vida, auxiliado pela equipe multidisciplinar de saúde e pela própria gestão da operadora.

O especialista destaca também a inteligência artificial como grande aliada, sendo ela uma tecnologia que pode auxiliar não apenas na questão de diagnóstico e predição em saúde, mas também para:

"Melhorar a experiência e a entrega de valor dentro de processos de personalização", salienta.

Outras tecnologias que promovem interfaceamento com o cliente, como chatbots, robôs e mesmo aplicativos, também entram na lista de prioridades da gestão de operadora que quer adotar o modelo, segundo Mantelli.

"Essas tecnologias, que fazem o meio de campo entre indivíduo e profissionais de Saúde, vão ajudar muito a ganhar escala e possibilitar a personalização que o conceito exige."

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Investir em Atenção Primária à Saúde (APS) é outro ponto que proporciona qualidade no atendimento ao beneficiário - cada vez mais exigida pelo mercado.

"A APS é um conceito que traz amplitude ao modelo assistencial que buscamos promover, focado na qualidade de vida dos indivíduos", aponta.

Também é na APS, continua ele, que a gestão da operadora alcança um exemplo prático de abordagem que tira o foco da doença e migra para um conjunto de cuidados planejados.

"É da própria natureza da atenção primária não limitar somente à medicina preventiva, mas sim construir vínculos."

Dessa forma, a gestão da operadora garante sustentabilidade financeira no futuro e, principalmente, realiza sua razão de existir: tornar os indivíduos e a população como um todo mais saudável e menos dependente do sistema de Saúde.

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