O que não pode faltar no Hospital Digital

Os 8 estágios da HIMSS podem ser resumidos em cinco abordagens tecnológicas, dentre elas, a utilização completa de soluções, como ERP, PEP e PACS

O que não pode faltar no Hospital Digital

O Hospital Digital, que representa a digitalização de processos gerenciais e de atendimento visando melhorar o desempenho da gestão e promover maior segurança do paciente, aos poucos, deixa para trás o aspecto de tendência e ganha espaço prático nas entidades brasileiras. Segundo especialistas, é um movimento generalizado, que deverá abranger todas as organizações que queiram continuar competitivas e ativas.

"É uma transformação sem volta: é preciso se adequar à tecnologia. O hospital analógico vai virar peça de museu em pouco tempo”, explica Marcelo Lúcio da Silva, diretor-executivo da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (Sbis).

“Da mesma forma que não vamos mais ao banco realizar pagamentos porque o internet banking se tornou parte do cotidiano, o Hospital Digital não será mais notado: a falta de informatização é que será vista com estranheza", adiciona.

Apesar de não haver um conceito fechado sobre o assunto, as definições apresentadas pela Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS — Sociedade de Informação em Saúde e Sistemas de Gestão) são, hoje, referência no assunto. A entidade lista 8 estágios que indicam a evolução do processo:

 

Os 8 estágios da HIMSS

Estágio 0

Os três sistemas clínico-departamentais (LIS — laboratório, RIS — radiologia e PHIS — farmácia) não instalados ou não integrados e sem nenhuma disponibilização online de informações.

 

Estágio 1

Sistemas para Laboratório, Radiologia e Farmácia instalados e integrados; ou resultados de exames disponibilizados on-line a partir de prestadores de serviços externos.

 

Estágio 2

Repositório de dados clínicos (CDR) instalado e centralizado. Pode ter um Vocabulário Médico Controlado (CMV), um sistema de apoio à decisão clínica para checagem básica de interações e capacidade de intercâmbio de informação clínico-assistencial.

 

Estágio 3

Documentação de enfermagem no prontuário eletrônico do paciente (PEP), inclusive com a checagem de enfermagem registrada no sistema. Sistema de apoio à decisão clínica (CDSS) para verificação de erros durante a prescrição e solicitação de exames. Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens (Picture Archiving and Communication System - PACS) disponível fora da Radiologia.

 

Estágio 4

Sistema de prescrição e solicitação de exames e procedimentos (CPOE) instalado em pelo menos uma área assistencial. Sistema de apoio à decisão clínica baseado em protocolos clínicos.

 

Estágio 5

PACS com as principais modalidades de diagnósticos, com possibilidade de eliminação do filme (filmless).

 

Estágio 6

Circuito fechado da administração de medicamentos, inclusive com checagem à beira leito. Interação da documentação médica com sistemas de apoio à decisão clínica (modelos estruturados e alertas de variância e conformidade).

 

Estágio 7

PEP completo em pleno uso por todos os setores do hospital. Integração para compartilhar informações clínicas. Depósito de dados digitais (Data Warehousing) alimentando relatório com resultados clínico-assistenciais, qualidade e Business Intelligence (BI). Dados clínicos disponíveis entre todos os setores: emergência, internação, UTI, ambulatório e centro cirúrgico.

Os 8 estágios da HIMMS podem ser resumidos em cinco abordagens tecnológicas que a entidade deve possuir para chegar ao nível de Hospital Digital:

  • Digitalização das informações: Tanto do paciente, como da administração do hospital;
  • Sistemas de apoio à decisão clínica: Para verificação de erros durante a prescrição e pedidos de exames, circuito fechado de administração de medicação, além de protocolos clínicos como base das ações;
  • Capacidade de intercâmbio de informação e relatórios complexos: Contendo resultados clínico-assistenciais;
  • Utilização completa e plena de soluções de gestão hospitalar: Enterprise Resource Planning (ERP), Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) e Sistema de Comunicação e Arquivamento de Imagens (PACS);
  • Integração: Máxima em todos os departamentos do hospital.

Mas é importante lembrar que o conceito de Hospital Digital vai além da tecnologia, representando uma mudança na forma como a entidade todo se posiciona e pensa o atendimento ao paciente. Para isso, segundo Silva, da Sbis: é preciso haver sinergia entre o corpo clínico e administrativo.

“Esses profissionais devem se sentir confortavelmente incorporados a essa nova atmosfera, entender as vantagens e benefícios práticos das implantações tecnológicas, tornando-se — especialmente os médicos — evangelizadores do Hospital Digital”, expõe.

 

O futuro do Hospital Digital

Ainda, segundo Claudio Giulliano — médico com mestrado em informática em saúde pela Universidade de Campinas (Unicamp), com certificação em gestão de sistemas de informação em saúde pela HIMSS e sócio da Folks —, o conceito é o ponto de partida da implementação tecnológica no âmbito hospitalar, não o de chegada.

 “Ainda não atingimos a plenitude do Hospital Digital, mas já temos utensílios e técnicas surgindo ou passando por processo de modernização e aprimoramento”, afirma. Dentre essas, adiciona, estão Internet das Coisas (IoT), telemedicina, wearable devices, Big Data/Analytics e, como consequência de tanta informação registrada, parametrizada e individualizada, a medicina personalizada.

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