Como lidar com os custos da Saúde após crises como a atual pandemia

Setor, que é um dos mais atingidos, deve aceitar mudanças como fator de sobrevivência

Como lidar com os custos da Saúde após crises como a atual pandemia

Épocas de adversidade sempre estiveram presentes na história da evolução humana. A Covid-19 não apenas se tornou uma ameaça à Saúde como estabeleceu crises econômicas e de governança global. Ainda que a pandemia tenha fortalecido o isolacionismo social e intensificado um recuo temporário da globalização, também estimulou o surgimento de uma nova onda de cooperação internacional, semelhante à ocorrida no pós-Segunda Guerra Mundial. Apesar disso, o momento que é de instabilidade e imprevisibilidade torna fundamental a conscientização de pessoas e instituições para as mudanças. Aceitá-las e promover adaptações para, por exemplo, lidar com os custos da Saúde, é agora fator de sobrevivência.

A conjuntura que resultou em redução de receitas e aumento de custos tem inúmeras causas, dentre as quais, três se destacam:

1. Aumento da população idosa na carteira de beneficiários das operadoras de Saúde, o que implica em maiores despesas com assistência, seja pela complexidade do perfil de morbidade e perda da capacidade funcional desse grupo ou pela maior frequência de utilização, duração e intensidade do recurso empregado no tratamento;

2. Sobrecarga de leitos de UTI pelo volume de doentes acometidos pela Covid-19 e a relação direta disso com a menor rotatividade de ocupação hospitalar;

3. Demandas reprimidas de cirurgias eletivas suspensas em decorrência da pandemia, gerando perdas de receita e um cenário que pode englobar diagnósticos mais onerosos e, principalmente, mais graves devido à demora no atendimento programado.

Como o novo coronavírus também deixou evidente o déficit de leitos públicos e privados, a desigualdade geográfica desses recursos e outras fragilidades do sistema, a elevação dos custos da Saúde será inevitável a partir do aumento do valor cobrado por procedimentos médicos que, futuramente, serão repassados às operadoras de Saúde. Apesar do congelamento nos reajustes dos preços de medicamentos — conforme Medida Provisória nº 933 de março de 2020 — e dos planos de Saúde — ainda em discussão a partir de um projeto de lei e de uma recomendação da FenaSaúde e da Abramge —, tais medidas posteriormente apresentarão as devidas correções ao setor.

Apesar de tudo isso, algumas tendências no pós-crise podem ser encaradas como oportunidades. A mudança de cultura relacionada a busca por uma vida mais saudável, os cuidados com a higiene básica e as precauções nos ambientes públicos, por exemplo, podem levar a uma maior percepção da necessidade de incremento da medicina preventiva e até mesmo de investimentos em recursos que parecem não ter relação com a saúde, mas estão diretamente associados: como o saneamento básico.

Além disso, a iminente infecção pelo novo coronavírus torna necessária por parte das operadoras de Saúde a oferta de planos que englobam atenção primária e grupos específicos (idosos, por exemplo). Com foco na integralização do cuidado, essas estratégias podem promover maior eficiência na gestão de operadoras e, de forma geral, nos custos da Saúde.

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Nesse novo normal, dois desafios se destacam junto aos gestores do setor:

1 - Entendimento do mercado: saber diferenciar aqueles que vendem mais caro por aproveitamento de outros que, se não elevarem os preços, provarão a bancarrota.

2 - Restrição de custos: no novo normal, tudo é importante, mas restringir os custos é e será muito mais. Sejam operadoras de Saúde, serviços hospitalares, órgãos municipais e estaduais, clínicas, consultórios, SADTs ou fornecedores de insumos. Quem não adotar a prática, quebrará. Nessa conjuntura, não basta saber calcular — atividade típica de um contador. É hora de saber conter. Esse é o papel do gestor que, para isso, pode utilizar ferramentas simples que permitam flexibilizar e simular os diversos cenários com rapidez.

 

Por Eduardo Ceccon

Especialista em Finanças, Controladoria, Auditoria e Gestão Empresarial e consultor na MV. Sua atuação na empresa ao longo de mais de 17 anos conduz os clientes da área da Saúde a verdadeiras mudanças de paradigmas.

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