TI Estratégica #1: Jacson Barros, do HC, destaca papel da tecnologia na Saúde

Para o CIO, departamento é essencial e auxilia gestores a aprimorar ou trazer mais eficiência a processos hospitalares que já existem, o que requer equipe dinâmica e alinhada com as estratégias da organização de Saúde

TI Estratégica #1: Jacson Barros, do HC, destaca papel da tecnologia na Saúde

A tecnologia na saúde assume, cada dia mais, papel de destaque na estratégia das organizações. Para abordar esse movimento, a MV preparou conteúdos que trazem a experiência de grandes executivos do setor sobre a tecnologia da informação (TI) estratégica.

Esse primeiro especial sobre o tema traz a experiência de Jacson Barros, CIO do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) desde 2011. Ao assumir o cargo, Barros tinha como meta transformar o HC em referência nacional e internacional na área de tecnologia da informação em Saúde. Em 2017, seis anos depois, quase 80% dos leitos da instituição são gerenciados por sistemas digitais, além de todo o processo de logística e suprimentos. O hospital conta com base de dados de mais de 8 milhões de cidadãos, possibilitando que a tecnologia na Saúde seja utilizada pelos gestores para tomada de decisões.

Barros acredita que não se pode mais escapar do fato de que a área de TI deve ser estratégica nos hospitais.

“As decisões baseadas em dados estão cada dia mais presentes nos diversos setores da economia. Diariamente surgem ferramentas de exploração de dados, que vão ao encontro das expectativas dos usuários corporativos, que querem reduzir a complexidade de acesso às informações. A preparação de dados de autoatendimento está se tornando essencial, principalmente no setor de saúde. Aliado a isso, percebemos que os dados não se concentram mais em um único lugar: eles não têm fronteiras. Por esse motivo, a equipe de TI deve mudar o conceito de um repositório único de dados para o conceito de movimentação de dados, avalia.

Na percepção do especialista, a área de TI passa nos últimos anos por mudanças desafiadoras.

“O setor é essencial no hospital. Temos que cuidar da sustentação, mas também pensar em como aprimorar ou ser mais eficiente em processos hospitalares que já existem. Isso requer uma equipe dinâmica”, comenta. A realidade, porém, ainda não é ideal.

“Muitas organizações não reconhecem a TI como estratégica, mas sim como um departamento operacional e com limitação de recursos.”

Barros acredita que as empresas que buscam diferenciais competitivos precisam inserir o CIO em uma posição relevante no grupo de tomada de decisão — e isso inclui as organizações de saúde.

“Por característica e formação, o CIO possui uma visão de 360 graus e pode contribuir muito para auxiliar os demais gestores e acionistas na definição e execução de estratégias.”

 

Na prática

O processo de proporcionar à TI papel estratégico na gestão do HC iniciou-se em 2013, quando foi implantado projeto de transformação digital. Além do uso de sistemas informatizados, foi criada uma plataforma de identificação única do usuário, compartilhada por todos os sistemas da casa, o que trouxe mais segurança na gestão de identidade, segundo o CIO.

“Nos últimos anos criamos vários módulos de apoio juntamente com os profissionais da assistência a fim de melhorar os processos, integrando esses módulos diretamente com o sistema de gestão hospitalar, destaca.

O resultado de tudo isso foi que, no início de 2017, o HC passou a utilizar os dados gerados por seus sistemas informatizados para a tomada de decisão. A superintendência do hospital criou uma diretoria focada na gestão da informação, o Núcleo de Informações Corporativas, coordenado por Barros. Esse núcleo passou a ser o responsável por definir padrões e critérios de coleta e uso eletrônico da informação. Entre os objetivos está a disponibilidade de informações de forma automatizada e amigável para auxiliar na construção de sistemas de apoio à decisão.

O CIO destaca que hoje o HC conta com banco de dados de mais de 8 milhões de cidadãos.

“Não tenho dúvidas de que, ao aliar essa massa de dados com as novas tecnologias e a inteligência do negócio, estaremos proporcionando aos gestores do hospital uma grande ferramenta para auxiliar no principal desafio de todo hospital: atender muito mais e melhor, com os recursos que já existem.”

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