Gestão hospitalar: guia rápido sobre desafios e tendências
Descubra com especialistas como a gestão hospitalar está evoluindo com o uso de tecnologia, integração de processos e capacitação profissional.
A gestão hospitalar é um campo dinâmico e cada vez mais essencial para garantir a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde. Em um ambiente onde os desafios operacionais, a fragmentação dos processos e a adoção de novas tecnologias estão em constante transformação, a atuação dos gestores hospitalares se torna vital para assegurar o bom funcionamento das instituições e a excelência no atendimento ao paciente.
Neste artigo, iremos explorar os principais conceitos, tendências e desafios da gestão hospitalar, baseados em conversas com especialistas como Cláudia Hermínia, mestre em gestão de serviços de saúde, e Jeferson Sadocci, diretor corporativo de Mercado e Cliente da MV. Além disso, discutiremos o impacto da transformação digital, a importância de uma visão sistêmica e as soluções para superar a fragmentação no setor de saúde, trazendo uma perspectiva completa sobre o futuro da gestão hospitalar.
O que é gestão hospitalar?
A gestão hospitalar é a área responsável pela administração e organização de todas as atividades em um hospital, clínica ou outro estabelecimento de saúde. Seu objetivo principal é garantir que os processos internos funcionem de forma eficiente, assegurando a qualidade do atendimento prestado aos pacientes, a segurança nos procedimentos e a agilidade nos serviços.
Esse campo de atuação envolve muitas de responsabilidades, como:
- Controle de estoques de materiais e medicamentos;
- Gestão de plantões e horários de profissionais;
- Administração financeira da instituição;
- Coordenação de exames e transferências de pacientes.
E para isso, o gestor de saúde precisa ter uma visão ampla do funcionamento de cada setor para garantir a integração entre as áreas e a continuidade dos serviços. Ele também toma decisões estratégicas para otimizar recursos, melhorar a infraestrutura e manter a sustentabilidade da instituição.
Além disso, a gestão hospitalar atua diretamente na melhoria da eficiência operacional, buscando soluções que minimizem erros, como glosas (não pagamento de procedimentos), reduzam o no-show (faltas de pacientes), e promovam o bem-estar tanto dos pacientes quanto dos colaboradores. Isso torna o papel do gestor essencial para o funcionamento harmonioso do ambiente hospitalar.
A complexidade da gestão hospitalar exige que o profissional seja bem capacitado e preparado para lidar com os desafios diários, mantendo o equilíbrio entre os aspectos operacionais, financeiros e humanos da instituição.
Importância da visão sistêmica na gestão hospitalar
A visão sistêmica na gestão hospitalar é essencial para que gestores compreendam o funcionamento interligado de todos os setores de uma instituição de saúde. Como destacado por Cláudia Hermínia em sua conversa com Jeferson Sadocci para o MVCast, a especialista em gestão hospitalar, diz que essa visão abrangente vai além do conhecimento específico da saúde e requer uma compreensão dos diversos departamentos que compõem a operação hospitalar, como lavanderia, nutrição, serviços terceirizados (facilities), além da assistência direta ao paciente.
A fragmentação dos departamentos pode ser um obstáculo significativo, pois os profissionais tendem a focar apenas nas atividades de suas áreas, dificultando uma gestão integrada e eficaz. Quando promovidos a cargos de liderança, muitos gestores podem enfrentar dificuldades em visualizar a operação hospitalar como um todo, o que afeta a tomada de decisões estratégicas.
A visão sistêmica, portanto, permite que o gestor hospitalar tome decisões mais assertivas, entendendo como as diferentes áreas (clínicas, administrativas, operacionais) impactam umas às outras. Essa perspectiva integrada é essencial, principalmente em um ambiente complexo como o hospitalar, onde diferentes áreas de atuação, desde o atendimento ao paciente até o suporte operacional, precisam funcionar em harmonia para garantir a eficiência e a segurança no atendimento.
A aplicação de tecnologia e a integração de sistemas de informação são ferramentas que podem auxiliar nessa visão sistêmica, melhorando a comunicação entre os setores e a gestão dos recursos e processos. O gestor hospitalar, capacitado tanto na área de saúde quanto na de administração, consegue utilizar esses sistemas para otimizar operações, reduzir erros e fragmentações, e manter um foco comum: o bem-estar do paciente.
Tecnologia na gestão hospitalar
Jeferson Sadocci, diretor corporativo de mercado e cliente da MV, destaca um desafio importante na tecnologia aplicada à gestão hospitalar, ele diz que "muitos gestores ainda enxergam a tecnologia como um custo, e não como um investimento estratégico. Essa visão pode prejudicar a adoção de soluções que, na realidade, são essenciais para a transformação digital no ambiente hospitalar e a otimização dos processos internos."
A tecnologia na gestão hospitalar tem se tornado uma ferramenta indispensável para garantir eficiência, segurança e agilidade nos serviços de saúde. Ela permite a integração de dados, facilita a tomada de decisões e melhora a qualidade do atendimento, impactando positivamente tanto na administração interna quanto na experiência dos pacientes. Algumas maneiras pelas quais a tecnologia está transformando a gestão hospitalar são:
- Prontuários eletrônicos (EHR/EMR)
- Sistemas de gestão integrados (ERP);
- Telemedicina e monitoramento remoto;
- Inteligência artificial (IA) e análise de dados;
- Sistemas de agendamento e gestão de filas;
- Automação de processos.
A transformação digital e a jornada digital agregam valor significativo ao paciente e à operação hospitalar, ao facilitar o acesso a informações, melhorar o atendimento e otimizar fluxos de trabalho. No entanto, essa mentalidade de ver a tecnologia apenas como um gasto operacional faz com que muitos gestores percam oportunidades de melhorar a eficiência, a segurança e a qualidade dos serviços de saúde.
Sadocci reforça que a verdadeira transformação digital vai além de simplesmente adquirir equipamentos; trata-se de implementar soluções que impactam positivamente toda a operação e a experiência do paciente, tornando o hospital mais sustentável e inovador.
Desafios e fragmentação na gestão de saúde
Os desafios e a fragmentação ocorrem principalmente pela falta de coordenação entre diferentes níveis de atenção, sistemas de informação desconectados e excesso de especialização, o que gera dificuldades para um cuidado contínuo e centrado no paciente. Os principais desafios e fatores que contribuem para a fragmentação são:
- A falta de integração entre a atenção primária, secundária e a terciária que dificulta o acompanhamento contínuo dos pacientes, resultando em duplicação de exames e tratamentos;
- Sistemas de prontuários eletrônicos que não se comunicam, o que limita a troca de informações essenciais entre diferentes profissionais e instituições;
- Falta de generalistas ou profissionais de atenção primária, o que cria lacunas no cuidado integral, dificultando o acompanhamento contínuo do paciente.
Com tudo, Cláudia Hermínia apresenta como solução, a necessidade de integração entre a capacitação profissional e o uso de sistemas de informação sólidos para superar a fragmentação do setor.
A ideia central é que um profissional, seja da área assistencial ou de gestão, precisa ser capacitado para atuar de maneira eficiente em ambas as áreas. Não basta ser um gestor sem entendimento profundo de saúde, assim como não adianta ser um excelente profissional da saúde sem conhecimentos de gestão.
A verdadeira eficácia surge quando gestores têm a capacidade de agregar profissionais qualificados e formar equipes com um propósito comum como mencionado no tópico "Importância da visão sistêmica na gestão hospitalar" deste texto.
A necessidade de políticas públicas polidas
A necessidade de políticas públicas sólidas na saúde no Brasil é evidente, especialmente devido à falta de clareza e continuidade nas iniciativas governamentais. Embora existam boas intenções e propostas iniciais, há uma carência de implementação eficaz e de ações que sejam levadas até a conclusão.
Cláudia Hermínia, com sua vasta experiência, ressalta a fragilidade política que frequentemente afeta a saúde pública. Ela menciona que, embora tenha havido avanços e um maior interesse em capacitar gestores na área de saúde, ainda há lacunas nas políticas públicas substanciais que sejam focadas em melhorar a saúde da população de maneira sustentável.
O desenvolvimento de gestores capacitados para atuar em diferentes níveis do sistema de saúde, como secretarias municipais e estaduais, tem se mostrado uma mudança positiva. Instituições educacionais estão investindo mais na formação de profissionais com uma visão sistêmica da saúde, entendendo que a gestão de saúde não envolve apenas conhecimento clínico, mas também uma compreensão estratégica e holística do setor.
Portanto, para que as políticas públicas na saúde avancem, é necessário haver um maior comprometimento político e o desenvolvimento contínuo de gestores que possam garantir a implementação eficaz das políticas e práticas que realmente atendam às necessidades da população.
O futuro da gestão hospitalar
O futuro da gestão hospitalar está profundamente ligado à capacidade de integrar tecnologia, visão sistêmica e capacitação profissional para enfrentar os desafios atuais e futuros do setor. A fragmentação na gestão de saúde e a falta de políticas públicas sólidas são obstáculos que podem ser superados com uma abordagem integrada e o uso de soluções tecnológicas que melhorem o fluxo de informações e a eficiência operacional.
Neste contexto, o gestor hospitalar do futuro precisará ser um profissional multifacetado, com conhecimentos tanto na área assistencial quanto em gestão. Isso permitirá que ele tome decisões estratégicas e agregue equipes para garantir um cuidado contínuo e centrado no paciente.
Além disso, a adoção de sistemas de informação robustos e uma mentalidade que veja a tecnologia como investimento estratégico serão cruciais para que hospitais mantenham sua competitividade e sustentabilidade no mercado.
Acompanhe a conversa entre Cláudia Hermínia e Jeferson Sadocci para aprofundar ainda mais esses temas e entender como as lideranças estão moldando o futuro da gestão hospitalar e ouça mais conteúdos de valor no MVCast.