6 formas de usar inteligência artificial para otimizar o diagnóstico da Covid-19
Além de agilizar o processo de análise, a tecnologia permite ao médico tomar decisões mais assertivas com relação ao diagnóstico e tratamento e, também, priorizar casos mais graves
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A inteligência artificial (IA) é tida há algum tempo como ferramenta essencial no aprimoramento do trabalho realizado pelas organizações de Saúde mundo afora. A detecção dos primeiros casos de Covid-19 no mundo pela healthtech canadense BlueDot é um exemplo recente desse esforço conjunto: nove dias antes do alerta oficial emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o algoritmo da startup já havia prenunciado o surto para seus clientes.
A identificação de possíveis calamidades públicas é apenas uma das razões pelas quais a inteligência artificial deve ser explorada pela saúde. No caso do coronavírus, uma vez imposta a emergência, a tecnologia continuou a ser aplicada em prol do diagnóstico, otimizando a tomada de decisão. "Acredito que a IA veio para somar", diz Ralph Couto Damázio, gerente de produto de medicina diagnóstica da MV.
O especialista aponta seis formas de utilizar a IA para otimizar o diagnóstico de Covid-19. Saiba mais:
1 — Detecção de achados anormais de radiografia de tórax
Com a tecnologia atrelada ao Sistema de Comunicação e Arquivamento de Imagens (Picture Archiving and Communication System, o PACS), principal solução de armazenamento de imagens disponível em medicina diagnóstica, é possível evidenciar se um caso é suspeito (com dados como opacidade em vidro fosco e localização das lesões) ou, ainda, se há um diagnóstico alternativo — tudo com 95% de acurácia, mitigando os riscos de uma avaliação incorreta.
"A IA mostra o comprometimento dos pulmões e realiza o pré-diagnóstico antes mesmo da avaliação do radiologista", destaca Damázio.
2 — Apoio ao diagnóstico radiológico
Uma vez captadas as informações pelo PACS, a inteligência artificial prioriza os casos mais graves e os lista para análise do profissional de radiologia, garantindo a segurança do paciente que necessita do atendimento primeiro.
"O médico não precisa trabalhar no escuro, por ordem alfabética ou mesmo por ordem de chegada", explica Damázio.
A tecnologia ainda permite fazer o cruzamento de dados, a fim de detectar comorbidades ou mesmo se o paciente faz parte de grupos de risco. Segundo o especialista, esse tipo de informação pode ser, inclusive, usada pelo algoritmo para melhorar a avaliação.
3 — Identificação de outras anormalidades comuns
Ainda na linha de diagnósticos, há a possibilidade de detectar condições que podem agravar o quadro do paciente, ou mesmo realizar diagnóstico alternativo — para o caso de a suspeita de coronavírus ser eliminada. Damázio afirma que a IA pode identificar diversas anomalias por meio do raio-x de tórax, entre elas: cardiomegalia, enfisema pulmonar e derrame pleural.
4 — Celeridade às análises e monitoramento de pacientes positivos
Além do apoio ao diagnóstico, o especialista explica que a inteligência artificial otimiza a produtividade do radiologista ao ajudá-lo a analisar uma quantidade maior de informações.
"Muitos médicos têm receio de apoiar o uso da tecnologia com medo de perder empregos, mas isso é uma falácia, porque o olhar humano sempre será fundamental na tomada de decisão", afirma.
A IA também agiliza o atendimento e otimiza o acompanhamento de pacientes já diagnosticados.
"Sabemos que fazer uma tomografia é complexo, seja porque nem todos os lugares possuem o equipamento disponível exclusivamente para Covid-19, seja porque a desinfecção de toda a sala depois de cada atendimento consome muito tempo", comenta Damázio.
"Dessa forma, a IA é um instrumento importante tanto para agilizar o diagnóstico quanto para acompanhar a progressão de pacientes pós-diagnóstico positivo."
5 — Auditoria radiológica
A inteligência artificial serve também como forma garantir que apenas os exames necessários são realizados. O especialista da MV exemplifica com um cenário no qual um determinado paciente, que já foi identificado com um diagnóstico "normal", continua retornando ao médico que, por sua vez, solicita mais exames.
"Se está tudo bem, por que o médico continua pedindo exames? Essa é uma forma de utilizar a IA para economizar recursos e trazer segurança, porque além de ser custoso para a instituição de Saúde, é prejudicial ao paciente expô-lo desnecessariamente à radiação."
6 — Mais assertividade, melhor cuidado
No futuro, a inteligência artificial poderá ser usada além da avaliação com imagem, segundo Damázio. A tecnologia contribuirá, assim, para uma medicina com foco na prevenção, bem como na criação de planos de cuidados personalizados.
"Ao analisar o prontuário eletrônico, o algoritmo pode cruzar histórico clínico, comparar exames laboratoriais e de imagem e fazer as predições", garante o especialista.
Portanto, seja para mapear e acompanhar populações de risco, seja para apoiar o acompanhamento de pacientes já diagnosticados, uma coisa é fato: a inteligência artificial tende a fazer parte, cada vez mais, da rotina da gestão de medicina diagnóstica.