3 estratégias para avançar na HIMSS

Certificação chancela instituições com processos operacionais e assistenciais apoiados pela tecnologia, concedendo o status de Hospital Digital

3 estratégias para avançar na HIMSS

A transformação digital é parte importante da construção de um sistema de Saúde baseado em valor. Nesse contexto, o principal objetivo de muitas organizações é conquistar a chancela de Hospital Digital, que possibilita a total integração e otimização de dados e processos por meio da tecnologia. A Sociedade de Informação em Saúde e Sistemas de Gestão (Healthcare Information and Management Systems Society — HIMSS) é uma associação internacional, responsável pela certificação hospitalar mais respeitada em termos de evolução tecnológica.

A sociedade certificadora foi fundada na década de 1960, em Chicago. Hoje atua em todos os pontos do mundo desenvolvendo atividades como o congresso anual (HIMSS Conference, nos Estados Unidos), o programa de desenvolvimento, a certificação profissional para TI em Saúde (CPHIMS) e também o Electronic Medical Record Adoption Model (EMRAM), que funciona como um modelo para implementação de bancos de dados médicos, que deve ser seguido pelas instituições de Saúde para a concessão da chancela de excelência do Hospital Digital.

Claudio Giulliano, diretor da Folks, consultoria especializada em informática para a saúde e gerência o HIMSS Analytics no Brasil, explica a importância dessa certificação.

"O objetivo final é ser um hospital que usa a tecnologia intensamente, tanto nos processos assistenciais quanto de backoffice. Do lado da assistência, o modelo amplia a segurança do paciente, melhorando diversos indicadores que podem ser acompanhados com eficácia pelo gestor. O mesmo ocorre nos processos de backoffice, alcançando a organização como um todo e trazendo redução de custos e consequente aumento de receitas."

 

Estágios

Giulliano explica que a certificação da HIMSS é conhecida internacionalmente como um guia, uma espécie de manual de transformação digital na área de saúde.

“O método de trabalho contempla requisitos de processos, de tecnologias, que vão sendo colocados em prática pelo hospital aos poucos. Para subir de estágio, a instituição tem de cumprir os requisitos.”

O especialista destaca cada um deles: 

  • Estágio 0: Ausência completa de informatização. Não há Sistema para Laboratórios (LIS), Sistema para Radiologia (RIS), tampouco Sistema para Farmácia (PHIS). 
  • Estágio 1: LIS, RIS e PHIS já instalados ou resultados de exames disponíveis na web a partir de prestadores de serviços externos. 
  • Estágio 2: Repositório de dados clínicos (CDR) instalado e centralizado. Pode ter um Vocabulário Médico Controlado (CMV), um sistema de apoio à decisão clínica ainda rudimentar, voltado à conferência básica de interações. Já há alguma capacidade de intercâmbio de informação clínica-assistencial. A partir dessa etapa, as implementações passam a ser mais trabalhosas. 
  • Estágio 3: Documentação de enfermagem presente no prontuário eletrônico. Sistema de suporte à decisão clínica (CDSS) para verificação de erros durante a prescrição e pedidos de exames. PACS disponível fora da radiologia. 
  • Estágio 4: Sistema de prescrição e pedidos de exames instalado em ao menos uma área assistencial. Sistema de apoio à tomada de decisão baseado em protocolos clínicos. 
  • Estágio 5: PACS completo com a substituição dos filmes radiográficos em favor da flexibilidade e extrema qualidade das imagens digitais. Essa etapa merece maiores investimentos, ao ser a inserção desse tipo de sistema garantirá melhorias significativas no fluxo de trabalho da instituição. 
  • Estágio 6: Sistema completo de suporte à decisão, circuito fechado de gerenciamento de medicação. Há a possibilidade de tratar dados clínicos por meio de análises estatísticas. 
  • Estágio 7: PEP completo e integração máxima em todos os departamentos do hospital. Data Warehousing abastece relatórios complexos, contendo resultados clínico-assistenciais trabalhados por soluções em Business Intelligence (BI).

 

Estratégias

Giulianno explica que a instituição que deseja alcançar a chancela de Hospital Digital deve traçar um projeto consistente para a escalada de estágios. Ele enumera três estratégias cruciais para se avançar na HIMSS:

 

1 - Planejamento

É preciso estabelecer um processo ordenado para que a instituição se torne digital. Não dá para se transformar do dia pra noite. Contar com um cronograma com metas reais de implementação é fundamental para quem deseja percorrer o longo caminho que leva aos mais altos estágios da acreditação da HIMSS.

O planejamento ainda permite identificar claramente quais são as metas a ser alcançadas e criar indicadores que ajudarão o gestor a medir o sucesso do projeto.

 

2 - Escolha do sistema

O sistema de gestão hospitalar e demais ferramentas que serão adotadas pelo hospital, como o PEP, devem ser escolhidos com cuidado. A instituição não consegue chegar ao Estágio 7 se a tecnologia não cumpre os requisitos exigidos pela certificação hospitalar.

A escolha consciente deve ser feita com base nas necessidades de cada organização, mas também naquilo que determina cada etapa da certificação. Antes dela, porém, o hospital deve conhecer cada um dos seus processos e de que forma aquele determinado sistema irá atuar para torná-lo mais eficiente.

 

3 - Promoção do engajamento

Com planejamento definido, processos mapeados, tecnologia implementada, o fundamental é garantir o engajamento. É necessário envolver todo o hospital para uma busca de processos mais bem definidos que otimizem a assistência e o backoffice.

A mudança de mentalidade não só da gestão, mas da equipe inteira é fundamental para o desenvolvimento no caminho da HIMSS. E ela deve acontecer desde o início do projeto, para permear todas as etapas e garantir a máxima usabilidade das ferramentas. 

Para uma transformação digital visando a obtenção da chancela da HIMSS, o consultor alerta que é natural enfrentar desafios. O principal deles é que ter um ambiente digital pressupõe um hospital sem papel, mas essa mudança é cultural e de longo prazo, já que exige interoperabilidade tanto interna quanto externa dos sistemas. Essa integração requer uma nova cultura em todo o setor, além de mudanças na relação entre operadoras e prestadores de serviços — algo que apenas começou na realidade brasileira.

Na visão do especialista, é essa interoperabilidade que permitirá a reformulação na maneira como a assistência é prestada no Brasil, proporcionando o valor na Saúde que se discute e almeja.

Notícias MV Blog

;