Interoperabilidade em sistemas de informação de saúde: desafios, iniciativas e caminhos futuros

Descubra os principais desafios e benefícios da interoperabilidade na saúde com a visão de Jacson Barros, especialista da AWS.

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A interoperabilidade tem sido um dos temas mais discutidos nos bastidores do setor de saúde, principalmente à medida que a tecnologia evolui e a troca de informações se torna cada vez mais crucial para a eficiência e segurança dos serviços de saúde. 

Para entender melhor os desafios, benefícios e perspectivas dessa integração digital, convidamos Jacson Barros, gerente de desenvolvimento de negócios da saúde na AWS, para compartilhar sua visão. 

Em uma entrevista exclusiva para a MVCast, Jacson fala sobre as tendências e o que está sendo debatido no setor, destacando como a interoperabilidade pode transformar o cuidado ao paciente e otimizar a gestão de dados nas organizações de saúde. Não perca essa conversa rica sobre o futuro da saúde digital!

 

O que é interoperabilidade no setor de saúde

A interoperabilidade no setor de saúde refere-se à capacidade dos sistemas e plataformas de saúde de se comunicarem de forma eficiente, permitindo o compartilhamento de dados entre instituições, profissionais e dispositivos. Isso garante que as informações do paciente, como histórico médico, exames e tratamentos, sejam acessadas e compartilhadas de maneira padronizada e precisa. Jacson Barros, ressalta que a interoperabilidade não deve ser vista como uma obrigação, mas como uma ferramenta estratégica para melhorar a eficiência e a integração do sistema de saúde.

A implementação da interoperabilidade melhora significativamente a qualidade do atendimento, proporcionando uma visão mais completa do quadro clínico do paciente. Com acesso a dados atualizados, os profissionais podem tomar decisões mais rápidas e precisas, evitando duplicações e erros médicos.

Jacson destaca que a interoperabilidade facilita diagnósticos rápidos e tratamentos eficazes, ao mesmo tempo que contribui para a gestão eficiente dos recursos, reduzindo custos ao evitar redundâncias. Ele também enfatiza que esse processo deve ser gradual, com foco na segurança e na eficiência dos dados compartilhados.

 

Componentes e requisitos da interoperabilidade

A interoperabilidade na saúde é fundamental para que diferentes sistemas e organizações possam trocar informações de forma eficiente, segura e compreensível. Ela envolve a integração de dados, sistemas e processos, o que permite uma visão ampla da saúde do paciente e a melhoria no atendimento médico. 

Para que isso ocorra, há componentes essenciais e requisitos que devem ser atendidos como, por exemplo: 

 

  • Técnica: conexão física e comunicação entre sistemas;
  • Semântica: compreensão mútua dos dados por diferentes sistemas;
  • Organizacional: integração de processos entre instituições;
  • Processual: padronização dos fluxos de trabalho.

Além destes componentes, para que a interoperabilidade ocorra de forma eficaz, é necessário cumprir uma série de requisitos que garantem a qualidade, segurança e acessibilidade dos dados. Esses requisitos incluem:

 

  • Padrões e protocolos (HL7, FHIR);
  • Políticas de governança e compartilhamento;
  • Segurança e privacidade dos dados (criptografia, LGPD);
  • Conformidade legal e regulatória;
  • Capacitação dos profissionais;
  • Infraestrutura tecnológica robusta.

Concluindo, a interoperabilidade na saúde não é apenas uma questão de tecnologia, mas de estratégia e colaboração. Como ressaltado por Jacson Barros, o verdadeiro desafio não está na falta de ferramentas ou padrões, mas na confiança e vontade de implementar soluções que coloquem o paciente no centro do sistema de saúde. 

Para os sistemas poderem conversar e compartilhar informações de maneira fluida, é fundamental focar na aplicação prática desses requisitos, desde a utilização de padrões técnicos até a capacitação de profissionais e a implementação de políticas de segurança e governança. Dessa forma, é possível transformar a interoperabilidade em um instrumento poderoso para melhorar a qualidade e a eficiência do atendimento na saúde.

 

Benefícios da interoperabilidade para o sistema de saúde

 

Melhoria na qualidade do atendimento ao paciente

A interoperabilidade permite que os profissionais de saúde tenham acesso a informações completas e precisas dos pacientes em tempo real, independentemente de onde essas informações foram geradas. Isso resulta em diagnósticos mais rápidos e precisos, já que o histórico completo do paciente pode ser acessado e utilizado para tomadas de decisões mais informadas. 

Segundo Jacson, essa questão de disponibilizar todos os dados do paciente para o profissional médico pode agilizar o atendimento e melhorar a qualidade do tratamento, embora ainda haja desafios de confiança e adaptação ao sistema de compartilhamento.

 

Continuidade do cuidado

A interoperabilidade facilita a transição do paciente entre diferentes níveis de atendimento, como atenção primária, especializada e farmacêutica. Um dos maiores problemas atualmente é a falta de comunicação entre esses níveis. 

Um exemplo dado por Jacson foi o paciente que vai ao posto de saúde, depois é encaminhado para o hospital e, posteriormente, retorna ao posto. Muitas vezes, os profissionais de cada etapa não têm ideia do que aconteceu nas outras fases, o que pode resultar em duplicação de exames, tratamentos inadequados ou descoordenados. 

A interoperabilidade resolve isso, permitindo que todos os dados de saúde do paciente fluam de forma contínua entre os pontos de cuidado.

 

Redução de custos

A interoperabilidade contribui significativamente para a redução de custos operacionais ao eliminar a redundância de exames e procedimentos desnecessários. Quando os dados são compartilhados de maneira eficiente, há menos necessidade de repetir exames ou procedimentos, o que economiza recursos tanto para os pacientes quanto para as instituições de saúde. Isto é, as decisões de redução ou aumento de custos devem ser equilibradas com os ganhos de eficiência proporcionados pela interoperabilidade.

 

Empoderamento do paciente

Quando os pacientes têm acesso fácil aos seus dados médicos, eles se tornam mais ativos e informados sobre sua própria saúde. Isso promove a autonomia e o empoderamento do paciente, pois ele pode participar de maneira mais ativa nas decisões de tratamento. 

Jacson menciona que o paciente deve ser o ator central na exigência pela interoperabilidade, pois, quando o paciente exige esse compartilhamento e se torna responsável por seus dados, ele também se torna um "auditor" natural do sistema, ajudando a monitorar possíveis erros ou inconsistências.

 

Segurança dos dados

Embora a interoperabilidade envolva o compartilhamento de informações, isso não significa que a segurança dos dados deva ser comprometida. Os sistemas interoperáveis podem ser projetados para seguir rigorosas políticas de privacidade e segurança, como as diretrizes da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), garantindo que os dados sensíveis dos pacientes estejam protegidos em todas as fases de transferência. 

 

Inovação e novas tecnologias

A interoperabilidade abre as portas para a adoção de novas tecnologias, como a inteligência artificial e os aplicativos de saúde, que podem integrar dados de diversas fontes e gerar dados importantes para o tratamento de doenças complexas, como hipertensão e diabetes, um exemplo dado por Jacson em sua entrevista. 

 

Melhoria na eficiência operacional

O compartilhamento eficaz de dados também melhora os fluxos de trabalho internos nos hospitais e clínicas, reduzindo a necessidade de inserção manual de dados e diminuindo os erros administrativos. Com informações fluindo entre departamentos, os profissionais podem gastar menos tempo com tarefas burocráticas e mais tempo focados no cuidado ao paciente.

 

Desafios na implementação da interoperabilidade

A implementação da interoperabilidade no sistema de saúde enfrenta desafios tecnológicos, culturais, legais e financeiros. A falta de padrões comuns entre sistemas legados e questões relacionadas à segurança e privacidade dos dados são grandes obstáculos.

Além disso, a resistência de profissionais da saúde e a falta de treinamento adequado dificultam a integração de novas tecnologias, enquanto a conformidade com leis de proteção de dados, como a LGPD, cria restrições no compartilhamento de informações. O alto custo e a falta de incentivos financeiros também representam barreiras importantes.

Jacson destaca que a infraestrutura tecnológica insuficiente e a resistência cultural nas instituições de saúde são os maiores desafios para a adoção da interoperabilidade. Ele enfatiza que, além de superar as barreiras tecnológicas, é fundamental mudar a mentalidade dos profissionais e gestores, garantindo o engajamento de todos os envolvidos para alcançar uma verdadeira integração no setor.

 

Perspectivas futuras e iniciativas globais e regionais

As perspectivas futuras para a interoperabilidade no sistema de saúde estão centradas na colaboração global e regional para criar padrões universais e promover a adoção de tecnologias mais avançadas. Organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), estão trabalhando para desenvolver frameworks e diretrizes que possam ser adotadas por países de diferentes regiões. 

Além disso, iniciativas regionais têm focado em promover a troca de informações de saúde entre países vizinhos, considerando as especificidades de cada sistema de saúde local. A evolução das tecnologias, como inteligência artificial e blockchain, também promete acelerar essa transformação, oferecendo novas soluções para a integração de sistemas e a segurança dos dados.

No Brasil, o governo e entidades de saúde têm incentivado projetos de interoperabilidade com o objetivo de modernizar e integrar os sistemas de saúde pública e privada. Jacson menciona que essas iniciativas regionais são cruciais para enfrentar as barreiras de infraestrutura, pois promovem o compartilhamento de melhores práticas e tecnologias, permitindo avanços mais rápidos no processo de integração. Ele vê com otimismo a tendência de maior colaboração entre os países da América Latina, que compartilham desafios e podem se beneficiar mutuamente de soluções e experiências semelhantes.

Para entender mais sobre os detalhes desses desafios e as perspectivas futuras, convidamos você a conferir a entrevista completa com Jacson Barros, disponível em nosso canal. Não perca a oportunidade de aprofundar seu conhecimento sobre esse tema vital para a saúde digital. Assista ou escute agora e descubra como a interoperabilidade pode moldar o futuro do cuidado ao paciente e da gestão da saúde! 

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