Como as tecnologias ajudam na acreditação hospitalar
ERP, prontuário eletrônico do paciente e ferramentas de Business Intelligence exigem preparo administrativo, facilitam gestão e auxiliam na segurança do paciente
A obtenção de um selo de acreditação hospitalar é um dos principais marcos da gestão em saúde, principalmente para entidades de pequeno e médio portes. Por comprovar conformidade às melhores práticas gerenciais e de atendimento ao paciente, a chancela coloca a organização em um patamar elevado, destacando-a frente aos concorrentes.
De forma geral, a acreditação hospitalar é um conjunto de melhores práticas que categorizará entidades nos critérios de gestão e segurança do paciente. Para obter o selo, a entidade deve concordar com a Norma de Acreditação, conferida por meio de auditorias. O setor de saúde conta com distintos tipos de acreditação hospitalar, tanto de padrão nacional quanto internacional. Dentre as principais estão a da Organização Nacional de Acreditação (ONA), Accreditation Canada, Acreditação Nacional Integrada para Organizações de Saúde (Niaho) e Joint Comission International (JCI).
A ONA, por exemplo, é uma das entidades certificadoras de padrão de qualidade e segurança do paciente mais importantes do Brasil. Ela divide o processo de acreditação hospitalar em três níveis:
- Nível 1 - Acreditado: A base do processo de acreditação atesta que a entidade de saúde atende ao princípio de segurança do paciente em todas as áreas e atividades;
- Nível 2 - Acreditado Pleno: O nível intermediário do processo garante que a instituição, além de atender ao princípio de segurança em todos os seus processos, apresenta gestão integrada. Isso significa que os processos ocorrem de maneira fluida e há plena interação entre as atividades;
- Nível 3 – Acreditado com Excelência: Topo do processo, atinge o Nível 3 a entidade que, além de abranger os requisitos presentes nas etapas um e dois, possui cultura organizacional voltada à melhoria contínua dos processos. Isso significa se basear em indicadores de acompanhamento, para identificar pontos de atenção e melhoria, por meio de autoavaliação constante.
ERP para revisão gerencial completa
Além de práticas que garantam a segurança do paciente, um dos principais itens avaliados no processo é a organização das informações e o fluxo interno dos dados — função primordial das soluções de gestão, como os softwares de Enterprise Resource Planning (ERP). Criado na década de 1980 para integrar dados e processos de diversos departamentos de todos os tipos de empresa, automatizando e armazenando as informações de negócios, os ERPs evoluíram para endereçar necessidades específicas, conforme o setor no qual cada companhia atua. Em saúde, atende requisitos clínicos, como coletar e gerenciar dados do paciente e apoiar a decisão médica.
Antes de se integrar uma solução de gestão hospitalar, é preciso haver uma revisão da estrutura organizacional. O ERP é uma solução modular, ou seja, pode ser adotado em etapas, estruturando as informações de um departamento por vez. Quando o gestor opta por introduzi-lo em todo o ambiente hospitalar, a cultura de informações descentralizadas, ausência de indicadores confiáveis e de fácil acesso e dados perdidos chega ao fim.
Sua implantação exige elevados níveis de maturidade gerencial, culminando em um efeito cascata entre todos os departamentos e chegando, inclusive, ao ponto de atendimento. Com os processos entrando em um fluxo de trabalho unificado, as informações ficam centralizadas e ganham confiabilidade.
Prontuário Eletrônico do Paciente no cuidado à vida
Outra solução que favorece o processo de acreditação é o Prontuário Eletrônico do Paciente. Apesar de a tecnologia não ser mandatória para obtenção da acreditação hospitalar — sendo premissa somente para entidades que queiram ser classificadas no conceito de Hospital Digital, segundo as regras da HIMSS — ela sistematiza processos de atendimento ao paciente, garante a centralização de informações, tem registros sobre alergias e demais históricos do indivíduo, apresenta prováveis efeitos adversos de interações medicamentosas e sugere, ainda, protocolos e demais ferramentas de apoio à decisão clínica. Esse combinado de funcionalidades promove mais segurança ao paciente — este, sim, fator crucial para o processo de acreditação hospitalar.
Business Intelligence para gestão por indicadores
O Business Intelligence nasceu para cruzar dados estruturados e apresentá-los, visualmente, a gestores. Com a ferramenta, é possível criar os mais diversos indicadores e fazer cruzamentos de informações que garantam a identificação de padrões, facilitem a identificação de problemas e melhorem a gestão da equipe. Sua principal característica é a mineração rápida e facilitada desses dados, para apoiar as decisões gerenciais de forma tempestiva e assertiva.
Por trazerem protocolos e exigirem uma mudança de cultura organizacional quando implantadas, as soluções de tecnologia da informação podem ser facilitadoras do processo de maturidade da gestão hospitalar, rumo aos níveis de excelência exigidos pelas entidades acreditadoras nacionais e internacionais.