Central de Material e Esterilização: o que é e sua importância

CME aliada às tecnologias desempenha enorme papel na saúde, sobretudo, no contexto da Covid-19

Central de Material e Esterilização: o que é e sua importância

Central de Material e Esterilização, Central de Materiais Estéreis ou Central de Material Esterilizado são variações de nomes para um setor que no hospital possui vários objetivos, entre eles: limpar, desinfetar e esterilizar materiais, instrumentos ou instrumentais de uso na assistência à saúde, mantendo-os isentos de vírus e/ou bactérias até o momento de seu uso pelas equipes médicas ou multidisciplinares da área clínico-assistencial. Apesar da sua importância no controle de infecções, a CME no Brasil não teve a justa valorização por um longo período devido, entre outras razões, à falta de conhecimento sobre a sua relevância na assistência à saúde e os seus impactos na segurança do paciente.

Até a década de 50, a Central de Material e Esterilização era semicentralizada e o fluxo de suas atividades, além de demorado, era pouco eficiente. Com o aprimoramento de técnicas e processos de limpeza, preparo, desinfecção, esterilização e armazenamento de itens, como roupas cirúrgicas e instrumentais para uso em cirurgias, a CME ganhou impulso e reconhecimento consideráveis.

Com o aumento da atenção a esse setor nos hospitais, em setembro de 1991, foi criada uma sociedade com o viés técnico e visando propor normas e padronizações nas ações cotidianas dos profissionais que trabalham na central. Surgiu, assim, a Sociedade Brasileira de Enfermeiros do Centro Cirúrgico, também conhecida como SOBECC e que, no contexto da CME, é responsável por propor recomendações de boas práticas referentes às áreas do Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Central de Material Esterilizado.

A eficácia da CME na gestão hospitalar torna-se ainda mais evidente com a incorporação de tecnologias. Atividades de controle realizadas manualmente, por meio de planilhas, podem ser substituídas por sistemas automatizados que mantêm equipes e gestores informados a todo momento, auxiliando na mitigação de eventos adversos no atendimento a pacientes. Com a utilização de sistemas de gestão, acompanha-se ainda todo o fluxo de trabalho em cada fase do processo de desinfecção e/ou esterilização facilitando, inclusive, a interação com outros setores.

Afinal, junto ao Centro Cirúrgico e ao Controle de Infecção, a Central de Materiais e Esterilização compõe uma tríade para rastreamento preciso de instrumentos nas fases pré e pós-cirúrgicas, com o registro de eventuais infecções associadas a procedimentos, sejam invasivos ou não. Nos processos da CME, a incorporação de outros recursos tecnológicos como os códigos bidimensionais Data Matrix aumentam a segurança e o controle, fazendo com que a central esteja em consonância com diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, cirurgia segura.

Desempenhando um papel preciso nas instituições de saúde, a Central de Materiais e Esterilização ganha outro destaque no atual contexto de pandemia provocada pela disseminação em larga escala da Covid-19. Foram, por exemplo, definidos pela SOBECC protocolos de fluxo de atendimento para pacientes (com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus) no Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Endoscopia.

Os rígidos procedimentos da CME representam não só o cuidado com quem está em atendimento como também com os profissionais que prestam serviços e diariamente estão em contato com fatores de elevado risco à saúde. Para isso, o trabalho desenvolvido na garantia de total isenção da presença de vírus e/ou bactérias deve seguir sérias normas técnicas, como as estabelecidas pela Anvisa, no Brasil, e pelo Centro de Controle de Doenças (CDC), nos Estados Unidos.

*Por Leonardo Santos 

Farmacêutico-bioquímico especialista em Farmacologia, Informática em Saúde e Fontes Radioativas seladas “in vitro”, é consultor na MV e possui vasta experiência em gestão de projetos e gestão hospitalar.

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