4 maneiras pelas quais o prontuário eletrônico pode humanizar o atendimento
A discussão sobre o atendimento humanizado ganha importância à medida que cresce a preocupação na comunidade médica em relação à implementação dos recursos tecnológicos tanto no sistema de saúde público como no privado, sem perder o foco de que o objetivo máximo de tais investimentos é o aprimoramento na qualidade do relacionamento humano no interior dessas instituições.
Segundo o professor e pesquisador João Catarin Mezomo, a humanização no atendimento hospitalar engloba: “
Tudo quanto seja necessário para tornar a instituição adequada à pessoa humana e à salvaguarda de seus direitos fundamentais. Hospital humanizado, portanto, é aquele que em sua estrutura física, tecnológica, humana e administrativa valoriza e respeita a pessoa, colocando-se a seu serviço e garantindo-lhe um atendimento de elevada qualidade”. E isso se aplica tanto aos serviços diagnósticos e ao ambiente hospitalar como aos consultórios.
A valorização do ser humano na assistência à saúde tem no Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) um de seus mais relevantes aliados. Exatamente por isso resolvemos apresentar, nos tópicos a seguir, maneiras pelas quais o prontuário eletrônico pode humanizar o atendimento na área hospitalar, ambulatorial ou de medicina diagnóstica. Acompanhe:
Rapidez no atendimento
Para consolidarem um diagnóstico com poucas chances de erros, os profissionais da área médica precisam de informações rápidas, completas e abrangentes. Aí simplesmente não há comparação. Com o prontuário em papel, gasta-se um imenso tempo preenchendo fichas, receituários, registros de anamneses e assim por diante, tudo manual e separadamente. Isso, por si só, já impõe um acréscimo desnecessário no tempo total de atendimento do paciente.
Além disso, o procedimento manual gera uma montanha de registros, que são difíceis de serem buscados quando se quer encontrar uma informação específica (no caso de retorno, por exemplo). Afinal de contas, papéis são facilmente extraviados ou danificados. Isso sem considerar a grande chance de se deparar com a ilegibilidade das anotações.
Já com o prontuário eletrônico, torna-se possível organizar um completo histórico digitalizado do estado de saúde do paciente, que pode inclusive ser acessado pelo profissional autorizado mesmo fora da instituição, via tablet, smartphone ou algum outro dispositivo afim. Pode-se fazer buscas por palavras-chave, contar com sistemas de backups de informações (o que evita extravios) e não é preciso lidar com o fantasma da ilegibilidade. Toda essa nova dinâmica reduz as filas de espera e torna a abordagem mais direta, assertiva e, principalmente, rápida.
Redução de erros médicos
Na prática, um simples equívoco na interpretação de uma patologia pode levar à perda de uma vida. Diante desse nível de responsabilidade, quanto mais informações estiverem à disposição dos profissionais de saúde, menores serão as chances de ocorrência de erros médicos. Além disso, vale lembrar que a própria dificuldade em compreender o conteúdo de prescrições e relatórios médicos manuais é responsável por muitos erros de medicação ou tratamento. Com o prontuário eletrônico, todos esses empecilhos ficam no passado.
Além disso, o prontuário eletrônico oferece a possibilidade de uso de alertas aos profissionais, indicando, por exemplo, alergias e interações medicamentosas. Saem as simples observações nas fichas dos pacientes ou a dependência apenas da memória dos médicos e enfermeiras para entrarem registros completos dos dados clínicos dos pacientes, que interagem com os profissionais de saúde por meio de alertas. Evita-se, assim, erros na administração de fármacos, consequentemente reduzindo também erros médicos.
Personalização do atendimento
Somente com um sistema que agilize o acesso à informação é que se torna possível personalizar o atendimento. O Hospital Unimed de Bauru, em São Paulo, sabe bem disso. A instituição substituiu seu antigo sistema de gestão pelo SOUL MV. Além disso, incorporou à sua estrutura um software de prontuário eletrônico para facilitar o fluxo de dados operacionais entre setores envolvidos nos processos hospitalares. Um dos principais objetivos era conseguir oferecer um atendimento mais próximo do paciente, algo que só poderia ser atingido com uma gestão de dados eficiente.
Com a implementação da solução, os profissionais de saúde foram municiados de um conjunto de dados mais robustos sobre as condições clínicas de cada paciente, o que permitiu à equipe médica fazer um acompanhamento mais profundo e embasado. Isso porque o sistema forma um verdadeiro mapa global da saúde de cada paciente, dados que podem ser acessados remotamente ou, claro, na instituição.
Além disso, o enxugamento de procedimentos burocráticos (como a busca manual por fichas e o tempo gasto com redação de prescrições, que podem ser elaboradas pela transcrição por comando voz com o PEP, eliminando o tempo com a redação manual) resultou em maior disponibilidade dos profissionais para estarem ao lado de seus pacientes.
Segurança dos dados
Na época do surgimento do PEP, muito se discutiu sobre a confidencialidade dos dados médicos armazenados. No entanto, o tempo mostrou que o prontuário eletrônico traz muito mais proteção aos pacientes, já que o software é formado por uma série de ferramentas que evitam que terceiros tenham acesso a CID, relatórios, prescrições e assim por diante.
É preciso deixar claro que os dados dos pacientes são armazenados em nuvem privada, o que garante que poderão ser acessados de qualquer local, se houver algum aparelho com acesso à internet. Entretanto, o acesso ao sistema se dá por meio de login e senha, restringindo a visualização das informações apenas a usuários devidamente autorizados. Chaves criptográficas, backups e autenticação de dois fatores (envio de senha numérica por SMS para confirmar acesso) são apenas algumas das ferramentas auxiliares que compõem o PEP, garantindo tranquilidade aos pacientes quanto à proteção de suas informações de saúde.
Quer um exemplo claro do efeito que a saúde digital traz à dinâmica de uma instituição? O Centro de Estudo e Pesquisa da Visão (Hoftalon), hospital especializado de Londrina, no Paraná, pode fornecer um aprendizado interessante. A instituição possuía dificuldades crônicas para organizar o fluxo de atendimentos (só para fazer o cadastro, perdia-se, em média, 5 minutos). Filas quilométricas marcavam a rotina do hospital que, em decorrência desses obstáculos, decidiu investir nos recursos de TI em saúde para melhorar sua inteligência operacional, aproveitar melhor equipamentos e salas ociosas, acelerar o atendimento, reduzir custos e melhorar a qualidade dos serviços prestados.
A solução foi implementar um conjunto de sistemas de gestão em saúde, iniciando pelo Prontuário Eletrônico do Paciente, em 2013. Em poucos meses, a diferença foi claramente percebida por pacientes, dirigentes e profissionais de saúde: o tempo de espera e de atendimento foi reduzido drasticamente.
A consulta, que antes durava 25 minutos, passou a durar 15. E o cadastro, que levava 5 minutos, passou a ser realizado em apenas 40 segundos. Esse é um exemplo clássico dos benefícios da inteligência operacional trazidos a uma instituição por força dos sistemas de gestão em saúde.