ESG: muita teoria e pouca prática? com Lídia Lima

Lídia Lima conversa sobre o cenário do ESG na saúde, abordando os avanços, desafios, e o papel de todos os envolvidos para uma implementação eficiente dessa prática.

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O conceito ESG, que engloba práticas voltadas ao meio ambiente (Environmental), responsabilidade social (Social) e governança corporativa (Governance), está cada vez mais presente no setor de saúde. A incorporação desses pilares nas instituições contribui para um cuidado mais sustentável e ético, atraindo tanto pacientes quanto investidores que valorizam a responsabilidade social e ambiental. 

Para explorar algumas das principais questões envolvendo esse conceito, o MVCast convida Lídia Lima, Presidente Executiva do Projeto Hospitais Saudáveis, a compartilhar sua visão sobre as reais preocupações ambientais, de governança e responsabilidade social que moldam o futuro das empresas.

 

O cenário atual do ESG na saúde: o conceito é realmente utilizado?

Nos últimos anos, a sigla ESG (Environmental, Social, and Governance) tornou-se amplamente conhecida e discutida, especialmente no setor da saúde. Durante a pandemia de Covid-19, o conceito ganhou destaque, pois evidenciou a importância de práticas sustentáveis e éticas nas instituições de saúde. Porém, com o retorno à normalidade, muitos se perguntam: será que o ESG continua sendo efetivamente aplicado na saúde?

 

O que o ESG trouxe de novo para as instituições?

A implementação do ESG trouxe uma série de avanços para o setor de saúde, principalmente em termos de transparência e responsabilidade socioambiental. Este conceito impulsionou instituições de saúde a adotarem práticas de gestão mais robustas e sustentáveis. 

Dessa forma, as empresas começaram a se movimentar e querer aprender sobre o conceito e tornar essa estrutura mais organizada. No aspecto ambiental, isso inclui a correta destinação e redução de resíduos hospitalares, minimizando os riscos de impacto ambiental.

“Se as empresas e instituições de saúde conseguem ter uma noção dos riscos enfrentados, como abrandar esses riscos?”, questiona Lídia, que também é Presidente da Comissão de Gerenciamento de Resíduos e Responsável Ambiental do Complexo Hospitalar de Clínicas da UFPR.

 

Quais os principais gargalos das instituições de saúde em relação a esse conceito?

Segundo Lídia, uma compreensão clara dos riscos é essencial para que instituições de saúde consigam mitigá-los. Especificamente no setor de saúde, esses riscos são inúmeros e abrangem desde questões ambientais, como o descarte de resíduos, até riscos sociais, como condições de trabalho e segurança dos pacientes.

Uma maneira eficaz de minimizar esses riscos é através de uma análise criteriosa dos processos e da implementação de protocolos de segurança. Por exemplo, o processo de autoclave, essencial para esterilização de materiais, é um ponto crítico que precisa de supervisão contínua e de normas específicas para garantir sua eficácia. 

Outra questão importante envolve as diferentes interpretações das regulamentações sobre o tratamento de resíduos. Muitas instituições ainda enfrentam dificuldades para seguir à risca a legislação de tratamento de resíduos hospitalares, o que representa um risco tanto ambiental quanto regulatório.

Além desses gargalos técnicos, muitas instituições também lidam com a falta de uma cultura organizacional consolidada em torno do ESG. Sem uma conscientização de todos os setores, desde a alta gestão até os funcionários operacionais, o conceito tende a perder força, transformando-se em uma prática isolada ou superficial.

 

ESG: o que o social realmente significa para as instituições de saúde

No setor de saúde, o pilar social do ESG vai além de programas sociais externos. Ele também engloba a segurança e o bem-estar dos colaboradores. A Norma Regulamentadora NR-32, por exemplo, estabelece diretrizes para a proteção dos trabalhadores dos serviços de saúde. Garantir o cumprimento dessa norma não é apenas uma obrigação legal, mas também uma forma de valorizar e proteger os profissionais, reduzindo riscos de acidentes e doenças ocupacionais.

A dimensão social do ESG exige que as instituições de saúde se comprometam com a diversidade e inclusão, assegurando ambientes de trabalho éticos e igualitários. Isso significa criar políticas de combate ao assédio, promover a igualdade de oportunidades e oferecer condições seguras de trabalho. Implementar essas práticas não apenas protege os colaboradores, mas também fortalece a cultura organizacional e melhora o atendimento aos pacientes.

 

Quem deve ser responsável por essa prática?

Embora muitos acreditem que o ESG deve ter uma liderança definida, o ideal é que essa responsabilidade seja compartilhada por todos os setores da instituição. Cada área, do administrativo ao operacional, deve se engajar nas práticas ESG para que elas se tornem parte da cultura das instituições de saúde. 

Quando todos entendem e participam desse esforço, o ESG deixa de ser apenas um conceito teórico e torna-se uma prática constante e enraizada no dia a dia da organização.

 

Qual o papel da tecnologia para garantir que os projetos de ESG saiam do papel?

A tecnologia é uma aliada fundamental para garantir que os projetos de ESG sejam mais do que apenas intenções no papel. Ferramentas de monitoramento e análise de dados, por exemplo, ajudam a medir o impacto ambiental das atividades hospitalares e a identificar pontos de melhoria nos processos. Soluções digitais também podem ajudar a acompanhar a conformidade com normas trabalhistas, como a NR-32, e a otimizar o controle de resíduos e a eficiência energética das instalações.

Além disso, plataformas digitais permitem que as instituições monitorem a eficiência e a segurança dos seus processos internos. Sistemas de gestão integrada facilitam o monitoramento contínuo dos indicadores ESG e permitem uma resposta rápida e precisa em caso de não conformidade. 

Com a tecnologia, as instituições de saúde têm a possibilidade de criar processos de auditoria mais eficazes e garantir que as boas práticas ESG sejam aplicadas de forma consistente.

Para entender mais sobre essa conversa e o futuro do ESG nas instituições de saúde, convidamos você leitor a conferir a entrevista completa com Lídia Lima, no episódio 4 do MVCast, já disponível em nosso canal do Youtube! Disponível também em nossos canais no Spotify e Deezer. https://linktr.ee/mvcast

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