Gestão hospitalar: 3 passos para destravar barreiras de progressão no atendimento
Atrasos na liberação de medicamentos, de pré-certificação para níveis mais baixos de atendimento ou até para internações são responsáveis por 36% das interferências nos fluxos de atendimento.

Sem tempo para ler? Clique no player abaixo para ouvir.
Ter um fluxo de atendimento contínuo no cuidado com a saúde é fator essencial não apenas para garantir que o paciente receba toda a atenção necessária, mas também para assegurar que não haja complicadores à gestão hospitalar.
Um estudo realizado pela empresa norte-americana Care Logistics aponta algumas das principais barreiras que impedem o fluxo contínuo e impactam na segurança do paciente. Por exemplo: atrasos médicos afetam um paciente, em média, por 48 horas e 30 minutos, resultando em um atraso de mais de dois dias na sequência do atendimento.
Outras barreiras comuns citadas pelo levantamento incluem:
- Medicamentos: Responsável por 11% dos atrasos;
- Atuação de médicos (como atraso em consultas, demora nos procedimentos e disponibilização de resultados): Ocasiona 12% do total de interrupções do fluxo;
- Diagnósticos e procedimentos (pendências em resultados, avaliação terapêutica, agendamento de diagnósticos, atrasos laboratoriais): Responsáveis por 13,4% de atrasos;
- Liberação (seja de medicamento, de pré-certificação para níveis mais baixos de atendimento, ou internações): Responsáveis por mais de 36% das interferências nos fluxos de atendimento.
É imprescindível o acompanhamento dessas barreiras para garantir a sua mitigação. Assim, tecnologias de análise preditiva, como a criação de padrões de eficiência e seu monitoramento por meio de salas de situação, tornam-se aliadas da administração do hospital para a garantia da segurança do cuidado.
"Na saúde, mais especificamente na jornada do paciente dentro dos hospitais, as análises preditivas podem trazer insights significativos para diminuir pontos de atrito e interrupção de progresso", afirma Wagner Sanchez, coordenador acadêmico do MBA em Health Tech da FIAP.
O especialista elenca três fatores fundamentais para a gestão hospitalar observar e, assim, reduzir ocorrências e garantir a otimização do fluxo assistencial:
1. Investir em tecnologia
Ferramentas para realizar análise preditiva trazem a eficiência exigida à progressão do atendimento, tornando o cenário de previsões possível e auxiliando na tomada de decisão em prol da eliminação das barreiras.
"Sistemas computacionais permitem a realização das análises preditivas, utilizando-se das tecnologias de inteligência artificial, machine learning, data science, business intelligence e outras, que dependem de dados coletados na jornada do paciente", complementa.
O especialista cita especificamente o machine learning como método de análise e interpretação de dados fundamental para sistematizar o desenvolvimento de modelos matemáticos com uso de algoritmos.
"O aprendizado de máquina permite que os sistemas computacionais encontrem insights ocultos sem serem programados especificamente para procurar algo."
Em última instância, o modelo traz, também, ganho de competitividade para a instituição que utiliza essa tecnologia em favor da gestão.
2. Garantir a qualidade dos dados
Garantir a credibilidade de informações para promover assertividade nas análises é um desafio na busca por melhores previsões. Para Sanchez, as lideranças precisam, antes de tudo, assegurar a confiabilidade de dados. O especialista ressalta que é igualmente importante para a gestão do hospital ter consciência da importância desse tipo de investimento, porque a coleta de dados tende a demandar tempo.
"Imagine um projeto de um grande hospital recém-inaugurado que precisa coletar dados por pelo menos seis meses para só depois produzir conhecimento a partir deles. É um cenário que geralmente desestimula investimentos na coleta, no armazenamento e garantia de qualidade dos dados, fatores tão importantes para a saúde digital."
3. Dar visibilidade as análises
Uma vez que as coletas foram realizadas e as análises começam a ser feitas, é preciso monitorar. Dessa forma, é possível identificar onde está o problema e corrigi-lo, mitigando seu aparecimento em atendimentos futuros.
Nesse sentido, criar padrões e estabelecer uma sala de situação para monitorá-los é um caminho para a erradicação das barreiras.
"É essencial que gestores invistam em unidades que possam identificar, coletar e garantir a qualidade dos dados. Todo esse processo auxilia na criação dos sistemas de predição e, por consequência, é um importante apoio para mitigar as barreiras da jornada do paciente", afirma Sanchez.
O especialista salienta que, nesse cenário, CIOs, CTOs e demais executivos da alta gestão hospitalar, como presidentes, entram como, "Protagonistas na implantação destas unidades de comando e controle, patrocinando o projeto e visando minimizar as resistências".
Uma vez estabelecidos esses três passos elencados pelo especialista da FIAP, é possível trazer visibilidade às análises e facilitar o monitoramento em tempo real, o que garante à gestão hospitalar consequente aumento na receita, maior reembolso e redução de dias evitáveis, além, claro, da segurança na assistência ao paciente — fator primordial para destravar as barreiras de progressão.