Medicina diagnóstica: crise obriga gestores a se reinventarem

Com a alta taxa de desemprego, 2,6 milhões de brasileiros perderam convênios médicos nos últimos dois anos, gerando quebra de demanda de exames e exigindo mudanças para que centros de diagnóstico.

Medicina Diagnóstica: crise obriga gestores a se reinventarem

A crise financeira do País afetou praticamente todos os setores do mercado econômico, e a saúde não ficou de fora. Conforme os dados mais recentes divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), nos últimos dois anos, 2,6 milhões de brasileiros perderam seus planos de Saúde. Em 2015, cerca de 1,18 milhão de pessoas deixaram de contar com assistência médica privada. Em 2016, foram mais 1,37 milhão. O impacto é sentido por todas as organizações de saúde suplementar, incluindo aquelas que atuam com medicina diagnóstica

A contratação do plano de saúde está diretamente ligada à empregabilidade e/ou ao poder de compra. Uma vez que o País vivencia um cenário econômico desfavorável, com 14,2 milhões de brasileiros desempregados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), diversos custos são cortados e o impacto reflete nos planos de saúde, visto que mais de 80% deles são de vínculos empresariais, conforme a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde). 

O cenário desfavorável também causa impacto para os centros de diagnóstico por imagem, que operam atrelados aos planos de saúde, como ressalta a professora do curso de Biomedicina da Universidade Metodista de São Paulo, Gláucia Dehn Mahana.

“A falta de convênio médico impacta diretamente na diminuição das atividades do setor de Saúde como um todo. Sabe-se que hoje os médicos utilizam muitos recursos de exames de imagens como apoio ao diagnóstico e, portanto, se há menos pacientes na Saúde Suplementar, consequentemente há menos pedidos, o que pode prejudicar o funcionamento se não forem tomadas medidas para redução de custos e otimização dos resultados .”

A era da transformação digital pode auxiliar gestores de centros de diagnóstico por imagem a se reinventarem para enfrentar a crise, na avaliação da especialista. Isso porque, com o uso do Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens (Picture Archiving and Communication System — PACS, na sigla em inglês) e do Sistema de Informações de Radiologia (Radiology Information System — RIS) integradamente, é possível mudar a maneira como se opera o centro de diagnóstico, com possibilidade de redução de custos sem perder a qualidade do atendimento.

Estes sistemas armazenam todos os exames de imagem, permitem a elaboração de laudos a distância e possuem funcionalidades como reconhecimento de voz e reconstrução de imagens. Também podem ajudar a criar indicadores e localizar pontos que precisam ser melhorados na gestão do centro de diagnóstico. Eles ainda contribuem para o meio ambiente, pois não há mais necessidade de imprimir os exames em filme radiológico com o uso de placas de fósforos altamente poluentes. Aqui também é possível reduzir custos, pois todos os dados ficam armazenados digitalmente.

A tecnologia já está presente nos centros de diagnóstico, mas a evolução proporcionada pelo avanço da engenharia biomédica permite desenvolver equipamentos e softwares mais eficientes, que ajudam a reduzir custos, conforme avalia Gláucia. 

 

Integração

Além da integração RIS e PACS,  os sistemas podem ser conectados também ao Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Essa possibilidade facilita o acesso do médico às informações do paciente, já que exames de imagem também ficam disponíveis no sistema, sem a necessidade de novos pedidos. 

O uso dessas ferramentas na medicina diagnóstica permite ainda a criação de uma central de laudos, que proporciona aumento da produtividade em medicina diagnóstica, mais segurança para o paciente e redução de custos de assistência médica. A central ainda permite que se levem serviços de excelência a localidades mais afastadas dos grandes centros urbanos, que muitas vezes não contam com profissionais capacitados e equipamentos adequados.

Esse modelo permite concentrar toda a equipe de radiologistas em um único local, o que também é um facilitador da gestão e pode ajudar na redução de gastos, além de determinar padrões de funcionamento e elevar os níveis de atendimento. Também há otimização de tempo e recursos dos radiologistas, que podem usar ferramentas do PACS e RIS que ajudam a elaborar laudos com mais agilidade e assertividade.

Apesar do momento delicado da economia, os gestores dos centros de medicina diagnóstica têm à disposição essas e outras opções para se reinventar e sobreviver no mercado, oferecendo qualidade a custos competitivos.

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