Como o prontuário eletrônico do SUS auxilia na gestão de UBSs

Ao organizar as informações referentes aos cidadãos atendidos, tecnologia ajuda na implantação e execução de metodologia brasileira baseada em diretrizes clínicas

Como o prontuário eletrônico do SUS auxilia na gestão de UBSs

O Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), conhecido como prontuário eletrônico do SUS (Sistema Único de Saúde), tornou-se obrigatório nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de todo o País em 2017. Além de digitalizar as informações do paciente e facilitar a transmissão dos dados para o governo federal, a ferramenta tem potencial para otimizar a gestão de saúde pública.

Utilizar um sistema de informações por módulos, como no PEC, tem tudo a ver com a metodologia brasileira de gestão da clínica, criada pelo autor Eugênio Vilaça em 2001, em seu livro "Os grandes Dilemas do SUS". O modelo consiste na aplicação de tecnologias de microgestão nos serviços de saúde para assegurar padrões clínicos ótimos, aumentar a eficiência, diminuir os riscos para os usuários e para os profissionais, prestar serviços efetivos e melhorar a qualidade da atenção à saúde.

Isso é feito com base nas diretrizes clínicas, criadas a partir das tecnologias sanitárias que partem das tecnologias-mãe. Ao criar e implantar essas diretrizes, é possível desenvolver tecnologias de gestão da condição de saúde, de gestão de caso, de auditoria clínica e de listas de espera.

A organização e facilidade de acesso às informações proporcionada pelo PEC auxiliam na execução da metodologia no cotidiano das unidades de saúde. Isso porque, com os dados em registros informatizados de cada cidadão atendido, é mais fácil criar as diretrizes clínicas que transformarão as bases de apoio do diagnóstico, passando da decisão baseada em recursos e opiniões para a decisão baseada em evidências. Afinal, não é necessário olhar cada prontuário de papel, mas sim uma tela de computador que abriga tudo o que é necessário saber, ao alcance de um clique.

Conheça o passo a passo para elaboração das diretrizes clínicas da unidade de saúde:

  • Escolha da condição ou patologia;
  • Definição do grupo-tarefa;
  • Análise situacional da condição ou patologia;
  • Busca das evidências e de experiências relevantes;
  • Estratificação dos riscos;
  • Validação da diretriz;
  • Avaliação da diretriz;
  • Publicação da diretriz;
  • Revisão da diretriz.

Um exemplo de uso da metodologia aliada à tecnologia é a criação de uma diretriz de atendimento ao cidadão com diabetes. Por meio do PEC, é possível acompanhar os indivíduos que fazem parte do grupo de risco para a doença, monitorando suas condições clínicas a fim de evitar complicações como internações e cirurgias. Na ponta do lápis, isso gera economia, já que esses atendimentos têm custo mais elevado.

Outra possibilidade de uso do modelo aliado ao PEC é na gestão da lista de espera para exames e procedimentos. A tecnologia cria normas para o uso de serviços em determinados pontos de atenção à saúde, estabelecendo critérios de ordenamento por risco e promovendo a transparência. Assim, aquele que mais precisa é quem primeiro tem acesso ao serviço, garantindo o cumprimento dos direitos do cidadão.

 

PEP

O PEC foi criado como ferramenta que possibilita auxílio aos gestores públicos para lidar com os desafios cotidianos da gestão em Saúde. Porém, difere do conceito real de um prontuário eletrônico, já que corresponde somente ao lançamento de dados dos atendimentos. Com a opção pelo Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), a gestão da unidade de Saúde vê ampliadas as possibilidades de implantação da metodologia de gestão da clínica.

Isso porque o PEP contempla um conjunto de ações clínicas e gerenciais, ou seja, tudo o que os profissionais de saúde agregam ao prontuário de papel, podem fazer na versão eletrônica. Na ferramenta do Ministério da Saúde, o médico não consegue, por exemplo, fazer a contrarreferência dos pacientes da atenção especializada, fazer a classificação de risco dos atendimentos, visualizar resultado de exames e procedimentos, entre outras funcionalidades.

O PEP facilita o acesso a dados para o diagnóstico. Com a ferramenta, há também a integração dos serviços públicos e assistenciais com o faturamento da instituição de saúde, facilitando o trabalho do gestor. A ferramenta consegue, ainda, garantir a segurança do profissional no atendimento ao paciente, já que dá acesso a dados do histórico de outras consultas e procedimentos.

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