Especial #3: a transformação digital na Saúde Pública

Uso de ferramentas tecnológicas pode ajudar a reduzir filas e melhorar o atendimento ao cidadão, além de permitir gerenciamento inteligente

Especial #3: a transformação digital na Saúde Pública

A transformação digital é um movimento que afeta organizações de todos os setores — incluindo a Saúde Pública. Para que o caminho da digitalização seja trilhado, é preciso ter em mente que se trata de um investimento que proporcionará retorno tanto financeiro quanto na qualidade do atendimento prestado ao cidadão, mesmo diante de dificuldades como problemas estruturais ou no  repasse de verba. 

Os impactos produzidos pela transformação digital no setor privado tendem a ser os mesmos na Saúde Pública. Ainda assim, no universo de 5.570 municípios brasileiros, avanços tecnológicos são raridades. A maioria das unidades de Saúde faz seus registros totalmente em papel, o que significa que não chegam nem ao primeiro estágio do processo, sendo a digitalização dos documentos.

Ao mudar essa realidade, a Saúde Pública pode se utilizar de ferramentas tecnológicas para a definição de políticas públicas. Os dados recolhidos pelos sistemas informatizados são utilizados para elaborar planejamento estratégico que permite, por exemplo, identificar alta na demanda por consultas com um especialista em determinada região e, assim, fazer o remanejamento dos cidadãos que necessitam do serviço entre as unidades de Saúde que o oferecem. A medida ajuda a reduzir filas de espera por consultas e exames e a melhorar a percepção do usuário em relação à qualidade do serviço.

A transformação digital também auxilia o trabalho de consórcios intermunicipais de Saúde, grupos formados por municípios próximos entre si a fim de suprir a demanda por atendimento especializado. Com sistemas informatizados e integrados, é possível otimizar a gestão das vagas oferecidas e agilizar todo o processo de marcação de consultas e exames na região atendida.

O mesmo ocorre no caso da criação de uma Central de Regulação municipal. Ferramentas tecnológicas otimizam e agilizam o fluxo de trabalho e é mais fácil saber onde há vagas e cidadãos que precisam delas quando está tudo na tela do computador — ou de qualquer dispositivo móvel, como tablets, smartphones, entre outros.

A atuação das equipes do Programa Saúde da Família também pode mudar com a transformação digital. Isso porque o acesso imediato ao Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), por meio de dispositivos móveis, facilita a coleta e integração de informações sobre os territórios monitorados pelos agentes comunitários.

 

Prevenção

Outro auxílio da tecnologia à Saúde Pública está na forma como se lida com surtos e epidemias de doenças como dengue, Febre Amarela, Chikungunya e Zika vírus. A transformação digital possibilita a realização de estudos epidemiológicos que auxiliam o planejamento e atendimento da demanda gerada por essas situações atípicas.

Com o uso inteligente das informações obtidas por meio dos sistemas informatizados, é possível, por exemplo, compartilhar estatísticas que detectam anormalidades de forma instantânea. Como em casos de surtos e epidemias o tempo é crucial, avisos imediatos sobre situações fora do comum podem reduzir a incidência de contaminações, já que é possível colocar em prática medidas preventivas.

Por falar nelas, a transformação digital na Saúde Pública permite também auxiliar o indivíduo a alcançar qualidade de vida, ou seja, evitar as doenças. Por meio de informações cruzadas que possibilitam identificar grupos populacionais com mais chance de desenvolver determinadas patologias, é possível criar programas para evitá-las.

No caso de cidadãos que já têm uma doença crônica como Diabetes, por exemplo, é possível monitorá-los a fim de evitar complicações como internações ou cirurgias, com custo elevado e podem deixar sequelas para toda a vida. Praticar a medicina preventiva significa, portanto, reduzir os custos do setor, que podem ser empregados em outros tipos de melhorias, como ampliação da rede de atendimento.

A transformação digital é um caminho sem volta, mesmo para a Saúde Pública. Os impactos da mudança serão sentidos principalmente a longo prazo, para colocar o cidadão cada vez mais no centro do atendimento. Não se trata apenas de questão tecnológica, mas de alterar como se cuida da saúde, incluindo regulamentação, controle e segurança das informações.

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